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Grafico 20 – A faixa etária da população da Vila do Estevão

3 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

3.2 Desenvolvimento Sustentável e Turismo de Base Comunitária em Unidade de

3.2.5 Função da Estratégia da Gestão Turística

Nas últimas décadas, as áreas litorâneas foram muito usadas para o desenvolvimento do turismo. Ao mesmo tempo, em algumas áreas litorâneas, a pressão e as atividades turísticas dificultam a possibilidade de se manter a sustentabilidade nas atividades da indústria turística. Então, faz-se necessário consolidar um planejamento adequado para uma melhor integração do turismo nas áreas litorâneas, a fim de minimizar os seus efeitos negativos (UNEP, 2009).

Considerando a relevância dessa modalidade de turismo, torna-se essencial estimular a estratégia, como um caminho para atingir o desenvolvimento sustentável. É importante planejar o turismo, considerando as diversas dimensões e a complexidade, decorrente de sua interdisciplinaridade. Releva considerar as características socioambientais de cada destino turístico, como o exemplo do turismo dentro das Unidades de Conservação, fazendo-se necessário adequar o planejamento junto com os propósitos dessas instituições. Compreende-se que cada destino turístico possui caracterização própria condições e particulares inter-relações diferentes, que devem ser respeitadas no planejamento do turismo. Conforme Rodriguez e Silva, (2009), uma das formas de alcançar o desenvolvimento sustentável é por via de práticas de turismo bem planejadas. Como foi

destacado, o turismo sustentável considera ações economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente corretas. Sendo necessário analisar os planejamentos anteriores, conforme, UNEP (2009), a característica do planejamento turístico nas últimas décadas era de um processo simples, estimulando as construções das hospedagens, infraestrutura que permitem o acesso ao destino turístico, entre outros. Os planejamentos sistemáticos realizado nesta época denotavam as escolhas dos locais adequados para as construções de hotéis e resorts, aplicação dos planos locais de proteção de paisagens, padrões e efetivação de projetos de engenharia.

Quando o turismo é planejado por meio de perspectivas limitadas, na maioria das vezes, os destinos turísticos passam por alterações e impactos socioambientais produzidos pela própria atividade. Percebem-se a importância do planejamento, o respeito da perspectiva interdisciplinar do turismo, considerando os fatores envolvidos direta ou indiretamente na atividade turística.

De acordo com UNEP (2009), “A definição da integração é o processo de congregar os componentes separados como uma função do todo, que envolva coordenação da intervenção.” A fim de implantar e desenvolver as atividades turísticas, efetivamente, é importante envolver diversos fatores sociais, buscando compartilhar a perspectiva, a consciência e a preocupação (BRUNER; SWEETING; ROSENFELD, 1999). Para Dias (2003, p.28), “A intervenção política organizada, através do planejamento, quanto mais cedo for efetivada para controlar o desenvolvimento turístico, melhor resultado se obterá de um turismo sustentável: recurso natural, econômico, sociais (culturais) e ambientais.” Os impactos negativos nas últimas décadas foram correntes de uma falta de planejamento adequado e de uma perspectiva sustentável.

No Quadro 1, mostram-se os aspectos consideráveis no planejamento turístico. Conforme UNEP (2009), o planejamento do turismo deve considerar a continuidade, a flexibilidade, a adaptação e a transparência de seus processos. O turismo como atividade interdisciplinar necessita de um planejamento integrado, considerando os fatores seguintes.

Observam-se as inter-relações que o turismo abrange, exigindo o planejamento, considerando o equilíbrio entre os aspectos mencionados para obter um planejamento turístico voltado à sustentabilidade.

QUADRO1: Aspectos de integração que devem ser considerados no planejamento turístico Geográfico Integração das diferentes unidades territorial, como, a terra e o mar, a

zona costeira e o interior.

Sistêmico Necessidade de assegurar a consideração das interações total vinculados à atividade.

Funcional Intervenção da gestão setorial deve ser harmonizada pela gestão ampla e detalhada com objetivos e estratégias.

Política Gestão setorial da política, estratégias e o planejamento devem manter a cooperação para sua totalidade.

Interdisciplinaridade As disciplinas devem transcender suas fronteiras.

Vertical Integração das instituições e níveis administrativos como u, todo. Horizontal Integração das várias instituições em um mesmo nível administrativo. Planejamento Integração do planejamento em níveis administrativos deferentes.

Temporal Integração do planejamento e dos programas em prazo diferentes. Fonte: UNEP (2009). Elaboração: Takahashi (2015).

A seguir, explica-se a orientação especifica para realização de turismo de base comunitária, no parecer da Rede TUCUM (2013).

1. As atividades de Turismo Comunitário são desenvolvidas por grupos organizados e os projetos são coletivos.

2. O Turismo Comunitário se integra à dinâmica produtiva local, sem substituir as atividades econômicas tradicionais.

3. O planejamento e a gestão das atividades são de responsabilidade da organização comunitária local.

4. O Turismo Comunitário se baseia na ética e na solidariedade para estabelecer relações comerciais e de intercâmbio entre a comunidade e os visitantes.

5. O Turismo Comunitário busca promover geração e distribuição equitativa da renda na comunidade.

6. O Turismo Comunitário se fundamenta na diversidade de culturas e tradições, promovendo a valorização da população, da cultura e das identidades.

7. O Turismo Comunitário promove o relacionamento direto e constante entre grupos que também desenvolvem a experiência de um turismo diferente.

cultura e natureza que busque a justiça ambiental.

Confirmam-se o valor da organização e a participação dos próprios moradores das comunidades, que se orientam pela relação direta entre o turismo e a população local, permitindo a troca de cultura dos visitantes e com os moradores.

Assim, elaborada uma gestão turística adequada as condições socioambientais, as comunidades podem se integrar às atividades turísticas com as práticas tradicionais, o que fortalece a pertença local, a identidade coletiva e a cultura tradicional.

O planejamento é dividido em etapas, como explicam Rader (1998), apud Bruner, Sweeting, Rosenfeld (1999). O primeiro passo de planejamento do turismo com relação ao uso da terra é concretizar o objetivo do desenvolvimento do turismo e distribuir as ocupações de fatores sociais vinculados à atividade. Os objetivos devem basear-se na perspectiva social, ambiental, política e condição econômica, junto com os problemas e possibilidades. O segundo passo está no mapeamento e delimitação das áreas prioritárias de uso do turismo, comunidades locais e do estado de conservação. As informações e a capacidade tecnológica são fatores favoráveis para esta avaliação. O terceiro procedimento é a sistematização do planejamento do uso da terra, utilizando o turismo, como referência ambiental, social, entreganfo mapas de prioridades.

A fim de se constituir um turismo sustentável, faz-se necessário realizar o planejamento que contextualize a interdisciplinaridade do turismo com a participação de fatores sociais diversos, buscando obter harmonia nas inter-relações da sociedade com a natureza, por meio de uma visão sustentável.