A Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) abordada no presente estudo de caso, será a Fiocruz, sendo esta considerada uma ICT de referência nacional e internacional na área de pesquisa biomédica.
Cumpre registrar que a Fiocruz, foi criada pelo Decreto nº 66.624, de 22 de maio de 1970, dotada de personalidade jurídica de direito público, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede na cidade do Rio de Janeiro, com prazo de duração indeterminado, tem por finalidade desenvolver atividades no campo da saúde, da educação e do desenvolvimento científico e tecnológico (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2016)
Nesse contexto de atuação, a Fiocruz desempenha papel estratégico para o fortalecimento do Sistema Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação em Saúde, sendo importante agente estatal no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias para o Sistema Único de Saúde (SUS). Logo, depreende-se que a ICT atua como um ator relevante da constituição de ambientes voltados ao desenvolvimento científico e tecnológico, contribuindo para o processo de inovação em saúde pública.
A missão institucional da Fiocruz contempla a produção, disseminação e compartilhamento de conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do SUS (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2016).
Assim, em sintonia com o tema da presente tese e de acordo com o método utilizado na pesquisa, foi desenvolvida uma proposta de intervenção no modelo de operação da Coordenação-Geral de Planejamento Estratégico da Fiocruz, no que concerne aos requisitos para condução de projetos em cooperação. Desta forma, o estudo de caso foi dotado de uma aplicação do protótipo da ferramenta computacional, de acordo com as novas possibilidades trazidaspelo Marco Legal da C,T&I. Vale ressaltar que o Ministério da Saúde ainda não dispõe de sistema de informação que norteie a celebração de projetos de pesquisa de acordo com o novo marco regulatório.
A Instituição escolhida como objeto do presente estudo de caso representa um importante modelo de ICT, tendo em vista a amplitude de sua atuação no campo da Ciência, Tecnologia e Inovação na área biomédica, bem como o expressivo montante de recursos que são captados, tal como apresentado no quadro 1 abaixo:
Quadro 1 - Valores aportados em Acordos firmados.
Tipo de Instrumento Quantidade Valor (R$)
Cooperação Amplo 66 R$ 0
Cooperação Específico 114 R$ 0
Despesa 19 R$ 117.309.479
Receita 220 R$ 7.475.891.202
Total Geral (Ano 2016) 419 R$ 7.593.200.682
Fonte: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2016b. 4.1 CARACTERÍSTICAS DA FIOCRUZ
A Fiocruz é uma instituição de ciência e tecnologia, vinculada ao Ministério da Saúde, que realiza atividades essenciais para o SUS, considerando: produzir, disseminar e compartilhar conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e a consolidação do SUS e que contribuam para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, para a redução das desigualdades sociais e para a dinâmica nacional de inovação, tendo a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla como valores centrais, a Fiocruz realiza suas ações no âmbito dos seguintes eixos (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2017):
i) Eixo 1: Atenção, Promoção, Vigilâncias, Geração de Conhecimentos e Formação para o SUS;
ii) Eixo 2: Ciência, Tecnologia, Saúde e Sociedade; iii) Eixo 3: Inovação e Complexo Produtivo em Saúde; iv) Eixo 4: Saúde e Sustentabilidade Socioambiental; v) Eixo 5: Saúde, Estado e Cooperação Internacional.
Como registrado em seu Relatório de Gestão de 2016, especialmente quanto ao Eixo 3: Inovação e Complexo Produtivo em Saúde, a Fiocruz tem como visão: Ser instituição pública de referência em inovação, desenvolvimento e produção de insumos para a saúde orientada às necessidades sanitárias e perfil epidemiológico da população brasileira, prioritariamente, e ao fortalecimento do SUS(FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2017).
No tocante aos resultados esperados para a sociedade, a Fiocruz possui os seguintes compromissos vinculados à produção de insumos:
i) Contribuir para a ampliação e o desenvolvimento da base produtiva nacional biotecnológica, farmacêutica, farmoquímica, fitoterápicos, fitofármacos, kits para diagnóstico e demais insumos para a saúde.
ii) Contribuir para a ampliação do acesso a insumos estratégicos, visando à redução da vulnerabilidade tecnológica do SUS, de forma sustentável. iii) Contribuir para o desenvolvimento de uma base produtiva nacional na área
de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) aplicadas às necessidades do SUS.
Os processos internos da Fiocruz consideram as seguintes ações, dentre outras: i) Estruturar e gerenciar de forma integrada as políticas e o portfólio de produtos e processos, desenvolvimento tecnológico e apoio estratégico (inclusive parcerias de desenvolvimento produtivo - PDPs) no que se refere a bioprodutos, base química, insumos diagnósticos e biomodelos experimentais para PD&I.
ii) Fomentar o desenvolvimento de produtos inovadores.
iii) Desenvolver novos modelos de cooperação voltados para a inovação, levando em consideração as abordagens abertas de gestão da tecnologia e da propriedade intelectual e assegurando o acesso às tecnologias desenvolvidas. iv) Atuar proativamente para subsidiar as ações regulatórias no âmbito do Complexo Produtivo da Saúde.
v) Ampliar e consolidar a capacidade de prestação de serviços tecnológicos. vi) Ampliar e consolidar plataformas tecnológicas de desenvolvimento e produção de insumos (biotecnológica, química, tecnologias diagnósticas, fitoterápicos e fitofármacos).
Além da geração de conhecimento, a Fiocruz atua no desenvolvimento de produtos e processos com aplicação potencial como: novas vacinas, medicamentos à base de plantas, métodos de diagnóstico e monitoramento da saúde do trabalhador, aumento do número de patentes brasileiras e aprimoramento do sistema de saúde nacional.
Um dos macroprocessos da Fiocruz diz respeito à Produção de Insumos para a Saúde e contempla as atividades de produção industrial de medicamentos, vacinas e soros e reagentes diagnósticos, que concentram a maior parte dos recursos orçamentários (mais de 50%) destinados à Fiocruz.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos - BioManguinhos garante a autossuficiência em vacinas essenciais para o calendário básico de imunização do Ministério da Saúde. O Instituto de Tecnologia em Fármacos - Farmanguinhos, maior laboratório oficial vinculado ao Ministério da Saúde, produz mais de um bilhão de unidades de medicamento/ano, destinados aos programas estratégicos do SUS. O Instituto Carlos Chagas, unidade técnico-científica localizada em Curitiba, produz dispositivos para diagnóstico de Hantavirose (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2017).