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ILUMINAÇÃO PÚBLICA E SUAS FUNÇÕES

8- FUNÇÃO “LAZER”

O lazer passou a ocupar um espaço na atividade diária de uma boa parte das pessoas. Após o trabalho ou após a escola muitos vão à academias, e ou praças desportivas, clubes e também em áreas abertas dos municípios que estão em parques, praças, praias, bem como as várzeas próximas a conjuntos de casas populares. Essa atividade à noite requer uma iluminação dedicada e específica, seja no futebol da várzea, o vôlei na praia ou a corrida no parque.

Imagem 38 - “Todas as Luzes” de Paul Delvaux, 1962 Fonte: Jansen J.& Luhrs, Art in Light p. 66

Raramente se encontra uma iluminação dedicada a esta função em áreas abertas públicas. Também da atividade do lazer faz parte passear na rua à noite, como fazem algumas pessoas em áreas bem limitadas e iluminadas.

3.2. POSSIBILIDADES LOCAIS.

A visão de vários especialista desenvolvida e debatida num ateliê sobre o Projeto Urbano dedicado em Paris (Masbougi, 2003), mostra pelas colocações o que se pode observar e atingir utilizando a luz elétrica como ferramenta de trabalho. Pesquisas e desenvolvimentos posteriores mantiveram os posicionamentos expostos pelos participantes conforme relatado no livro “Penser la ville par la lumière” organizado por Masbougi (2003).

No prefácio deste livro, François Delarue (2003, p.6), Diretor de Urbanismo, da Habitação e da Construção da França, destaca os ateliês sobre o Pensar a Luz Urbana na ótica da paisagem da cidade, da luz e da arte contemporânea. Assim, mostra a importância que o conhecimento recente desenvolvido pelos primeiros “conceituadores de luz”, envolve mobilizar o saber e criatividade para repensar como é possível à noite revelar a cidade, criando um elo entre as urbanizações difusas, cujos bairros praticamente não se relacionam entre si, de modo a procurar ligar lugares e pessoas, organizando a cidade, facilitando a circulação das pessoas, induzindo mudanças no comportamento, servindo para aumentar a segurança e, ainda tratando da poluição luminosa.

Observa-se nessa bibliografia que Delarue (2003) também menciona a responsabilidade política da ação e da participação no processo de concepção e elaboração dos projetos urbanos. É possível então entender-se que há uma diferença quando se observa novas urbanizações ou renovações, como na Europa e Estados Unidos da América; no primeiro o Estado assume esses projetos enquanto que no segundo é a iniciativa privada que frequentemente empreende vários projetos e suas implantações buscando soluções específicas às características locais. No Brasil, entretanto, empreendedores de loteamentos precisam ao realizar suas implantações seguir os modelos de iluminação segundo as principais legislações municipais e/ou da

companhia de energia, conforme o caso.

Um dos aspectos mais nítidos em todas as cidades nesse modelo de desenvolvimento é o crescimento, algumas vezes, fragmentados, desconectados e sem história, como Ariella Masboungi (2003) apresenta em sua obra, onde explicita como a contribuição da luz elétrica poderia ser um elo, ou ferramenta do projeto urbano para estabelecer sua estrutura, legibilidade e forma junto aos territórios menos marcados pela história ou tradições. Assim, como na iluminação interna Masboungi (2003) trata a ferramenta luz elétrica como um material arquitetônico que permite transformar as cidades para pior ou melhor, criando na memória coletiva uma impressão durável, com um cenário que eventualmente pode ser espetacular e excitante.

Hoje o que se tem em termos de transformação na luz urbana no país é apenas uma transformação energética, onde a conseqüência sensível aos olhos é a mudança de cor da luz, de branca para amarela, com a deterioração da qualidade da reprodução de cores, da mesma forma que ocorre no resto do mundo.

Segundo a concepção de Junishiro Tanizaki (2007), o que se busca é a apropriação da ferramenta iluminação para somar qualitativamente ao espaço construído, levando a um produto final de luzes e sombras justapostas que criam o belo. No entanto, esta criação não chega a prejudicar a paisagem urbana com a sua banalização ou teatralização, como se preocupa Claude Eveno (2003). Mas Joel Bateux (2003, p.12), contra argumenta dizendo que “não é porque alguns fazem pinturas indecentes que se deveria privar-se da pintura”. E afirma contundentemente Masboungi (2003, p.12) que “A luz é um dado novo que não pode ser ignorado no espaço urbano,...”.

Ampliando esse pensamento, Masboungi (2003) afirma que a luz elétrica pode fabricar a cidade por sua leveza, rapidez e eficácia de sua utilização, sendo assim comparável à pintura da cidade, durante o dia. A sua flexibilidade também é destacada pela especialista, dada a sua reversibilidade, cuja dinâmica é praticada hoje em raríssimos pontos no mundo, pouco pesquisada e explorada, mas exprime grande potencial. Nesse sentido a autora mostra dois aspectos importantes, mas pouco tratados na literatura especifica, sendo que a iluminação é uma ferramenta forte e ainda pouco praticada na iluminação urbana, assim: pode ser testada para avaliar sua verdadeira

grandeza que dá nova leitura a percursos e lugares; como também, pode ser testada na prefiguração de projetos para verificar sua aceitação social e, por exemplo, na eficácia na estruturação de uma região ou cidade.

O teste e a prefiguração da iluminação de vias urbanas como mostra Masboungi (2003), são necessários para visualizar os resultados. No entanto, aqui no Brasil estes procedimentos não são nada usuais. Aqui, em geral, se olha apenas números derivados de normas ou de recomendações e possibilidades de instalações de equipamentos padronizados.

Masboungi (2003) considera que trabalhar com a luz abre novas perspectivas que vão de encontro às bases qualitativas expressas nas várias funcionalidades que se pode reconhecer na luz da cidade. Essas funções podem ser consideradas em 8 grupos e se expõe a seguir:

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