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Neste trabalho, fomos inspirados a seguir as ideias de dois estudiosos sobre a forma como se dá a aprendizagem: David Paul Ausubel e Lev Vygotsky.

O primeiro, nascido nos Estados Unidos da América, contribuiu para o desenvolvimento das ideias sobre a teoria da aprendizagem significativa, que pode ser classificada como cognitiva, já que procura explicar o processo de aprendizagem e como o ser humano compreende, transforma, armazena e usa as informações; e construcionista, pois propõe que o indivíduo aprende a partir daquilo que já sabe. Esse especialista em psicologia social defendeu a importância do conhecimento prévio do indivíduo como chave para a aprendizagem significativa.

Podemos confrontar dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa. Enquanto a primeira foca na simples memorização do conteúdo, sem relação nenhuma com a sua experiência de vida do aluno; a segunda acontece a partir de conceitos pré-existentes, relacionando o novo com a bagagem de conhecimento anteriormente presente.

Para Ausubel (2000), a aprendizagem consiste na ampliação e reconfiguração da estrutura cognitiva por meio de incorporação de novas ideias. Deste modo, a estrutura cognitiva do indivíduo se mostra organizada e hierarquizada, porém com pontos de ancoragem, onde novos conhecimentos frequentemente chegam e provocam um reordenamento. Essa perspectiva se opõe a premissa de que o professor seja o único detentor do conhecimento e sua principal função seja transmiti-la aos alunos.

Sousa (2015) afirma que “Ausubel pressupõe que os novos conhecimentos devem ser adquiridos a partir de um material que seja significativo para o aprendiz e ancorado no seu conhecimento prévio”. Assim, é importante para o professor entrar em contato com os conceitos pré-estabelecidos e ideias que os alunos já trazem. Esses conceitos âncoras servirão de suporte e darão sentido para o aprendizado. Caso eles sejam ausentes para o propósito pretendido, o processo de memorização pode ser utilizado como ponto de partida, porém as ações seguintes devem seguir de modo significativo, adicionando novos elementos aos já existentes.

Mesmo que o indivíduo traga conceitos errados sobre determinados assuntos, a simples existência de uma tese já se mostra importante, é o que chamamos de conhecimento socialmente estruturado.

29 Por exemplo, o professor pode iniciar a aula com um questionamento sobre o assunto, fazendo com que o aluno tente dar uma resposta, seja ela qual for, obtendo assim um posicionamento dele sobre o objeto de estudo. Numa etapa seguinte, o professor agiria com a disponibilização de novas informações, de modo a proporcionar ao aluno uma situação de questionamento, também chamada de antítese. Depois, com a junção do que foi feito, teríamos um momento onde o aluno pudesse realizar a sua primeira síntese. A última etapa seria a do estudo individual, na qual o aluno precisaria se debruçar sobre o conteúdo e traçar a sua própria trajetória, buscando novas ampliações e reconfigurações.

Quanto mais se sabe, mais se suscita o desejo por aprender mais, contribuindo para a aniquilação da indisciplina e a ampliação da postura de comprometimento com os estudos.

Diferentemente da aprendizagem mecânica, onde prevalece a efemeridade no que tange ao aprendizado, na aprendizagem significativa os conhecimentos são apreendidos por um tempo maior. Embora seja possível o esquecimento de algum conteúdo aprendido por aprendizagem significativa, um resíduo permanece no âmago do indivíduo, podendo ser reativado numa futura retomada do tema.

Outro ponto importante seria a possibilidade de aplicação do conhecimento conquistado à outros contextos, contribuindo para a vida cotidiana do aluno. Destacamos o panorama atual onde a sociedade se encontra, de um modo geral, em uma realidade de conexão contínua com a rede mundial de computadores.

Deste modo, podemos inferir que, segundo a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, o papel primordial da escola seria gerenciar aprendizagens, fazendo com que o aluno sempre siga motivado e ávido novas descobertas.

No processo de escrita dos artigos a serem publicados no Jornal Científico Escolar usaremos a ideia de aprendizagem significativa, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos e, através da agregação de novas informações, promovendo a construção de um sentido mais amplo.

Essa postura de ensino oportuniza uma ação de protagonismo estudantil, repleta de estímulos de autonomia no que tange a evolução do conhecimento e o uso que é feito dele a partir daí.

O segundo estudioso, um psicólogo, nascido na Bielorrúsia, chamado de Lev Vygotsky, desenvolveu uma teoria da aprendizagem baseada na qualidade da interação social das crianças, sendo um socioconstrutivista, ou seja, sugerindo que o homem é um ser histórico e cultural.

30 De acordo com Rocha (2013), “para Vygotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem estão totalmente conectados, de maneira que não seria possível separá-los”. Joenk (2002) corrobora com essa ideia e afirma que um dos objetivos da obra de Vygotsky era “compreender a relação entre os seres humanos e o seu ambiente físico e social”.

O interacionismo destaca a importância da relação entre indivíduo e cultura, sugerindo que a inserção do ser em um dado meio cultural produz mudanças no seu desenvolvimento. “Para Vygotsky, a única aprendizagem significativa é aquela que ocorre através da interação entre sujeito, objeto e outros sujeitos” (Coelho & Pisone, 2012).

Para haver a interação, os instrumentos físicos, manifestados através dos objetos, e os abstratos, atrelados a crenças, valores e costumes, são de suma importância para a formação dos símbolos. “O signo é uma ferramenta cultural criada pelo homem, que possibilita o desenvolvimento das funções psíquicas” (Raad, 2016).

Vygotsky (1982, apud Neves & Damiani, 2006) afirma “que o meio social é determinante do desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela aprendizagem da linguagem, que ocorre por imitação”.

Vygotsky (2013) destaca que “o bom ensino é aquele que passa adiante do desenvolvimento e o guia, fazendo o desenvolvimento avançar”. Assim sendo, o papel de mediador, desempenhado pelo professor, é de suma importância para o alcance do sucesso do processo de ensino e aprendizagem.

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