CAPÍTULO 3 – Dispositivos de avaliação
3.1. Fundamentação teórica
A avaliação corresponde a uma parte fundamental do processo de ensino- aprendizagem, porque é uma forma de monitorizar o mesmo. É, sem dúvida, um elemento regulador da prática educativa nos diferentes níveis de educação, e implica princípios e procedimentos adequados às suas especificidades.
De acordo com Ribeiro e Ribeiro (1990), a avaliação corresponde “a uma análise cuidada das aprendizagens conseguidas face às aprendizagens planeadas, o que vai traduzir numa descrição que informa professores e alunos sobre os objetivos atingidos e aqueles onde se levantam dificuldades” (p. 337).
Desta forma, a avaliação tem uma intenção formativa o que, em situações onde o objetivo fundamental é descrever aprendizagens conseguidas, identificar dificuldades, proporcionar informação relevante para um maior sucesso na tarefa em vista, a avaliação, é a operação essencial a levar a cabo (podendo a classificação ser dispensável).
De acordo com a Circular n.º1 17/DSDC/DEPEB/2007, do Ministério da Educação:
A avaliação, na Educação Pré-Escolar, é de grandeza formativa, desenvolve-se continuamente e explicativamente. Procura ao máximo que a criança tenha um papel fundamental da sua aprendizagem, de forma a ganhar consciência da mesma. Isto faz com que compreenda as suas dificuldades e as vá ultrapassando.
172 Para que tudo isto seja possível, é necessário criar estratégias de acordo com
as características de cada criança e, mesmo, do grupo. Este tipo de processo incide numa construção progressiva das aprendizagens e de regulação da ação.
Desta forma, a avaliação tem como base a observação contínua dos progressos de cada aluno, para que se recolham informações relevantes, para puder sustentar o planeamento e o reajustamento do processo educativo. Sendo assim, a finalidade da avaliação, neste grau de ensino, funciona como elemento integrante e regulador da prática educativa, que promove a qualidade das aprendizagens. A avaliação contribui, ainda, para a adequação das práticas, para a reflexão sobre os efeitos da ação educativa, para a recolha de dados, monitorizando a eficácia das medidas a tomar, para promover e acompanhar processos de aprendizagens (contribuindo para o desenvolvimento de todas as crianças), para envolver as crianças de análise e construção conjunta e para conhecer a criança e o seu contexto, bem como os vários intervenientes na sua educação.
Para além do que foi referido atrás, a mesma circular, refere ainda que a avaliação assenta em diversos princípios: o caráter holístico e contextualizado do processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança; a coerência entre os processos de avaliação e os princípios subjacentes à organização e gestão do currículo nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar; a utilização de técnicas e instrumentos de observação e registo diversificados; o caráter formativo; a valorização dos processos da criança; e a promoção da igualdade de oportunidade e equidade.
Relativamente ao 1.º Ciclo do Ensino Básico, a avaliação também faz parte da prática educativa, permitindo uma recolha sistemática de informações, essencial para a tomada de decisões adequadas, com vista à melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos.
Nesta escolaridade, os objetivos da avaliação prendem-se por apoiar o processo educativo, de modo a promover o sucesso dos alunos, através da seleção de metodologias e de recursos adequados às suas necessidades educativas.
Deve certificar as diversas aprendizagens e competências adquiridas pelo aluno, no final de cada ciclo e à saída do ensino básico, através da avaliação sumativa, interna e externa; mas, também, contribuir para melhorar a qualidade do sistema educativo, possibilitando a tomada de decisões para o seu aperfeiçoamento.
Existem três tipos de avaliação, a avaliação de diagnóstico, a avaliação formativa e a avaliação sumativa.
Segundo Ribeiro e Ribeiro (1990), “a avaliação de diagnóstico tem como objetivo fundamental proceder a uma análise de conhecimentos e aptidões que o aluno deve
173
possuir num dado momento para poder iniciar as novas aprendizagens.” (p. 342). Esta avaliação permite ao professor fazer um diagnóstico da situação atual e prescrever as medidas adequadas face aos objetivos em vista. Esta avaliação tem lugar no início de uma unidade.
De acordo com os mesmos autores:
A avaliação formativa acompanha todo o processo de ensino- aprendizagem, identificando aprendizagens bem sucedidas e as que levantaram dificuldades, para que se possa dar remédio a estas últimas e conduzir a generalidade dos alunos à capacidade desejada e ao sucesso nas tarefas que realizam. (p.348)
Esta avaliação é usada no decorrer da unidade e deve ser praticada sistematicamente, de acordo com o plano de avaliação estabelecido.
Ainda, como definem Ribeiro e Ribeiro (1990):
A avaliação somativa procede a um balanço de resultados no final de um segmento de ensino-aprendizagem, acrescentando novos dados aos recolhidos pela avaliação formativa e contribuído para uma apreciação mais equilibrada do trabalho realizado. (p.359)
Este tipo de avaliação fornece apenas visões parcelares do progresso do aluno. O nível de consecução dos objetivos determina aprendizagens mais e menos duradouras. Desta forma, verifica-se se, os objetivos que parecem atingidos na avaliação formativa, foram ou não adquiridos, como acaba de revelar a avaliação sumativa.
Existem inúmeros dispositivos e formas de avaliar. Todas elas válidas, uma vez que justificadas. Eu optei por usar a escala de Likert. Esta escala foi criada por Rensis Likert, sociólogo e psicólogo americano, em 1932, e tinha como finalidade avaliar as respostas a determinados questionários. Assim, acabou por criar uma escala, graduada, com cinco níveis de escolha, na qual o 0 é chamado ponto neutro. Depois, a graduação varia entre o positivo (+) e o negativo (-), como mostra o quadro 20.
Quadro 20. - Escala de Likert
Pontos negativos Ponto neutro Pontos positivos
-2 -1 0 +1 +2
Esta escala foi adotada em todo o mundo, tendo sofrido adaptações, de acordo com aquilo que se pretende avaliar. Seguidamente, no quadro 21, apresento a escala que adotei, baseada na escala de Likert.
174 Quadro 21. - Escala de Likert utilizada na avaliação das atividades
Fraco Não Satisfaz Satisfaz Bom Muito bom
0 – 4 5 – 9 10 – 13 14 – 17 18 – 20
É, com base nesta escala de avaliação, que apresento as minhas grelhas de correção referentes às propostas de atividades que elaborei em sala de aula.