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2.4 Pletismografia

2.4.1 Fotopletismografia

A pletismografia fotoelétrica, também conhecida como fotopletismografia, é um método não-invasivo para detecção do pulso cardíaco utilizando um detector fotoelétrico. O traçado da onda fotopletismográfica retrata as mudanças na atenuação que a energia luminosa sofre em seu caminho, quando transmitida ou refletida nos tecidos e corrente sangüínea (MOYLE, 2002).

Estas variações na intensidade da luz recebida pelo fotodetector dependem principalmente dos seguintes fatores (MOYLE, 2002):

9 Variações no fluxo total de sangue (venoso + arterial), sob o fotodetector;

9 Orientação dos eritrócitos; 9 Concentração dos eritrócitos; 9 Velocidade do sangue no local;

9 Distância entre a fonte de luz e o detector;

A Figura 9 ilustra como são posicionados os dispositivos optoeletrônicos na fotopletismografia reflexiva. Uma peça abriga os dispositivos em câmaras separadas evitando que ocorra a iluminação direta entre os mesmos, permitindo exclusivamente que a luz refletida atinja o fotoreceptor.

Figura 9 – Fotopletismografia reflexiva. Os dispositivos, emissor e receptor são isolados em câmaras separadas. Adaptado de Moyle (2002).

Capítulo 2 - Fundamentação Teórica 19

Na fotopletismografia transmissiva, os dispositivos optoeletrônicos são posicionados em lados opostos da extremidade em interesse (como o dedo de uma das mãos). A Figura 10 ilustra como é utilizado o arranjo. O invólucro que abriga os dispositivos também serve para envolver e fixar o conjunto na extremidade do membro.

Figura 10 – Fotopletismografia transmissiva. Um encapsulamento especialmente desenhado abriga os dispositivos, emissor e receptor possibilitando ainda sua fixação a extremidade do

dedo. Adaptado de Moyle (2002).

Na fotopletismografia do tipo transmissiva (Figura 10), a luz monocromática difunde-se pelos tecidos alcançando o fotoreceptor que se encontra no lado contrário ao do emissor. Na fotopletismografia reflexiva (Figura 9), o fotoreceptor se localiza ao lado do emissor recebendo os fótons advindos do meio interno por reflexão. Em ambos os casos, a luz que atinge os tecidos e sangue é parcialmente absorvida, outra parte é parcialmente refletida e parcialmente transmitida atingindo o fotoreceptor. Essa componente que atinge o fotoreceptor carrega consigo variações de amplitude relacionadas às variações de volume do meio interno provocadas pela circulação arterial e venosa. A maior parte da luz incidente é absorvida pela pele, tecido, ossos, sangue venoso e sangue arterial não pulsátil (CHEANG & SMITH, 2003).

A relação existente entre a quantidade de luz absorvida em uma solução e a concentração de determinada substância naquela solução, foi primeiramente descrita por Johann Heinrich Lambert (1728-1777) em Augsberg – Alemanha, e foi publicada em 1760. Seu trabalho teve continuidade com August Beer (1853-1932), o qual propôs a Lei de Beer- Lambert (MOYLE, 2002).

Segundo a Lei de Beer-Lambert, a determinação da energia luminosa total transmitida através de uma solução possuindo determinada concentração de uma substância qualquer, é dada por:

Capítulo 2 - Fundamentação Teórica 20

cd

e

I

I

=

0 −ε(λ) Equação 1

Na Equação 1, Io é a intensidade da luz incidente, ε(λ) é o coeficiente de extinção a um específico comprimento de onda λ, c é a concentração da substância absorvente e d é a distância (MIT, 2001).

Os coeficientes de extinção para a hemoglobina oxigenada (HbO2) e hemoglobina

não-oxigenada (Hb) estão traçados no gráfico apresentado na Figura 11. Neste gráfico, são dadas as curvas para o comportamento do coeficiente de extinção em função do comprimento de onda, tanto no caso da fotopletismografia transmissiva (linhas cheias) como da fotopletismografia reflexiva (linhas tracejadas).

Como informação adicional, tem-se à esquerda do gráfico um eixo que mostra a percentagem da luz que é refletida no caso da fotopletismografia reflexiva.

Figura 11 – Traçado das curvas do coeficiente de extinção da hemoglobina oxigenada (HbO2) e hemoglobina não oxigenada (Hb), para os casos da fotopletismografia transmissiva (linhas

cheias) e reflexiva (linhas tracejadas).

A validade da Lei de Beer-Lambert depende de certas condições, como o uso de fonte de luz monocromática (radiação em um único comprimento de onda, com faixa estreita), solução homogênea e isotrópica (na qual o índice de refração é o mesmo em

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todas as direções), ausência de reações fotoquímicas. O sangue, porém, é considerado um meio não homogêneo capaz de apresentar absorção não linear da luz (MOYLE, 2002).

O princípio de aplicação da fotopletismografia neste trabalho está baseado numa modificação da Lei de Beer-Lambert proposta por JONES et al. (1992). Consiste em fazer uma analogia entre a variável concentração (da Lei de Beer-Lambert) com o sangue e os tecidos. A intensidade da luz é convertida para valores de tensão (JONES et al., 1992). A Equação 1 transforma-se em:

( )

(

)

(

( )

)

)

(

ct tdt ca ada o

e

e

ZI

V

=

− ε λ − ε λ Equação 2

Onde

Z

é uma constante que relaciona a intensidade de luz recebida com a tensão na saída do circuito de detecção. O índice

t

indica variáveis com propriedades ligadas aos tecidos e o índice a, variáveis com propriedades ligadas ao sangue nas artérias. A

variável V é a tensão de saída do sensor.

A Equação 1, mostra um valor de tensão relacionado a intensidade da luz transmitida ou refletida via fotopletismografia, tendo como base as equações de Beer- Lambert. A partir dessa equação, seguem-se outras considerações e deduções que objetivam obter matematicamente a pressão arterial não-invasiva. O trabalho de JONES et al. (1992) encontra-se em uma patente registrada sob nº 5.140.990 do departamento de patentes dos Estados Unidos da América do Norte e é propriedade da SpaceLabs Inc. (U.S.A.).

A seleção do comprimento de onda para uso em fotopletismografia depende da finalidade com que esta será utilizada. Para oximetria são usados os comprimentos de 660 nm e 940 nm para detecção da hemoglobina reduzida e hemoglobina oxidada respectivamente, pois esses comprimentos de onda na região do vermelho e infravermelho são facilmente absorvidos pela hemoglobina. A faixa de comprimentos de onda sobre as quais as técnicas de espectroscopia podem ser utilizadas in vivo, esta limitada aos valores entre 600 nm e 1300 nm. Para comprimentos de onda mais curtos que 600 nm, a melanina, na pele, produz um alto nível de absorção enquanto comprimentos de onda maiores que 1300 nm sofrem forte absorção pelos tecidos e pela água (MOYLE, 2002).

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A Figura 12 ilustra o comportamento da absorção da hemoglobina na região do vermelho e infravermelho. O cruzamento das duas curvas caracteriza o ponto isobéstico, onde o comprimento de onda de 805 nm experimenta igual coeficiente de extinção pela hemoglobina oxigenada (HbO2) e hemoglobina não oxigenada (Hb).

Em aplicações onde se tem interesse apenas em preservar as características do sinal fotopletismográfico, pura e simplesmente, o comprimento de onda ideal é aquele que cruza o ponto isobéstico (805 nm para fotopletismografia transmissiva). Apesar disso, segundo pesquisas de MASCARO & ASADA (2001), o uso de outros comprimentos de onda podem ser utilizados satisfatoriamente.

Figura 12 - Comportamento da hemoglobina quanto à absorção em diversos comprimentos de onda.

A colocação dos dispositivos ópticos de fotopletismografia, geralmente é preferida nos sítios: dedos das mãos, dos pés e o lóbulo da orelha. Na Figura 13 vê-se o sensor óptico para fotopletismografia, normalmente usado em oximetria, colocado no dedo indicador da mão esquerda.

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Figura 13 - Sensor óptico de fotopletismografia colocado no dedo indicador da mão esquerda do paciente.