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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS

6 CONCLUSÕES 195 1 Contribuições da Pesquisa

1.3 Formulação do Problema da Pesquisa

Sendo a abordagem de estágios a mais popular ferramenta para o ensino sobre o desenvolvimento nos diversos aspectos do estudo da organização, diversas áreas ou processos já possuem seu desenvolvimento bem definido (O'FARRELL; HITCHINS, 1988; BHIDE, 2000; SCHOONHOVEN; ROMANELLI, 2001; GREVE, 2008; VAN DE VEN; POOLE, 19953 apud LEVIE; LICHTENSTEIN, 2010). Entretanto, a gestão do conhecimento

é um processo gerencial em formação, e por isso, ainda não tem seus estágios organizacionais consolidados como outras áreas e processos da organização.

Alguns modelos têm sido propostos por pesquisadores e empresas, no entanto, nenhum modelo teve sua metodologia totalmente aceita (KULKARNI; ST LOUIS, 2003; SAJEVA; JUCEVICIUS, 2012); e muitas questões sobre a maturidade da gestão do conhecimento ainda não foram resolvidas (KHATIBIAN; HASAN; JAFARI, 2010; SAJEVA; JUCEVICIUS, 2012). Em parte, isso se deve a existência de uma lacuna nas pesquisas científicas quanto à avaliação da gestão do conhecimento em termos de processo e de resultados (OLIVEIRA, et al., 2011).

O que se encontra em relação aos modelos de maturidade da gestão do conhecimento são propostas iniciais, mas ainda não consolidadas na literatura, ao contrário de

3VAN DE VEN, A.H.; POOLE, M.S. (1995) Explaining development and change in organizations. Academy of

outras áreas ou processos de gestão já razoavelmente estruturados (produção, logística, recursos humanos, produto, projeto, dentre outras).

Several models...provide a set of underpinning assumptions about organizations, but also, a lack of integration across studies and conflicting conceptualizations. Furthermore, they indicate a body of literature that was, in its infancy, largely conceptual and descriptive (PHELPS; ADAM; BESSANT, 2007, p.4).4

As propostas existentes partem de revisões parciais e possuem diversas lacunas:

Parte das propostas de maturidade da gestão do conhecimento se baseia no

capability maturity model, um modelo de maturidade de desenvolvimento de software. Os modelos de maturidade da gestão do conhecimento que se

baseiam no capability maturity model possuem uma visão que limita a organização como máquina processadora de informação, desconsiderando as especificidades inerentes às pessoas, ao conhecimento e à aprendizagem (LEE; KIM, 2001; KRUGER;SNYMAN, 2005; GOTTSCHALK; HOLGERSSON, 2006). “They expend too much effort in trying to address technological concerns, or are too vague and offer little in the way of practical assistance or not enough emphasis in placed upon culture and other management issues” (KRUGER;SNYMAN, 2005, p.1);5

 Outra parte dos modelos são influenciados pelo ciclo de vida organizacional. Estes, apresentam uma perspectiva de desenvolvimento linear, sequencial e invariante. Pressupostos criticados por serem características que podem definir relativamente bem algo como o desenvolvimento de um produto, mas não uma construção social como é o caso de uma organização (LEE; KIM, 2001; PHELPS; ADAM; BESSANT, 2007). As teorias organizacionais inspiradas nas analogias biológicas, como a teoria do ciclo de vida, apesar de fornecerem informações valiosas sobre a natureza da organização, são demasiadamente “brutas” para capturar os meandros da organização interna e a relação desta com a gestão do conhecimento, deixando

4 Diversos modelos…fornecem um conjunto de premissas básicas sobre as organizações, mas também uma

ausência de integração entre os estudos e as concepções conflitantes. Além disso, eles mencionam uma vasta literatura que era, em princípio, em grande parte conceitual e descritiva.

5 Eles dedicam muito esforço em tentar abordar questões tecnológicas, ou são muito vagos e fornecem pouco em

“escapar” alguns aspectos específicos da natureza organizacional (HEDLUND, 1994). Soma-se a esta crítica, o fato de alguns autores afirmarem a tentativa frustrada em comprovar a progressão temporal dos estágios através de pesquisas empíricas (MILLER; FRIESEN, 1984; LEE; KIM, 2001; PHELPS; ADAM; BESSANT, 2007; GÁAL et al., 2008). O mesmo ocorre com o número de fases, não há ainda um consenso quanto a este número (PHELPS; ADAMS; BESSANT; 2007);

Abordagens influenciadas pelo estudo clássico de Greiner (1998) apresentam teorias orientadas à busca por um crescimento - em tamanho - permanente da organização, sendo que nem todas compartilham desse interesse. Alguns autores argumentam que o tamanho tem sido definido em termos muito globais para permitir sua relação com a estrutura organizacional (KIMBERLY, 1976; GALBRAITH, 1982; CHURCHILL; LEWIS, 1983; OLIVEIRA; ESCRIVÃO FILHO, 2011). Essa visão também implica que organizações novas ou pequenas estariam “presas” ao primeiro estágio, elas nunca poderiam desenvolver certo nível de maturidade já que possuem um tamanho pequeno (LEONE, 1999; OLIVEIRA; ESCRIVÃO FILHO, 2011);  Os modelos de maturidade da gestão do conhecimento visualizam a maturidade apenas no último estágio, algo que pode ser característica de um

software ou de um produto, mas provavelmente não será de uma organização e

suas práticas gerenciais vistas como construção social, já que as diversas naturezas das organizações podem necessitar de diferentes estágios da gestão do conhecimento para satisfazer seus objetivos. Nem todas as organizações almejam o último nível de maturidade da gestão do conhecimento, muitas vezes os custos podem não compensar os benefícios, sendo mais vantajoso alcançar um nível intermediário (KULKARNI; ST LOUIS, 2003);

 Apesar de alguns autores acreditarem que, por permear aspectos relativos a criação e inovação, a gestão do conhecimento é um tema que sofre modificações rapidamente; ao pesquisar a evolução das publicações sobre o tema percebe-se que poucas mudanças significativas ocorreram nesses anos, o que podemos notar são novas ferramentas e, com isso, o surgimento de novas práticas (BARRADAS; CAMPOS FILHO, 2010). Além disso, se comparada a outras áreas, processos e teorias da organização, a gestão do conhecimento é um tema relativamente novo, dessa forma, uma década de estudos é um tempo

curto para explorar uma teoria. Inclusive, a baixa aderência da gestão do conhecimento nas organizações confirma esse fato (SCHARF; SORIANO- SIERRA, 2008). O pequeno número de pesquisas sobre o tema, inclusive empíricas, demonstra que ele ainda não foi amplamente explorado (KRUGER; SNYMAN, 2005; PEE, KANKANHALLI, 2009);

E, por fim, os modelos de maturidade da gestão do conhecimento existentes são desenvolvidos com base em diferentes teorias e métodos e variam muito em termos de foco e escopo. Cada modelo especifica diferentes conjuntos de características o que demonstra que esses fatores ainda não foram bem identificados e compreendidos. Esse fato dificulta a comparação, avaliação e aplicação dos modelos, dificultando sua utilização por parte dos profissionais. É, portanto, necessário rever, comparar e integrar os modelos de maturidade da gestão do conhecimento para identificar os fatores fundamentais para o seu desenvolvimento (TEAH; PEE; KANKANHALLI, 2006; PEE; KANKANHALLI, 2009; LIN, 2011). “All - knowledge management maturity models - are based on the selected knowledge management factors. Selection of the factors to construct the model depends on the importance given by the respective authors to specific focus area” (SINHA; DATE, 2013, p.232)6.

Como é possível notar, alguns modelos de maturidade da gestão do conhecimento têm sido desenvolvidos, mas a pesquisa sobre o tema ainda é recente - a primeira publicação data de pouco mais de uma década - e ainda apresenta muitas controvérsias e lacunas a serem superadas (LEE; KIM, 2001; FENG, 2005; LIN, 2011). Os modelos propostos são heterogêneos e parciais, confundindo sua utilização e deixando espaço para a busca por um modelo mais completo que supere as diversas lacunas existentes. Portanto, faz-se necessário um modelo que oriente a gestão do conhecimento nas organizações (LEE; KIM; YU, 2001; RASULA; VUKSIC; STEMBERGER, 2008; HSIEH; LIN; LIN, 2009; LIN 2011). Dessa forma, a literatura carece de um modelo de pesquisa teórica unificado para orientar a pesquisa empírica (LIN, 2011; EKIONEA; BERNARD; PLAISENT, 2011; EKIONEA et al., 2011).

O primeiro passo para a construção de um modelo de maturidade da gestão do conhecimento é a identificação de fatores necessários ao seu desenvolvimento e

6 Todos – modelos de maturidade da gestão do conhecimento – são baseados na seleção de fatores da gestão do

conhecimento. A seleção de fatores para construir o modelo depende da importância da área específica de foco atribuída por cada autor.

implementação. No entanto, alguns autores identificam esses fatores sem o auxílio da pesquisa empírica; outros excluem alguns fatores essenciais ao desenvolvimento da gestão do conhecimento porque os consideram complexos ou de difícil mensuração; nenhum modelo considera todos os fatores consolidados na literatura. Isso torna os modelos incompletos já que eles excluem algumas variáveis que afetam o desenvolvimento da gestão do conhecimento (LEE; CHOI, 2003; TEAH; PEE; KANKANHALLI, 2006; PEE; KANKANHALLI, 2009; LIN, 2011). “Researchers and practitioners have not tried an integrative model. An integrative perspective of the knowledge variables based on relevant theories is a necessity” (LEE; CHOI, 2003)7. Há diversos estudos na área de gestão do

conhecimento que se preocuparam em explorar quais são os fatores que impactam na gestão do conhecimento, mas há poucas pesquisas que se concentram sobre quando e como as organizações devem gerenciá-los (LEE; KIM, 2005).

Encontra-se assim, uma lacuna no que diz respeito a uma proposta de maturidade da gestão do conhecimento que identifique esses fatores com base em critérios claros e aceitáveis. Mais do que isso, é importante que o modelo aborde todos os fatores que influenciam a gestão do conhecimento de maneira integrada, possibilitando uma visão ampla da sua maturidade, Para que, posteriormente, possa ser realizado um entendimento mais profundo e detalhado da ocorrência de cada componente, subsidiando a construção de um modelo de maturidade para o desenvolvimento da gestão do conhecimento nas organizações. Feito isto, novas pesquisas poderão explorar outras lacunas existentes nesses modelos.

Sendo a seleção dos fatores que compõem o modelo de maturidade da gestão do conhecimento uma decisão-chave para sua criação (RASULA; VUKSIC; STEM- BERGER, 2008), a pesquisa surge do seguinte questionamento: Quais são os fatores críticos de sucesso do modelo de maturidade da gestão do conhecimento e suas relações com os estágios?

7 Pesquisadores e profissionais ainda não tentaram um modelo integrador. Uma perspectiva integrada das