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FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA PARA A INDÚSTRIA

O fornecimento de energia elétrica para consumidores industriais difere do fornecimento de energia para consumidores residenciais. Consumidores industriais são

abastecidos por altas tensões em suas subestações onde ocorre o rebaixamento da tensão para o abastecimento de máquinas e equipamentos.

As concessionárias mantem junto às indústrias um contrato de fornecimento de energia elétrica, onde está destacado as obrigações de fornecimento (quantidade) e padrões de fornecimento (qualidade). A medição do consumo de energia é realizada pela concessionária fornecedora na subestação rebaixadora das indústrias.

2.5.1 Tarifação da energia elétrica para a indústria

A indústria dispõe de um sistema de tarifação de energia elétrica regrado pela Resolução Normativa Nº 414 da Aneel (ANEEL, 2010), onde são estabelecidas diferentes formas de tarifação a fim de atender o maior número de especificidades dos consumidores. As tarifas de energia elétrica não têm um mesmo valor para todos os consumidores. Elas se diferenciam entre grupos tarifários, de acordo com a tensão de fornecimento, o momento do consumo, o tipo de tarifa e a classe do consumidor. As mesmas podem ser estruturadas e diferenciadas de muitas formas, teoricamente, poderia ser definida uma tarifa para cada consumidor, porém, dificuldades de diversas naturezas impossibilitam esta ação.

Segundo a resolução, para consumidores industriais a medição da quantidade consumida deve ser realizada levando em consideração a energia ativa e reativa.

2.5.1.1 Energia ativa

A energia ativa é responsável pela geração do trabalho, é a energia gasta para se obter o resultado desejado.

Inicialmente os consumidores são divididos em classes, sendo residencial, industrial, comercial, rural, poder público, iluminação pública, serviço publico e consumo próprio. Estas classes por sua vez, são divididas em grupos e subgrupos (ANEEL, 2010).

Outro importante conceito a ser definido é a demanda contratada, que segundo a Aneel é:

Demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela distribuidora, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixados em contrato, e que deve ser integralmente paga, seja ou não utilizada durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (kW) (ANEEL, 2010, p. 4).

Se tratando de consumidores industriais a grande maioria destes é enquadrada no Grupo A, onde o fornecimento em tensão é igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a

partir de sistema subterrâneo de distribuição em tensão secundária, caracterizado pela tarifa binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:

a) subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV; b) subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

c) subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;

d) subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV; e) subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV; e

f) subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema subterrâneo de distribuição.

Outro enquadramento existente é quanto à modalidade tarifária, que no caso de consumidores industriais pode ser (ANEEL, 2010):

a) convencional binômia: caracterizada por tarifas de consumo de energia elétrica e demanda de potência, independentemente das horas de utilização do dia;

b) horária verde: este enquadramento só pode ser utilizado por consumidores atendidos por tensões inferiores que 69kV (A3a, A4 e AS). Pode-se destacar como principais características:

- um único valor de demanda contratada (kW), independente do posto horário (ponta ou fora de ponta);

- dentro do período de faturamento, a demanda faturável será o maior valor dentre a demanda contratada e a demanda medida;

- um único valor de tarifa para o caso de ultrapassagem de demanda;

- é permite que sejam contratados dois valores diferentes de demanda, um para o período seco e outro para o período úmido.

c) horária azul: aplicação compulsória para consumidores atendidos por tensões iguais ou superiores a 69kV (A1, A2 e A3). Pode-se destacar como principais características:

- dois valores de demanda contratada (KW), um para o segmento de ponta e outro para o segmento fora de ponta;

- a tarifa de ponta é 3 vezes maior que a tarifa fora de ponta;

- dentro do período de faturamento, a demanda faturável será o maior valor dentre a demanda contratada e a demanda medida.

- são aplicadas tarifas diferentes para o período de ponta e fora de ponta em caso de ultrapassagem da demanda contratada;

- permite que sejam contratados dois valores diferentes de demanda, um para o período seco e outro para o período úmido.

Se tratando da hora de utilização da energia elétrica, considera-se horário de ponta (mais caro) das 18h às 21h1 dos dias úteis e feriados não nacionais; já os demais horários são considerados horários fora de ponta. O horário fora de ponta é dividido entre o período indutivo, quando o fator de potência não pode ser capacitivo e período capacitivo, quando o fator de potência não pode ser indutivo (ANEEL, 2010).

Quanto ao período do ano, o período seco é dos meses de maio a novembro e os meses considerados úmidos são de dezembro a abril.

Na Tabela 2 pode-se observar um resumo das modalidades de fornecimento de energia elétrica para a indústria.

Tabela 2 – Modalidades tarifárias Subgrupo

Tarifário

MODALIDADE TARIFÁRIA

Convencional THS - Azul THS - Verde

A1 IMPEDIDO compulsório para qualquer valor de demanda contratada IMPEDIDO A2 A3 A3a disponível para contratos inferiores a 300 kW

disponível para contratos a partir de 30 kW disponível para contratos a partir de 30 kW A4 AS (subterrâneo) Fonte: ANEEL, 2010.

Além das modalidades tarifárias, temos outros fatores que podem influenciar na conta de energia, inclusive gerando multas. Na lista abaixo é conceituado dois fatores:

a) Ultrapassagem da demanda contratada: poderão ser adicionados custos a tarifa caso alguma situação eventual ocorra. Se a opção for por demanda contratada (valor representado em kW de potência ativa), a concessionária é obrigada a fornecer esta quantidade. Porém, se a demanda medida (divisão do consumo medido pelo tempo de medição, comumente 15min) ultrapassar a demanda contratada, será cobrada tarifa de ultrapassagem. Ainda segundo a Aneel, existe uma tolerância de 5% sobre o valor da demanda contratada.

1 Este horário pode ser diferente levando em consideração a região e a concessionaria fornecedora. Deve ser

b) Bandeiras tarifárias: foram criadas pelo governo para sobretaxar o consumo de energia elétrica quanto aos custos adicionais de produção. Sendo assim, quando o custo de geração está muito alto, a bandeira é vermelha, quando se encontra de forma amena a bandeira é amarela, e quando o custo de produção está equilibrado a bandeira é verde.

2.5.2.2 Energia reativa

A energia reativa é uma energia que não gera trabalho. Ela é responsável pela formação dos campos magnéticos necessários para o funcionamento dos motores. A unidade de medida usual é VArh sendo a potência expressa em VAr.

A concessionária de energia elétrica só está autorizada a cobrar este tipo de energia quando for ultrapassado o limite máximo, que é definido pelo fator de potência2.

Quando o fator de potência medido for inferior a 0,92 será acrescido o valor conforme contrato vigente. O fator de potência é calculado pela razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos quadrados das energias elétricas ativas e reativa, consumidas num mesmo período especificado. O reativo capacitivo é registrado exclusivamente no período entre 00:00h e 06:00h e o reativo indutivo é registrado exclusivamente no período entre 06:00 e 24h3.

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