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Funções abordadas neste estudo

3. Caracterização do setor de atividade em estudo

3.5. Funções abordadas neste estudo

A atividade florestal contempla as três seguintes fases distintas: 293

93

907 455

0 200 400 600 800 1 000

Sem dias de baixa 1 a 3 dias 4 a 30 dias Mais de 30 dias

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Neste trabalho vamos focar-nos nas funções que se encontram nas duas últimas fases apresentadas, a exploração florestal e o transporte.

A segunda fase do processo produtivo engloba o corte e a rechega das árvores. Esta fase ela ocorre quando as espécies plantadas atingem a sua maturidade e é a altura de realizar a exploração florestal, previamente à realização desta fase deverá ser feita uma planificação dos trabalhos pelo produtor florestal ou pelo prestador de serviços de forma a que as árvores e os trabalhos a realizar possam ser valorizados economicamente de forma estimada. Para que esta fase ocorra tem de haver intenção de venda por parte do produtor florestal, regra geral, o produtor vende o material lenhoso contido no terreno à empresa que mais vantagem oferecer. Uma outra vantagem da planificação dos trabalhos traduz-se num aumento significativo da produtividade uma vez que as árvores depois de cortadas tendem a perder peso ao longo dos dias, e dependendo do tipo de material lenhoso em causa poderá valorizar no caso de ser cortado em algumas dimensões específicas. A exploração florestal subdivide-se em duas fases, o corte e a rechega das árvores.

 Corte das árvores:

A operação de corte é a primeira etapa da exploração florestal e subdivide-se nas operações de abate, desgalhamento e toragem (estas duas operações poderão chamar-se de processamento se ambas forem realizadas do mesmo modo) e empilhamento. Toda a operação de corte poderá ser realizada de forma manual ou mecanizada, com diferenças entre elas já que as duas formas podem ser executadas em qualquer uma das operações de corte de forma independente ou de forma complementar. A escolha da forma da execução das operações de corte deverá ter em conta o tipo de árvore que se vai cortar, a

Plantação

Exploração

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cartografia do terreno, o destinatário e a sua finalidade. Uma das condicionantes da escolha do modo como se realiza o corte está relacionada com a disponibilidade dos equipamentos mecânicos.

O abate consiste no derrubamento das árvores para o solo, esta operação consiste em cortar as árvores permitindo que as mesmas caiam no solo, o abate manual é um tipo de operação muito utilizada nas explorações florestais de eucalipto superiores à primeira rotação8 pois facilita o processo tornando-o muito mais rápido, as árvores poderão ser depois processadas harvester (de forma mecanizada) (fig. 12) o que permite que toda a operação excetuando o abate seja mecanizada. No caso de toda a operação ser manual, após o abate, o motosserrista procede ao desgalhamento das árvores que consiste em retirar os ramos contidos nas árvores, a tarefa seguinte é a toragem que consiste em cortar as árvores na largura solicitada pelo cliente, a última fase é o empilhamento que consiste em empilhar o material lenhoso (por norma com 2,3m de comprimento) em pequenas pilhas espalhadas pelo campo. Caso o abate seja mecanizado (fig. 13) este consiste no derrube das árvores com o Harvester que permite que todas as outras operações do corte sejam realizadas de forma mecanizada e de uma forma consecutiva.

Figura 12- Processamento mecanizado de corte com abate manual (Fonte: ffernandes.pt)

8 Os eucaliptais, regra geral, são cortados de 10 em 10 anos pois os mesmos regeneram sem que seja

necessária a intervenção do homem, no entanto, após o primeiro corte cada cepa de árvores vai conter mais que um pé de árvore o que acaba por dificultar o posicionamento da cabeça de corte mecanizada na hora de realizar o abate por falta de espaço.

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Figura 13- Abate direto com harvester (Fonte: https://www.deere.co.za)

 Rechega das árvores:

A operação de rechega consiste na extração dos produtos florestais resultantes do corte para um local onde possam ser carregados, esta operação poderá incluir a carga dos produtos ou o empilhamento dos mesmos (fig. 14). De acordo com os seguintes fatores são escolhidos pelo prestador o equipamento de trabalho que se vai utilizar: Tipo de produto para a recolha9, declive do terreno, tipo do solo, limites das áreas cortadas.

Figura 14- Rechega e empilhamento realizada pelo forwarder (Fonte: Youtube – TheBanum)

9 Para realizar uma rechega de lenha seca cortada no local das árvores secas à medida das lareiras (45cm)

o equipamento de trabalho a ser utilizado é um trator agrícola com um carregador frontal e um balde, se as áreas de corte forem relativamente distantes umas das outras poderá ser utilizado um trator agrícola com um reboque florestal que facilita bastante na deslocação, se o corte for realizado numa zona de declives acentuados o equipamento de trabalho a ser utilizado é um forwarder, ou eventualmente o skidder.

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 Transporte das árvores:

A terceira fase do processo produtivo é o transporte, é a fase que finaliza o processo produtivo e termina na entrega dos produtos ao fabricante, o transporte de madeira é realizado pelo motorista que conduz o pesado desde o ponto de carga (fig. 15) até ao fabricante (fig. 16).

Figura 15- Operação de carga no pesado (Fonte: autor)

Figura 16- Chegada da madeira ao fabricante (Fonte: The Navigator Company)

Até há poucos anos, o sector florestal no nosso país caracterizou-se pelo seu desenvolvimento, quer em termos de recursos humanos quer em termos de equipamentos, por exemplo, no caso dos operadores de máquina sempre existiram recursos humanos suficientes para cobrir a oferta de trabalho e muitos portugueses saíram para toda a Europa

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para trabalhar com equipamentos no setor, principalmente para Espanha, por não haver recursos humanos) suficientes (ou capazes) nesses países e as condições de trabalho serem superiores às de Portugal. Porém, atualmente, a situação está um pouco diferente do que fora outrora, atualmente não existem recursos humanos suficientes para a realização de trabalhos manuais no setor, concretamente para a função de motosserrista ou empilhador manual de madeira, relativamente ao número de operadores de máquina, apesar de não haver encontrado nenhum dado oficial, nota-se também um pouco por todo o setor que a mão-de-obra cada vez é mais escassa e cada vez se encontra menos população jovem a dedicar-se a aprendizagem desta profissão.

O setor de atividade tem presente algumas condicionantes que diminuem cada vez mais a oferta de mão-de-obra, considerando as funções de motosserrista, operador de

máquina, motorista de pesados e encarregado florestal:

 Polivalência de funções: Cada vez mais se encontra presente esta condição no setor, muitas vezes as empresas têm uma dimensão tão pequena que existem trabalhadores que poderão acumular mais que uma função. Esta condicionante é comum às quatro tarefas aqui enumeradas10.

 Horários de trabalho superiores aos limites legais: esta condicionante abrange as atividades de operador de máquina, motorista de pesados e encarregado florestal e em alguns casos a de motosserrista, isto porque os locais de trabalho divergem à medida que se vão finalizando as explorações florestais e muitas vezes a distância obriga a que se realizem mais de oito horas de trabalho diárias, algumas empresas propõem também na contratação de operadores de máquina e motoristas de pesados a realização de mais horas de trabalho efetivas11 excluindo as horas necessárias para a manutenção e abastecimento dos equipamentos.

 Produção e objetivos inatingíveis: muito comum às quatro funções abordadas, esta problemática surge porque o preço dos serviços muitas vezes não permite

10 Cada vez mais se verifica esta situação, desde os motosserristas que têm que organizar o seu trabalho

porque não existe o apoio do encarregado florestal para organizar (ou não existe de todo na empresa), aos operadores de máquina que são responsáveis pela manutenção e reparação dos equipamentos (porque também ao nível da mecânica de máquinas florestais o país atravessa uma “crise de mão-de-obra, os motoristas de pesados que muitas vezes são encarregues de organizar as cargas diretamente com os clientes e os encarregados florestais que para além de tomarem conta das explorações florestais são muitas vezes responsáveis por questões que envolvem faturação, manutenção de sistemas de gestão, organização dos serviços de segurança no trabalho, laboração com máquinas e outros equipamentos florestais.

11 Quando refiro as horas efetivas estou a referir-me a horas reais de trabalho com as máquinas a somar oito

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uma margem de lucro adequada o que leva as empresas a estabelecerem objetivos e metas difíceis.

Muitas vezes impossíveis de alcançar, cada exploração florestal é diferente da outra e, normalmente, essas diferenças não são tidas em conta pelos empregadores.

 Condições precárias: Em algumas empresas do sector as condições de trabalho são precárias, comum a todas as funções enumeradas, existem empresas que não têm em conta as obrigações legislativas, quer ao nível da segurança e saúde no trabalho12, quer ao nível das obrigações fiscais nomeadamente para a segurança social13.

 Utilização de equipamentos de trabalho obsoletos: afeta principalmente os operadores de máquina, este problema deve-se ao facto de no setor existir uma enorme dificuldade em encontrar quem realize as manutenções aos equipamentos, também pelo facto das margens de lucro não permitem uma renovação dos equipamentos de trabalho na altura devida, isto faz com que, ainda nos dias de hoje, existam algumas empresas que detêm equipamentos de trabalho que nem dispõem de marcação CE e outros equipamentos que pela sua utilização e pouca manutenção se encontram obsoletos para o trabalho sem as mínimas condições de trabalho e de segurança.

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