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As florestas tropicais – e, por extensão, a mata atlântica – têm como principais benefícios, de acordo com diferentes pesquisas, a proteção do solo contra a erosão e o controle dos ciclos hídricos, impedindo ou reduzindo os efeitos de enchentes, assoreamento e sedimentação (TONHASCA JR., 2004).

O Código Florestal de 1965 (BRASIL, 1965) reconhece a importância das APPs, no cumprimento das seguintes Funções Ambientais: de preservação dos recursos hídricos, da paisagem e da estabilidade geológica; de manutenção da biodiversidade, do fluxo gênico da fauna e da flora; e de proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. Já Costanza et al. (1997) e a Millennium Ecosystem Assessment (2003; 2005) fazem abordagens com o termo Serviços Ecossistêmicos, interpretação que se tornou mais usual nas diferentes instâncias internacionais.

De Groot (1992) propõe a Avaliação Funcional do Ecossistema, que possibilita identificar as características ambientais como Funções Ambientais de Regulação, Produção, Suporte e Informação. As Funções Ambientais representam a capacidade dos processos e componentes naturais do ecossistema em fornecer bens e serviços que satisfaçam, direta ou indiretamente, às necessidades humanas. Nesta pesquisa, estas Funções foram interpretadas a partir dos fluxos de massa e energia dos processos que formam as estruturas da Floresta Tropical.

As funções de regulação estão relacionadas com a capacidade dos ecossistemas naturais ou semi-natural em regular os processos ecológicos

essenciais ao suporte da vida, contribuindo para a manutenção da saúde ambiental, entre outros, pelo fornecimento de ar, água e solo, não poluídos. A função de suporte se dá pelo fornecimento de espaço e substrato adequados para muitas atividades humanas, tais como habitação, cultivo, recreação e conservação.

Já a função de produção, está relacionada à capacidade do ambiente em fornecer recursos, desde alimentos e matéria prima para o uso industrial, até recursos energéticos e material genético. As funções de informação se devem à capacidade do ambiente em contribuir para a manutenção da saúde mental, pelo fornecimento de oportunidades para reflexão, enriquecimento espiritual, enriquecimento cultural e desenvolvimento cognitivo. A seguir, são descritas as 37 funções ambientais citadas por De Groot (1992) e sua correlação com as florestas:

1. Regulação contra influências cósmicas prejudiciais: A cobertura vegetal protege o solo e sua biota contra os efeitos nocivos dos raios UV.

2. Regulação do balanço local e global de energia: Manutenção da cobertura vegetal do solo durante a maior parte do tempo, não permitido um aumento da temperatura, devido ao albedo do solo descoberto.

3. Regulação da composição química da atmosfera: Balanço positivo CO2/O2,

principalmente pela presença de árvores nas propriedades e também pela não emissão de CH4 que poderiam ser emitidos dependendo do manejo (uso de

fertilizantes nitrogenados) e das atividades agropecuárias desenvolvidas.

4. Regulação da composição química dos oceanos: Não emitindo poluentes (Agrotóxicos e resíduos) para os cursos de água que poderiam atingir o os oceanos.

5. Regulação do clima local e regional (incluindo o ciclo hidrológico): Através da manutenção de árvores influenciando positivamente a temperatura e a umidade relativa. Mantendo e conservando as nascentes de água e minas com a presença de mata ciliar.

6. Regulação do escoamento superficial, sub-superficial, da infiltração e das enchentes: Depende basicamente da capacidade de infiltração do solo, onde o teor de Matéria Orgânica (MO) é bastante importante para evitar a

compactação e melhorar a estrutura (porosidade) e aumentar a retenção de água.

7. Recarga de aqüíferos e conservação de nascentes: A manutenção da MO no solo afeta a estrutura do solo, que evita a compactação e facilita a infiltração da água.

8. Prevenção da erosão: Solos com constante cobertura, sem compactação e alto teor de MO são mais resistentes à erosão.

9. Formação do solo e manutenção da fertilidade: A presença de MO, da biodiversidade e de uma alta atividade biológica contribuem para a formação do solo;

10. Produção de biomassa: A floresta produz biomassa verde (árvore e arbustos) e biomassa morta (serapilheira).

11. Estoque e ciclagem de matéria orgânica: Uma agricultura de produto, não se preocupa com a ciclagem da MO porque ela adquire inputs externos, já em fragmentos florestais a ciclagem e manutenção do estoque de MO é um processo natural.

12. Estoque e ciclagem de nutrientes: Uma agricultura de produto, não se preocupa com a ciclagem de nutrientes ao contrario de um fragmento que realiza a ciclagem de nutrientes de forma natural e contínua.

13. Estoque e reciclagem de efluentes industriais e domésticos: O fragmento florestal pode atuar como filtro biológico ao reter e reciclar os efluentes.

14. Regulação do controle das populações: A manutenção da biodiversidade é um dos princípios para o sucesso de uma agricultura sustentável estimuladora do controle biológico natural e o fragmento florestal dá manutenção a este processo.

15. Manutenção da migração e de habitats reprodutivos: Agroecossistemas que apresentam florestas e não utilizam venenos, podem contribuir para tal função. 16. Manutenção da biodiversidade: Agroecossistemas que apresentam florestas e não utilizam venenos, podem contribuir para tal função.

18. Cultivos (agricultura, pecuária, aqüicultura): A presença de fragmentos florestais contribui para com o “fornecimento” de polinizadores e controle biológico das atividades agropecuárias.

19. Conversão de energia: A fotossíntese contribui muito para esta conversão, assim como as cadeias tróficas.

20. Recreação e turismo: Propriedades florestadas podem desenvolver atividades de agro turismo e o eco turismo.

21. Proteção da natureza: Propriedades com áreas de reserva florestal podem exercer essa função.

22. Oferta de oxigênio: Depende do balanço final Produção/Consumo, mas a presença de árvores na propriedade contribui para essa função.

23. Oferta de água com qualidade: Está relacionada com a característica geológica da área e a presença de áreas florestadas.

24. Oferta de alimentos: Florestas podem fornecer frutas silvestres e produtos apícolas. Depende do manejo adotado.

25. Recursos genéticos: A manutenção de áreas naturais favorece a preservação dos recursos genéticos.

26. Recursos medicinais: As áreas florestadas permitem a manutenção dos recursos medicinais já conhecidos e aqueles que ainda não foram reconhecidos.

27. Matéria primas: Florestas podem fornecer fibras e madeira.

28. Matéria prima para indústria: Fornecimento sustentável de madeira

29. Recursos bioquímicos não relacionados aos usos medicinais e energéticos: Espécies florestais podem ofertar óleos, resinas e gomas.

30. Oferta de energia: Oferta de matéria orgânica, nutrientes e biomassa.

31. Fertilizantes e alimentos para animais: Utilização da serrapilheira como fonte de matéria orgânica e nutrientes.

32. Recursos ornamentais: orquídeas e bromélias, podem ser colhidas de maneira sustentável nos áreas florestadas.

33. Beleza cênica (características estéticas): A floresta, com uma maior diversidade, não apresenta a monotonia da paisagem de uma monocultura.

34. Enriquecimento espiritual: Depende dos aspectos culturais de cada população.

35. Obtenção de informações históricas: Pela presença e preservação de árvores raras e antigas; também pode-se conservar valores e tradições de determinadas regiões.

36. Desenvolvimento de características culturais e inspiração artística: A paisagem florestal é biodiversa e heterogenia.

37. Obtenção de informações científicas e culturais: É um laboratório ao ar livre para o desenvolvimento de estudos científicos e culturais.

Para este trabalho de pesquisa optou-se trabalhar com o conceito de Serviços Ambientais, pois este conceito é amplamente empregado, por diferentes Instituições, no Brasil.

2.6 AVALIAÇÃO EMERGÉTICA

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