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4.3. TIPO DE ESTUDO 

4.6.1. Formato inicial da entrevista 

Com  base  nas  questões  de  investigação  e  nos  contributos  teóricos,  definiu‐se  um  conjunto  de  questões  principais  que  serviram  de  base  à  construção  do  guião  das  entrevistas individuais: 

• O que pensa da rentabilização de recursos das Universidades para fins turísticos?  • Que  razões  levaram  as  Universidades  a  rentabilizar  os  seus  recursos  para  fins 

turísticos? 

• Que  recursos  é  que  as  Universidades  possuem  e  que  são  susceptíveis  de  ser  rentabilizados para fins turísticos? [Apresentar documento com todos os recursos  que a Universidade possui] 

• Que estratégias de gestão devem ser concebidas para a rentabilização de recursos  das Universidades para fins turísticos? 

De  forma  a  consolidar  esta  primeira  versão  do  guião,  foi  pertinente  discutir  o  seu  conteúdo  junto  de  um  grupo  de  participantes  semelhantes  aos  do  universo  em  estudo,  através do método de grupo de discussão (ou “focus group”). 

76 4.6.2. Grupo de discussão 

O grupo de discussão é um instrumento associado a estudos exploratórios, que além de  fornecer  importantes  antecedentes  sobre  o  conhecimento  em  áreas  desconhecidas,  é  recomendado como auxiliar no desenvolvimento de guiões de entrevistas.  

 

O objectivo do grupo de discussão era validar o conteúdo do guião da entrevista e a sua  estruturação, os conceitos utilizados e conferir eventuais dificuldades. Desta forma, seria  possível  perceber  os  constrangimentos  e  as  dificuldades  do  próprio  investigador  e  dos  participantes face a uma temática tão pouco discutida. A condução propriamente dita da  entrevista seria testada posteriormente, durante o pré‐teste.    Foram reunidos três participantes tendo em conta a sua experiência profissional ao nível  do ensino superior, onde exercem funções académicas e/ou de gestão. Visto tratar‐se de  uma temática complexa e recente foi pertinente a reunião de um grupo com um número  reduzido  de  participantes,  para  que  todos  pudessem,  de  forma  equilibrada,  exprimir  as  suas  opiniões.  O  que  interessava  não  era  uma  grande  quantidade  de  informação,  mas  alguma especificidade e pormenor na informação debatida. Além disso, como se tratava  de discutir um documento específico – o guião da entrevista – não seria fácil mediar um  grande número de pessoas. 

 

O grupo reuniu em Maio de 2006 e da discussão resultou a seguinte síntese de sugestões: 

1) Construir  um  documento,  a  apresentar  aos  participantes  na  altura  em  que  fosse  colocada  a  primeira  pergunta,  onde  estivessem  descritos  os  casos  práticos  identificados  na  literatura  revista,  sobre  a  «rentabilização  de  recursos  das  Universidades  para  fins  turísticos».  Seria  uma  forma  de  auxiliar  a  caracterização  do fenómeno e de transmitirem o que pensam sobre o mesmo. Se os participantes  mostrassem  desconhecimento,  dificuldade  ou  qualquer  tipo  de  constrangimento  em  descrever  um  exemplo  de  rentabilização  de  recursos  das  Universidades  para 

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fins turísticos, ser‐lhes‐ia apresentado o referido documento e solicitado que fosse  comentada a aplicabilidade de cada um dos casos ao contexto português. 

2) Apresentar  oralmente,  quatro  razões  emanadas  da  literatura  como  as  que  estiveram  na  origem  e  consolidação  do  fenómeno  da  rentabilização  de  recursos  das Universidades para fins turísticos para serem classificadas de acordo com uma  escala intervalar de 1 a 4 (1 – não concordo, 2 – concordo pouco, 3 – concordo, 4  – concordo muito). Esta estratégia desbloquearia eventuais desconhecimentos.  3) Retirar o documento que descreve todos os recursos disponíveis em cada uma das 

Universidades  em  estudo,  no  âmbito  da  terceira  pergunta.  Em  primeiro  lugar,  porque não se obteve uma discriminação completa de todos os recursos para duas  Universidades, e depois porque se tornaria muito fastidioso para os entrevistados  responder sim ou não (se são susceptíveis ou não de ser rentabilizados) a cada um  dos recursos (na ordem das dezenas).  

4) Construir  uma  série  de  subperguntas  de  apoio,  dentro  de  cada  uma  das  quatro  perguntas principais, como forma de auxiliar o enriquecimento das respostas.  5) Solicitar  os  dados  demográficos  apenas  no  final  como  forma  de  não  inibir  os 

participantes com a cedência de informações pessoais, logo à partida.  

As  propostas  1)  e  2)  evidenciam‐se  como  estímulos  externos,  baseados  na  própria  literatura, para gerar, junto dos gestores, um trabalho reflexivo. Desta forma evitar‐se‐ia  que  os  participantes  se  refugiassem  no  conhecimento  de  causa  apenas  da  própria  Universidade  e  emitissem  a  sua  opinião  sobre  outras  Universidades.  A  sua  inserção  permitiria assim, «colocar as perguntas às quais o entrevistado não chega por si próprio  no momento mais apropriado e de forma tão natural quanto possível» (Quivy, 1998: 193).   

Permitindo que se criasse um espaço de debate em torno de um assunto comum a todos  os intervenientes, o grupo de discussão não só contribuiu para a validação do conteúdo  do  guião  da  entrevista,  como  também  permitiu  que  os  participantes  reconstruíssem  os  seus posicionamentos em termos de representação e de actuação futura. 

78 4.6.3. Pré‐teste da entrevista  

Para  a  assumpção  da  razoabilidade  das  perguntas  e  da  sua  ordenação,  assim  como  da  adequabilidade  das  respostas  aos  objectivos  delineados,  foi  realizado  um  pré‐teste  da  entrevista a um gestor e ex‐gestor de instituições do ensino superior.  

 

Testou‐se não só o conteúdo das próprias perguntas, como se experimentou a forma de  conduzir a entrevista: 

• Os  entrevistados  compreenderam  as  perguntas  colocadas  sem  necessidade  de  serem reformuladas uma segunda vez noutros termos, algo que se receava dadas  as resistências em aceitarem ser entrevistados sobre o tema em estudo. 

• Experimentou‐se  e  antecipou‐se  a  possibilidade  de  surgirem  sentimentos  de  recusa  ou  desconhecimento,  por  parte  dos  participantes,  para  falarem  abertamente sobre o tema em estudo. 

• Foram  validadas  as  perguntas  através  de  critérios  de  aprofundamento  e  reorientação.  

• Foi  estabelecida  uma  média  do  tempo  de  duração  da  entrevista  –  cerca  de  45  minutos. 

 

No final, não foram efectuadas alterações na estrutura básica do instrumento de recolha  de dados em relação ao proposto no grupo de discussão.