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Funções de Guarda Costeira

No documento O exercício da Autoridade do Estado no Mar (páginas 96-101)

4. Análise de Necessidades e Requisitos

4.3. Funções de Guarda Costeira

Os Estados tiveram sempre interesse na proteção e preservação do seu mar territorial, no conhecimento das atividades desenvolvidas bem como na aplicação de impostos sobre as mesmas atividades exercidas dentro dos espaços de sua responsabilidade (Eufrázio, 2017, p. 34). O exercício de autoridade do Estado no mar, segundo Neto (2012. pp. 399-401) teve suas origens na idade média, tendo surgido de várias formas, desde o domínio dos espaços marítimos, fiscalização da pesca e controlo da navegação, cobrança de impostos e outras atividades.

O exercício de autoridade do Estado no mar implica um acompanhamento de vigilância, fiscalização e monitorização das atividades ali realizadas a fim de preservar e proteger os seus interesses. Segundo Neto (2012, pp. 409-410) as principais funções de guarda costeira, de modo a garantir o cumprimento do da lei no mar, preservando deste modo a soberania e jurisdição do Estado, são:

➢ Salvaguarda da vida humana no mar e salvamento marítimo; ➢ Assinalamento marítimo, ajudas e avisos à navegação; ➢ Segurança e controlo da navegação;

➢ Segurança na faixa costeira, nas fronteiras marítimas e fluviais;

➢ Fiscalização das atividades de exploração dos recursos vivos e não vivos; ➢ Preservação e proteção dos recursos naturais e do meio ambiente marinho; ➢ Preservação da saúde pública;

➢ Preservação e repressão dos atos ilícitos;

➢ Proteção civil, com incidência no mar e na faixa litoral. 4.3.1. Funções de Guarda Costeira da União Europeia

O European Coast Guard Functions Forum foi criado em 2009, é um fórum autónomo e sem conotação política, promove questões marítimas de interesses comum, integrando autoridades de polícia, marinhas e organizações de guardas de costeiras de Estados membros da EU, tem como principal objetivo desenvolver e fortalecer a cooperação e a coordenação das funções de guarda costeira na Europa.

No desenvolvimento das funções de guarda costeira, o Forum é apoiado por três agências europeias: Agência Europeia de Segurança Marítima (European Maritime Safety Agency), sedeada em Lisboa, Portugal, especializada em segurança marítima, combate e à poluição do meio ambiente marinho por navios, plataformas petrolíferas e outras estruturas; Agência Europeia de Guarda Costeira e de Fronteiras (European Border rand Coast Guard Agency), sediada em Varsóvia, Polónia, destinada a melhorar a gestão das fronteiras externas da UE; e a Agência Europeia de Controlo das Pescas (European Fisheries Control Agency) sediada em Vigo, Espanha, responsável pela gestão, controlo, coordenação e inspeção da pesca no espaço marítimo europeu (Maritime Cyprus, 2018).

As principais funções de guarda costeira da UE desenvolvidas pelo Forum, são: 1. Segurança marítima (safety):

1.1. Verificação e certificação do Estado de bandeira; 1.2. Inspeções de controlo pelo Estado do porto;

1.3. Administração e controlo das atividades.

2. Proteção dos transportes marítimos e dos portos (security): 2.1. Atividades operacionais;

2.2. Atividades administrativas. 3. Alfândegas marítimas:

3.1. Atividades de controlo em áreas marítimas; 3.2. Atividades operacionais.

4. Preservação e repreensão do tráfico de estupefacientes e do contrabando e aplicação da lei associada:

4.1. Atividades preliminares; 4.2. Desenvolvimento; 4.3. Fase pré-operacional; 4.4. Fase operacional; 4.5. Tarefas relacionadas. 5. Controlo das fronteiras marítimas:

5.1. Atividades de controlo.

6. Vigilância e monitorização marítima, incluindo o controlo de tráfego marítimo; 6.1. Controlo de tráfego marítimo

6.2. Monitorização das embarcações; 6.3. Monitorização dos espaços marítimos; 6.4. Análise de dados e correlação;

6.5. Operações e exercícios de soberania nacional no mar, combate ao terrorismo, e outras políticas comuns de segurança e defesa do Estado. 7. Proteção do meio ambiente marinho e combate à poluição:

7.1. Proteção do mar;

7.2. Controlo dos resíduos a bordo dos navios;

7.3. Respostas aos derrames de hidrocarbonetos no mar. 8. Busca e salvamento marítimo:

8.1. Atividades no MRCC; 8.2 Atividades aéreas.

8.3 Atividades de superfície 9. Assistência a navios em dificuldades:

9.1. Atividades dos serviços de assistência marítimas (Maritime Assistance Service - MAS);

9.2. Atividades administrativas.

10. Respostas a acidentes e desastres marítimos:

10.1. Atividades de preparação para socorro em massa em terra; 10.2. Operações de socorro em massa no mar;

10.3. Atividades administrativas relativas ao socorro em massa. 11. Controlo e inspeção de pescas:

11.1. Acompanhamento e controlo das atividades de pesca; 11.2. Acompanhamentos e inspeções.

12. Atividades relacionadas com as funções de guarda costeira acima identificadas. 4.3.2. Guarda Costeira dos EUA

A guarda costeira dos Estados unidos (United States Coast Guard – USCG) é um serviço militar, constituindo um dos cincos serviços armados do país, estando em tempo de paz subordinado ao Departamento de Segurança Interna (United State Department of Homeland Security – DHS, conhecido simplesmente de Homeland Security) e em tempo de guerra está subordinada aos Departamento de Defesa Nacional (United State Department of Defence – USDoD). A USCG fundada em 4 de agosto de 1870 é uma das maiores e mais atingas guardas costeira do mundo, dotadas de capacidades e recursos humanos e materiais que superam neste âmbito várias marinhas à nível mundial (USCG, 2014, p. 103), atuando no âmbito militar e civil.

No âmbito civil as suas principais funções são segurança marítima (safety), proteção da navegação e das instalações portuária (security), condução e execução das operações e serviços SAR, proteção e preservação dos recursos naturais e do meio ambiente marinho, combate ao narcotráfico, combate ao crime organizado, combate à imigração irregular, combate à pesca ilegal, combate ao assalto à mão armada e a pirataria, assinalamento marítimo e ajudas a navegação, combate a poluição e a

contaminação marítima, patrulhamento internacional do gelo, incluindo quebra de gelo, em canais, barras e portos, investigação de acidentes marítimos e garantir a proteção dos interesses económicos e de segurança do País, em qualquer região marítima, incluindo águas internacionais (USCG, 2014).

4.3.3. Guarda Costeira do Reino Unido

A Guarda Costeira do Reino Unido, denominada de Her Majesty´s Coastguard é uma das mais antigas do mundo, tendo sua origem em ações de combate ao contrabando e assistência a naufrágio ao longo dos séculos XVII e XVIII (The National Archives). A Her Majesty´s Coastguard é o órgão de execução e aplicação da lei no mar, não militar, vocacionado principalmente para as operações e serviços SAR, segurança marítima e da navegação, constitui uma das secções da Maritime and Coastguard Agency, entidade responsável pela implementação da política de segurança marítima, pela ativação e coordenação de todas as operações e serviços SAR de caris civil dentro da Região de Busca Salvamento Marítimo do Reino Unido (Neto, 2012, p. 414-415).

No Reino Unido o exercício de autoridade do Estado no mar está distribuído por vários órgãos e entidades civis, por exemplo: a gestão, administração e o controlo de fronteiras e alfândegas marítimas estão sob responsabilidade da United Kingdom Boarder Agency, que em 2013 subdividiu-se pela United Kingdom Visas and Immigration responsável pela política do sistema de conceção de vistos, pela United Kingdom Border Force responsável pelas operações de controlo de fronteiras marítimas, terrestres e aéreas, e pela Immigration Enforcement responsável pela aplicação da lei de imigração; A formação dos marítimos, a promoção da segurança no mar, os serviços de pilotagem, o fornecimento e manutenção das ajudas a navegação, boias e sistemas de comunicação por rádio e satélite é de responsabilidade da Corporation of Trinity House of Deptford Strong; E a Royal National Lifeboat Institution que é uma organização humanitária privada, opera no âmbito de operações e serviços SAR, dispõe de seus próprios meios humanos e materiais, sendo que, é financiada apenas por doações e legados de instituições públicas e privadas e da população em geral, maior parte dos seus membros são voluntários não remunerados.

No documento O exercício da Autoridade do Estado no Mar (páginas 96-101)

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