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A PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA: OS NOVOS MODELOS DE GESTÃO NA POLÍTICA DE SAÚDE BRASILEIRA

3.2. Fundação Pública de Direito Privado na Saúde

A Fundação é entendida como entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com patrimônio próprio, autonomia gerencial, orçamentária e financeira, vinculadas a Secretaria Estadual de Saúde.

A personalidade jurídica possibilita que os contratados pela fundação sejam regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Desse modo, os funcionários são classificados como celetistas e não mais como estatutários.

Essa mudança se associa a Reforma Gerencial que redefiniu o conceito de emprego público, que passou a ser característico de um funcionário próprio não estável subordinado às normas do direito privado. O servidor público tradicional, que é um estatutário, tem seu regime de trabalho estabelecido por normas gerais permanentes e impessoais, com funções, regras e remuneração habitualmente definidas por lei. Ao contrário, o celetista observa uma

relação contratual que sempre pressupõe uma liberdade de negociação de preços e condições, ou seja, ele está submetido às leis do mercado.

Foram criadas através da lei complementar n° 92/2007 para atuar em nove áreas do serviço público (serviços “não exclusivos”), dentre as quais se encontra a área da saúde.

Destaca-se que a Fundação da Saúde tem legislação específica, dentre as quais temos:

● Lei Complementar 118/2007 - que reconhece a área da saúde como sujeita a

desempenho por Fundação Pública, nos termos do artigo 37 da Constituição Federal de 1988.

● Lei 5164 de 17 de dezembro de 2007 – Autoriza o poder executivo a instituir a

Fundação Estatal dos Institutos, Fundação Saúde dos Hospitais de Urgência e Fundação dos Hospitais Gerais.

● Decreto – 43214 de 28 de setembro de 2011 – Institui de fato as Fundações.

● Decreto 43865 de 02 de outubro de 2012 – Estabelece normas e critérios de cessão

para servidores públicos civis e militares a Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro, ou seja, autoriza a permanência de servidores estatutários em unidades, que o modelo de Fundação Saúde for incorporado, garantido, que a condição de cedido não implicará na mudança de regime jurídico (estatutário).

● Lei 6304 – de 28 de agosto de 2012 – Incorpora todas as fundações a nomenclatura

única de Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

As fundações operam de modo similar com as OS e as OSCIP, pois a relação que elas mantêm com o poder público é meramente contratual onde são estabelecidas metas para o seu cumprimento no contrato de gestão, ferindo a relação da saúde com os princípios do SUS.

No Rio de Janeiro, no estado, as Fundações ficaram instituídas pela lei 5.164 de 17 de dezembro de 2007:

Fica o Poder Executivo autorizado a instituir, nos termos do art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal, três fundações públicas, com as denominações de "Fundação Estatal dos Hospitais Gerais", “Fundação Estatal dos Hospitais de Urgência e Emergência" e “Fundação Estatal dos Institutos de Saúde”, todas fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, de duração indeterminada e com sede e foro na Capital e competência para atuação em todo o território do Estado do Rio de Janeiro. (RIO DE JANEIRO, 2007, s/n)

As Fundações, conforme prevê a Lei Estadual, terão patrimônio e receitas próprias, gozarão de autonomia gerencial, orçamentária e financeira. A fiscalização do sistema de controle interno próprio de cada Poder e do Tribunal de Contas do Estado.

As Fundações integrarão a administração pública indireta e vincular-se-ão à Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (SESDEC), compondo a rede do Sistema Único de Saúde.

No ano de 2007 as Fundações Estaduais seguiram essa dinâmica, conforme lei 5.164/2007:

QUADRO 7 - Fundações Estaduais

Hospitais Gerais Hospitais de Urgência Unidades Hospitalares: Hospital Regional de Barra

de São João – Barra de São João

Hospital Estadual Pref. João Baptista Cáffaro (Itaboraí)

Hospital Regional de Araruama

Hospital Estadual Vereador Melchiades Calazans (Nilópolis)

Hospital Estadual Getúlio Vargas

Hospital Estadual Carlos Chagas Hospital Estadual Rocha Faria

Hospital Estadual Pedro II Hospital Estadual Albert

Schweitzer Hospital Estadual Azevedo

Lima

Hospital Estadual Alberto Torres

Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro

Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti;

Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro;

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione; Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels;

Central Estadual de Transplantes; Hospital Estadual Tavares de Macedo; Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária;

Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião;

Instituto Estadual de Doenças Ary Parreiras (Niterói);

Hospital Estadual Santa Maria; Hospital Estadual Anchieta.

Fonte: Quadro elaborado pela própria autora, a partir de documentos do site da Fundação Saúde (2019)

Segundo a Lei nº 5.164/07, a transferência da gestão das unidades hospitalares se dará gradativamente, por meio de ato do Governador. Contudo, esse não foi necessariamente o encaminhamento das unidades de saúde acima citadas. Até porque algumas unidades foram direcionadas para um processo de municipalização, como no caso do Hospital Estadual Albert Schweitzer, Hospital Estadual Pedro II e Hospital Estadual Rocha Faria, que hoje são geridos por Organizações Sociais da Saúde e outro caso em particular como o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, que também teve seu encaminhamento para Organização Social IABAS. Contudo isso, não quer dizer que operacionalização refletiu em melhorias significativas.

Os serviços prestados pelas Fundações serão desenvolvidos de acordo com as diretrizes constitucionais e legais previstas para o Sistema Único de Saúde e obedecerão

aos princípios gerais que regem a Administração Pública, como assinalados na Constituição Federal de 1988.

No que se refere ao Patrimônio da Fundação serão os bens constituídos pelos bens destinados do Poder Público, particulares ou que venham ser adquiridos com recursos de Contrato de Gestão, sejam os destinados do Estado ou de outras fontes. O contrato de gestão apresenta similitudes com os contratos realizados com as OSS, sendo a única coisa que não apareceu foi a presença de termos aditivos.

Os recursos das Fundações são provenientes aos serviços prestados, as rendas dos seus patrimônios, as doações, legados e subvenções e aos derivados de contratos.

Na estrutura da Fundação a presença de: conselho consultor, fiscal e diretoria executiva no organograma.