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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 BLOCO 1: PRINCÍPIOS DA GESTÃO PARTICIPATIVA APLICADOS NA

4.2.2 Frequência

A análise da frequência foi realizada no período de 2002 a 2013, ou seja, a partir da 3ª até a 55ª reunião, mediante análise das atas e listas de presença. Foram considerados todos os tipos de reuniões, sejam ordinárias e extraordinárias, independente de haver ou não quórum.

A limitação da análise a partir da 3ª reunião, neste tópico justifica-se pelo fato de que, somente, nessa reunião, o Conselho se apresentou com uma quantidade relevante de representações.

É importante ressaltar a dificuldade encontrada na identificação dos conselheiros ou instituições nas atas ou listas de presença. As primeiras atas não informavam qual a instituição que determinado conselheiro representava; além disso, os documentos de posse existentes são restritos, de modo que, em alguns casos, só foi possível identificar o conselheiro, mas não a instituição, ou o contrário. Para critério de análise, o foco considerado para a pesquisa foi a instituição, até porque a rotatividade de conselheiros, para algumas representações, foi elevada.

Neste tópico sobre Frequência, para que haja uma melhor compreensão, a análise foi segmentada em três partes: frequência geral; comparação da frequência entre Órgãos Públicos e Sociedade Civil; e quórum.

Frequência geral

A frequência foi analisada consideradas três formações de conselho gestor:

1. Na 3ª reunião, com 19 representações

2. Da 4ª até a 16ª reunião, com 20 representações 3. Da 17ª até a 55ª reunião, com 21 representações

A frequência média apresentada pelo Conselho durante todo o período analisado foi de 43.07%. A maior frequência geral foi observada no ano de 2006, com 56,21% e a menor no ano de 2012 com 27,50%. Apenas, três, de doze anos analisados, ultrapassaram o valor de 50% de presença das instituições nas reuniões: 2006, 2009 e 2010. (Tabela 4).

Tabela 4 – Frequência geral por ano

Ano Frequência Média

2002 40,20% 2003 47,37% 2004 48,68% 2005 45,26% 2006 56,21% 2007 46,67% 2008 39% 2009 52% 2010 51,67% 2011 45% 2012 27,50% 2013 35,83% Fonte: Paiva (2014)

A frequência torna-se um assunto delicado, visto que reflete a participação dos envolvidos no processo de gestão, condição necessária para a existência de uma gestão democrática. Beni (2006) afirma que, em todo e qualquer projeto de mobilização social, o ideal é que a vinculação do público chegue ao nível de corresponsabilidade, pois as pessoas compreendem o quanto a sua participação é importante; elas se sentem responsáveis, acreditam no projeto e no alcance dos objetivos. A população precisa entender que a sua participação é importante e querer fazer parte desse processo. Questões relacionadas à ausência de conselheiros constaram de temas que foram abordados várias vezes em reuniões, cujas atas relatam insatisfação e preocupação por parte do conselho gestor, sendo inclusive assunto de pauta em oito delas. O conselho debate sobre assuntos relevantes para uma grande parcela da comunidade, haja vista que o turismo foi assunto de pauta de todas as atas analisadas e se trata de uma das principais atividades desenvolvidas na Aparc, concomitante à pesca que, também, é assunto bastante debatido. Mesmo sendo um assunto de interesse de vários, ainda ocorre baixa frequência dos representantes no conselho, que necessitam se sentir mais corresponsáveis pelo que ocorre na área, bem como pelo que é discutido em reunião. Igualmente, a população também deve nutrir esse sentimento de corresponsabilidade com as decisões que são tomadas pelo conselho para que possa eleger corretamente os seus representantes e cobrar sua presença nas reuniões.

Comparação da frequência entre Órgãos Públicos e Sociedade Civil

A análise comparativa da frequência entre Órgãos Públicos e Sociedade Civil foi realizada mediante estudo comparativo entre a média anual da frequência entre as instituições no período de 2002 a 2013, através do cálculo da porcentagem de presença, e apresentou valor superior das instituições representantes dos Órgãos Públicos em todos os anos estudados, exceto o primeiro, que apresentou valor igual ao dos representantes da sociedade civil, conforme mostrado na tabela 5:

Tabela 5 – Frequência Média Anual OPxSC

Ano Órgãos Públicos Sociedade Civil

2002 50,00% 50,00% 2003 66,67% 33,33% 2004 51,14% 48,86% 2005 56,46% 43,54% 2006 63,57% 36,43% 2007 55,00% 45,00% 2008 56,15% 43,85% 2009 55,67% 44,33% 2010 54,21% 45,79% 2011 51,23% 48,77% 2012 56,40% 43,60% 2013 62,87% 37,13% Fonte: Paiva (2014)

Os valores da frequência média anual foi resultado do cálculo de porcentagem da quantidade de instituições presentes, separando-as por Órgãos Públicos e Sociedade Civil, e, depois, relacionando-os com a quantidade total de representações nas reuniões. Dentre as representações analisadas, as dos Órgãos Públicos apresentaram variação superior ao longo do período estudado enquanto que os representantes da sociedade civil se mantiveram desde o início do estudo. A lista dessas representações pode ser observada no quadro 9:

Quadro 9 – Representações analisadas do conselho gestor

ÓRGÃO PÚBLICOS SOCIEDADE CIVIL

Idema Empresários do Turismo

Setur Mergulhadores

Prefeitura de Maxaranguape Associação de Moradores de Maxaranguape Prefeitura de Rio do Fogo Associação de Moradores de Rio do Fogo Prefeitura de Touros Associação de Moradores de Touros Câmara Municipal de Maxaranguape Colônia de Pescadores de Maxaranguape Câmara Municipal de Rio do Fogo Colônia de Pescadores de Rio do Fogo Câmara Municipal de Touros Colônia de Pescadores de Touros

GRPU UFRN

Ibama ONG Ambientalista

MPA

Fonte: Paiva (2014)

Na 3ª reunião, havia nove representações para os órgãos públicos e dez para os da sociedade civil. A partir da 4ª reunião, quando o Ibama foi incluído no conselho, as duas segmentações passaram a ter dez assentos cada uma. A paridade das representações foi mantida até a 17ª reunião, quando houve a inclusão do MPA, e os órgãos públicos passaram a ter onze representações, enquanto a quantidade para os da sociedade civil não sofreu alteração, mantendo-se até o final da análise.

A questão da presença da Sociedade Civil, principalmente dos representantes das comunidades, foi bastante debatida durante as reuniões do Conselho Gestor e registrada em ata. Segundo Putnan (2006), uma comunidade será tanto mais cívica quanto mais a política se aproximar do ideal de igualdade política entre cidadãos que seguem as regras de reciprocidade e participam do governo, e que, numa comunidade cívica, a cidadania se caracteriza, primeiramente, pela participação nos negócios públicos.

Sendo assim, aquele que não participa não pode ter suas reivindicações ouvidas tampouco analisadas, muito menos atendidas, ficando à mercê do que os outros decidem o que necessariamente não vai de acordo com o interesse da maioria. A falta de interesse e de organização para indicar um representante, bem como a falha na comunicação dos avisos de data e hora das reuniões, são os principais motivos argumentados para tal ausência.

Quórum

Em relação ao quórum das reuniões de todo o período analisado, todas atingiram frequência acima dos 50%, e a metade atingiu a quantidade máxima, ou seja, 100% de reuniões com quórum, conforme tabela 6.

Tabela 6 – Quórum das reuniões ordinárias e extraordinárias

Ano Com quórum Sem quórum %

2002 2 0 100 2003 1 0 100 2004 3 1 75 2005 3 2 60 2006 5 0 100 2007 3 0 100 2008 3 2 60 2009 5 0 100 2010 3 0 100 2011 4 1 75 2012 6 2 75 2013 5 1 83,33 Fonte: Paiva (2014)

Os anos de 2002, 2003, 2006, 2007, 2009 e 2010 apresentaram os melhores resultados no que se refere à frequência, já que todas as reuniões realizadas, nesses anos, tiveram quórum. Dos doze anos analisados, seis apresentaram o índice máximo de 100% de reuniões com quórum. Nos seis anos restantes, o índice foi acima dos 50%.

Considerando o disposto no Regimento Interno, a verificação de quórum é o primeiro item a ser constatado na ordem do dia das reuniões. E o quórum mínimo necessário à instalação de reuniões tanto ordinárias quanto extraordinárias é de 50% mais um dos membros ativos do conselho gestor, em primeira convocação, e 1/3, em segunda, 15 minutos após a primeira convocação.

A reunião que não apresenta quórum não se realiza de fato, uma vez que as discussões e votações de matérias constantes na pauta não ocorrem, sendo adiadas para uma próxima reunião, comprometendo, assim, a gestão da Aparc. A presença e o comprometimento dos conselheiros são assuntos discutidos em reunião, e, desde 2005, foi

decidido que as instituições que computarem duas faltas consecutivas em reuniões ordinárias e não justificarem, terão seus mandatos suspensos.