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Frota circulante de veículos leves da cidade de São Paulo

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 A experiência internacional do programa I/M

2.4.1 Frota circulante de veículos leves da cidade de São Paulo

O IBAMA, em conjunto com a Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Departamento de Mudanças Climáticas e Gerência de Qualidade do Ar, elaborou 1° Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, editado em Janeiro de 2011. Segundo a página IV- Apresentação, deste relatório, seus dados:

“apresenta as emissões de 1980 a 2009 e as projeções até 2020 dos poluentes regulamentados

pelos programas PROCONVE e PROMOT: monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos não-metano (NMHC), aldeídos (RCHO) e material particulado (MP); além dos gases de efeito estufa, dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4)”.

Conforme já visto, um dos fatores responsáveis pela evolução da tecnologia utilizada nos veículos atuais é a necessidade de se controlar as emissões de poluentes gerados durante seu uso. Apesar disso, a massa total de poluentes emitidos na atmosfera deve ser monitorada, uma vez que a frota circulante nos grandes centros urbanos cresce com a popularização do automóvel como meio de transporte (MMA, 2011).

A partir dos dados disponibilizados no Inventário e no Anuário da Indústria Automobilística da ANFAVEA - 2009, estimou-se a evolução da frota circulante de veículos leves na cidade de São Paulo ao longo das últimas décadas. Estes dados foram segmentados por fase do PROCONVE. Cabe observar que a quantidade real de veículos que compõem a frota circulante é de difícil definição, uma vez que os números oficiais nem sempre estão disponíveis e não são plenamente confiáveis, devido à limitada rastreabilidade do sistema. Assim, este levantamento tem caráter qualitativo, visando demonstrar as principais tendências ao longo do período estudado. A figura 2.6 apresenta uma série histórica estimada da frota circulante de veículos leves da cidade de São Paulo, a partir dos dados disponíveis.

Figura 2.6: Histórico da frota circulante de veículos leves da cidade de São Paulo Fonte: elaboração própria com base em dados do MMA, IBGE e ANFAVEA.

Pela análise da figura 2.6, pode-se verificar uma tendência de crescimento da frota ao longo dos anos, passando de 1,57 milhões de unidades em 1980, para 4,79 milhões de unidades em 2009. Um crescimento aproximado de 200 % em 29 anos, ou uma média anual aproximada de 4%. Nota- se também uma maior taxa de crescimento a partir 1993, quando a taxa anual média passou a 4,8%. Simplificando os cálculos, esta taxa de crescimento implica em duplicar a frota em questão a cada 14 anos, aproximadamente.

A partir dos dados fornecidos pela tabela 2.1 e figura 2.1, pode-se montar o gráfico da figura 2.7, onde a frota foi segmentada por fase do PROCONVE. Devido ao início deste programa se dar no ano de 1986 e a série histórica iniciar-se no ano de 1980, nota-se uma grande participação de veículos pré-PROCONVE na primeira metade do gráfico

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Evolução da Frota de Veiculos da Cidade de São Paulo

0,0 1000,0 2000,0 3000,0 4000,0 5000,0 6000,0 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Ano U n id a d e s ( x 1 0 0 0 )

Figura 2.7: Frota da Cidade de São Paulo dividida pelas fases do PROCONVE. Fonte: elaboração própria com base em dados do MMA, IBGE e ANFAVEA

Analisando a figura 2.7, conclui-se:

• Há uma efetiva renovação da frota circulante de veículos leves (automóveis e comerciais leves) na cidade de São Paulo;

• A fase do PROCONVE que apresenta a maior proporção de veículos ao final da série histórica é a fase L3, devido ao longo período de vigência, de 1997 a 2007;

• A participação de veículos Pré-PROCONVE na frota circulante da cidade de são Paulo tende a ser nula a partir do ano de 2009;

A partir dos dados da figura 2.7, ponderaram-se os limites de cada fase do PROCONVE com os valores da frota circulante, obtendo-se o gráfico representado na figura 2.8, onde a curva representa a massa total de THC, CCO e NOx emitidos na atmosfera ao longo do período estudado.

Para a confecção do gráfico representado na figura 2.8, as seguintes premissas foram consideradas:

Frota de Automóveis e Comerciais Leves vs Fases do PROCONVE

0,0 1000,0 2000,0 3000,0 4000,0 5000,0 6000,0 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Anos (U n id a d e s x 1 0 0 0 ) Pre PROCONVE L1 L2 L3 L4 L5

• Veículos novos tendem a apresentar valores de emissões de poluentes abaixo dos limites da legislação. Porém, devido ao envelhecimento do sistema de pós-tratamento de emissões (fator de deterioração), estes valores tendem a aumentar e, eventualmente, ultrapassarem os respectivos limites, no final de sua vida útil. Desta forma, as emissões médias de um modelo de veículo ao longo de sua vida útil foram calculadas pelos limites da fase do PROCONVE do qual o referido modelo pertence.

• Conforme a figura 2.1, o PROCONVE limita as emissões de poluentes em “g/km”. Isto significa que um veículo pode emitir na atmosfera uma certa quantidade de massa de poluente por cada quilômetro que percorre em via pública. Com base nos dados presentes no 1° Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, de 2011, considerou-se uma quilometragem anual média de 12.000 km, independente do ano de fabricação. Como exemplo, um veículo fabricado em 1997 já teria percorrido 144.000 km até o ano de 2009.

Figura 2.8: Emissões totais da frota de veículos da Cidade de São Paulo Fonte: elaboração própria com base em dados do MMA, IBGE e ANFAVEA

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Total de Emissões na Cidade de São Paulo

0,0 100000,0 200000,0 300000,0 400000,0 500000,0 600000,0 700000,0 800000,0 900000,0 1000000,0 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Anos T o ta l d e e m is s o e s ( to n )

Pela análise da figura 2.8, conclui-se que, apesar da frota circulante de veículos leves da cidade de São Paulo estar aumentando no período 1993-2009 a uma taxa anual média de 4,8%, o nível de emissões se reduz no mesmo período a uma taxa média de 5,0%. Entretanto, há diversas variáveis que interferem nesta conclusão:

• Nível e qualidade da manutenção mecânica e elétrica do veículo ao longo de sua vida útil; • Qualidade do combustível utilizado;

• Quilometragem percorrida;

• Tipo de uso do veículo (urbano, rural, marginais, rodovias); • Forma de condução;

• Tipo de sistema de pós-tratamento de emissões adotado; • Outros.

Para um efetivo controle dos níveis de emissões da frota circulante, deve-se utilizar de programas de inspeções veiculares nos grandes centros urbanos, visando restringir a circulação de veículos que apresentem níveis de emissões em desconformidade com a legislação, até que estes sejam devidamente reparados.

Assim, qualquer iniciativa neste sentido será bem-vinda. Entretanto, deve-se verificar se a estratégia adotada nos programas de inspeção é compatível com o nível tecnológico da frota a ser inspecionada. Para ilustrar este fato, verificar-se-á a contribuição do catalisador na inspeção veicular adotada pela Prefeitura da cidade de São Paulo, presente na frota circulante em modelos fabricados a partir do ano de 1992.

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