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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

1.1 Formulação do Problema de Pesquisa

Passada a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005- 2014), se fazem necessários avanços no que se refere à sensibilização dos cidadãos. Esse período foi proposto para criar um clima social que envolvesse os educadores na tarefa de conscientizar as pessoas sobre a situação de emergência planetária e capacitar para processos de decisão necessários para estancar a degradação ambiental. As mudanças nos currículos, nas práticas de ensino e nas pesquisas não atendem aos problemas que são de escala global e que exigem abordagens holísticas (VILCHES et al., 2012). As universidades podem ser vistas como um estúdio para a prática de iniciativas de sustentabilidade (THOMASHOW, 2014).

Existe a crença de que o Planeta é imenso e ilimitado, e que as atividades humanas possuem apenas efeitos locais. Outra dificuldade para uma abordagem global é a falta de um pensamento coletivo; a sustentabilidade ainda é tratada para defesa de “nós mesmos” (grupos próximos como família, grupo étnico, país...) por

meio de uma estratégia “eles ou nós”. Persistem barreiras ideológicas, religiosas, entre outras pseudo-explicações que dificultam o tratamento da questão planetária e o entendimento de que escolhas individuais têm impactos maiores (VILCHES et al., 2012).

Ao fim do período estipulado para fomentar o Desenvolvimento Sustentável, a UNESCO (2014) publicou um relatório final, intitulado “Moldando o Futuro que Queremos”, com o apoio da Década da Educação das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, com os resultados e avanços alcançados no período. O documento enfatiza a importância da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), como incentivo à transformação e reorientação da sociedade para um desenvolvimento mais sustentável, através de uma reorientação dos sistemas de ensino e estruturas, ampliando o foco das práticas curriculares e de ensino existentes para novas configurações que alcancem o contexto formal e não formal, bem como o local de trabalho, a educação para adultos e a conscientização pública.

O consenso apontado pela UNESCO (2014) é que as questões chave para alcançar o desenvolvimento sustentável perpassam pelo ensino e aprendizagem. Temas como: mudança do clima, redução do risco de desastres, meios de vida sustentáveis, a biodiversidade e a redução da pobreza são caracterizados pela incerteza, complexidade e sistêmica interligação. Exigem métodos de ensino e aprendizagem mais participativos, como o pensamento crítico, por meio do qual é possível trabalhar com cenários e tomada de decisão de forma colaborativa, capacitando os alunos para o contexto da sustentabilidade. Os esforços dos países que participaram da discussão se voltaram para as boas práticas no contexto nacional e regional, buscando respostas para questões de sustentabilidade diferentes, com prioridades por vezes distintas.

A percepção sobre a EDS se ampliou ao longo da década, incluiu questões de direito e a necessidade de maior qualidade na educação como elementos essenciais para o avanço da humanidade. Mais do que o desenvolvimento de competências básicas e acesso à educação, a qualidade se refere à construção de valores que serão base ao longo da vida para sustentar a sustentabilidade. A partir do relatório elaborado por uma comissão de peritos do mundo todo, a resposta à década é a necessidade de inovação na educação, a fim de promover a educação

como uma ferramenta para a sociedade se mover rumo à sustentabilidade (UNESCO, 2014).

O relatório sugere que o processo de formação e reorientação de políticas, programas e planos de desenvolvimento sustentável ocorre nos Estados-Membros, mas o progresso ocorre de forma desigual. O entendimento é que a EDS é um processo contínuo que começa na infância, e os avanços deveriam acontecer na educação primária e secundária, técnica e vocacional, no ensino superior e na formação continuada no local de trabalho, até alcançar a consciência pública e o entendimento de que cada indivíduo pode contribuir para construir um mundo mais sustentável (UNESCO, 2014).

Ao tratar especificamente do contexto das IES, o contexto varia pouco entre os Estados-Membros. A América Latina ainda aparece como sendo uma das regiões do globo com esforços históricos nas questões de sustentabilidade ambiental e com um compromisso alto com o tema. Contudo, os desafios são muito próximos nas diferentes regiões e remetem a falta de apoio ao estudante, recursos humanos escassos, infraestrutura deficitária, falta de integração e de coordenação e a necessidade de maior formação de lideranças em IES. Outro elemento importante é o aumento da colaboração entre as IES, que por meio de redes de universidades e consórcios têm ampliado as mudanças no setor. Os resultados dos esforços globais se referem a dimensões individuais, através de lideranças, iniciativas curriculares e operações. Fazem-se necessárias abordagens mais integradoras, reformas nos currículos, novas pedagogias, incentivo a pesquisas e operações em IES capazes de envolver todas as partes interessadas. Uma das sugestões remete a operações mais verdes no campus, e à necessidade de compartilhar as ferramentas, incluindo a redução da pegada de carbono (UNESCO, 2014).

O desenvolvimento de capacidades e competências dos estudantes para promover o valor da sustentabilidade para os negócios e trabalhar com foco em uma economia global, mais inclusiva e sustentável também é abordado no relatório final da UNESCO (2014). O relatório aborda MBAs, cursos de pós-graduação e cursos de curta duração para executivos. Os resultados da pesquisa apontam a lacuna que existe entre as visões de sustentabilidade que são ensinadas nas escolas e requeridas no mercado pelas empresas, existe ainda a necessidade de desenvolver um conjunto claro de habilidades para aplicação nas empresas, a fim de um reforçar as capacidades requeridas pelo contexto (UNESCO, 2014).

A questão da sustentabilidade em IES tem sido marcada por uma série de eventos, declarações e resoluções que tentam dar conta de variáveis as quais precisam ser incluídas no dia-a-dia do campus. Conforme Leal Filho (2011), a discussão sobre o desenvolvimento sustentável não é nova, e a área sofre com a superabundância de textos e com a não implementação dos acordos em sua totalidade. O autor apresenta o conceito de sustentabilidade aplicada como uma ação orientada baseada em projetos que usam os princípios do desenvolvimento sustentável e os aplicam no contexto real. Em conformidade com esse conceito, o presente estudo busca ir além do debate teórico repetitivo a fim de visualizar a sustentabilidade de maneira realizável, por meio de ações práticas nas organizações e procura responder:

Um modelo de Universidade Verde contribui para as competências e comportamentos da comunidade acadêmica em prol da sustentabilidade?