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Framework Decision sobre o combate ao terrorismo

3. As políticas e os instrumentos da Europa para o combate ao cibercrime

3.9. Framework Decision sobre o combate ao terrorismo

A 28 de Novembro de 2008 o Conselho Europeu apresentou o Framework Decision 2008/919/JHA, que introduz alterações ao Framework Decision 2002/475/JHA sobre o combate ao terrorismo. Esta alteração justifica-se pelo rápido e exponencial crescimento da ameaça terrorista nos últimos anos, bem como pelas diferenças no modus operandi dos praticantes e apoiantes de actividades terroristas, o que inclui a mudança de grupos estruturados e hierárquicos para células semi-autómonas fracamente ligadas entre si.

A internet tem vindo a ser cada vez mais utilizada para inspirar e mobilizar indivíduos e redes terroristas locais na Europa, servindo igualmente como fonte de informação sobre métodos e meios terroristas e funcionando como um "campo virtual de treino".

45 Actividades de incitamento público para cometer actos terroristas e o recrutamento e treino para actividades terroristas têm-se multiplicado a um custo muito baixo e com pouco risco.

O Conselho volta a chamar a atenção para a necessidade de uma resposta global no combate ao terrorismo e de os Estados se focarem em diferentes aspectos da prevenção, de forma a aumentar a resposta. Quando necessário, as capacidades dos Estados- membros para combater o terrorismo devem ser complementadas, concentrando-se em particular no recrutamento, financiamento, análises de risco, protecção de infra- estruturas críticas e na gestão das consequências.

Este Framework Decision prevê a criminalização de ofensas ligadas a actividades terroristas, a fim de contribuir para uma política mais objectiva e geral de prevenção do terrorismo através da redução da disseminação de materiais que podem incitar pessoas a cometer ataques terroristas.

É ainda salientado que nada neste Framework Decision pode ser interpretado como uma tentativa de reduzir ou restringir direitos fundamentais ou liberdades, como a liberdade de expressão, reunião ou associação, o direito ao respeito pela vida particular e familiar, incluindo o direito ao respeito pela confidencialidade da correspondência.

Provocação pública para cometer actividades terroristas e recrutamento e treino para terrorismo são crimes intencionais. Assim, é defendido que nada neste Framework Decision pode ser interpretado como uma tentativa de reduzir ou restringir a disseminação de informação para uso científico, académico ou noticioso. A expressão de pontos de vista radicais, polémicos ou controversos não está incluído neste documento e, em particular, na definição de provocação pública para cometer actividades terroristas.

As alterações ao Framework Decision 2002/475/JHA são as seguintes:

1. O Artigo 3 deve ser substituído pelo seguinte:

"Artigo 3.º

Ofensas ligadas a actividades terroristas

46 a) "provocação pública para cometer actividades terroristas" deve significar a distribuição, ou disponibilização, de uma mensagem para o público que pretenda incitar a cometer uma das ofensas listadas no Artigo 1.º(1)(a) a (h)6, em que tal conduta, quer esteja ou não ligada directamente a actividades terroristas, cause risco de uma ou mais ofensas serem cometidas;

b) "recrutamento para terrorismo" deve significar induzir uma pessoa a cometer uma das ofensas listadas no Artigo 1.º(1)(a) a (h), ou no Artigo 2.º(2)7;

c) "treino para terrorismo" deve significar fornecer instruções na construção ou utilização de explosivos, armas de fogo ou outras armas ou substâncias nocivas ou perigosas, ou noutros métodos ou técnicas especificas, com o fim de cometer uma das ofensas listadas no Artigo 1.º(1)(a) a (h), sabendo que essas competências proporcionadas se destinam a ser usadas para este propósito. 2. Cada Estado-membro deve tomar as medidas necessárias para assegurar que

ofensas ligadas a actividades terroristas incluem os seguintes actos intencionais: a) Provocação pública para cometer um crime terrorista;

b) Recrutar para terrorismo; c) Treinar para terrorismo;

d) Roubo agravado com a intenção de cometer uma das ofensas listadas no Artigo 1.º(1);

e) Extorsão com a intenção de preparar uma das ofensas listadas no Artigo 1.º(1); f) Elaborar documentos administrativos falsos com a intenção de cometer uma das

ofensas listadas no Artigo 1.º(1)(a) a (h) e no Artigo 2.º(2)(b).

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Os crimes listados no Artigo 1.º(1)(a) a (h) são: ataque à vida de uma pessoa que possa causar a morte; ataque à integridade física de uma pessoa; raptar ou fazer reféns; causar destruição extensa a uma instalação governamental ou pública, a um sistema de transporte, a uma infra-estrutura, incluindo um sistema de informação, uma plataforma fixa localizada na plataforma continental, um espaço público ou propriedade privada que possa pôr em perigo a vida humana ou que resulte numa grande perda económica; apreensão de aeronaves, navios e outros meios de transporte público de mercadorias; manufactura, posse, aquisição, transporte, fornecimento ou uso de armas, explosivos ou armas nucleares, biológicas ou químicas, assim como pesquisar e desenvolver armas químicas e biológicas; libertar substâncias perigosas, ou causar fogos, cheias ou explosões cujo efeito possa pôr em perigo a vida humana; interferir com ou perturbar o abastecimento de água, energia ou qualquer outro recurso natural fundamental, cujo efeito possa pôr em perigo a vida humana. (Fonte: Framework Decision 2002/475/JHA)

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Os crimes listados no Artigo 2.º(2) são: dirigir um grupo terrorista e participar nas actividades de um grupo terrorista, incluindo fornecer informações ou recursos materiais, ou financiar actividades de qualquer maneira, tendo conhecimento que tal participação vai contribuir para as actividades criminosas de um grupo terrorista. (Fonte: Framework Decision 2002/475/JHA)

47 3. Para um acto estabelecido no parágrafo 2 ser punível, não é necessário que um

crime terrorista tenha realmente sido cometido".

2. O Artigo 4.º deve ser substituído pelo seguinte:

"Artigo 4.º

Cumplicidade, incitamento e tentativa

1. Cada Estado-membro deve tomar as medidas necessárias para assegurar que a cumplicidade a um crime referido no Artigo 1.º(1), Artigo 2.º ou 3.º é punível. 2. Cada Estado-membro deve tomar as medidas necessárias para assegurar que

incitar a um crime referido no Artigo 1.º(1), Artigo 2.º ou Artigo 3.º(2)(d) a (f) é punível.

3. Cada Estado-membro deve tomar as medidas necessárias para assegurar que a tentativa de cometer um crime referido no Artigo 1(1) e Artigo 3(2)(d) a (f), com excepção de posse como previsto no Artigo 1(1)(f) e o crime referido no Artigo 1(1)(i), é punível.

4. Cada Estado-membro pode decidir tomar as medidas necessárias para assegurar que tentar cometer um crime referido no Artigo 3.º(2)(b) e (c) é punível."

Relativamente à liberdade de expressão, o Framework Decision assegura que nenhum Estado será obrigado a tomar medidas que contradigam os direitos fundamentais relativos à liberdade de expressão, especialmente no que concerne à liberdade de imprensa e dos média em geral.

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