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O processo de aprendizagem ocorre no sistema nervoso central (SNC), ou seja, o principal órgão envolvido é o cérebro. O ato de aprender depende do que ocorre nessa grande e complexa estrutura. Para entender a aprendizagem é necessário compreender

algumas das funções do SNC. Em termos gerais, ele é o responsável por receber e transmitir informações para todo o corpo, trabalha como se fosse uma “central de comandos’’.

A atenção é o processo de focar nas informações importantes para o aprendizado.

“Atenção é importante função mental para a aprendizagem, pois nos permite selecionar, num determinado momento, o estímulo mais relevante e significativo, dentre vários”. (GUERRA, 2011, p.6). A memória irá armazenar e evocar as informações importantes. “Memorizamos as experiências que passam pelo filtro da atenção. Memória é imprescindível para a aprendizagem” (GUERRA, 2011, p.6).

O papel das emoções no processo de aprendizagem ocorre pela premissa de que se aprende aquilo que é importante e faz sentido. Para Guerra (2011), o desencadeamento das emoções favorece o estabelecimento das memórias. Dessa forma, aprende-se aquilo que emociona. Já a função executiva é definida como um conjunto de habilidades que juntas direcionam os comportamentos.

Portanto, a aprendizagem é uma complexa e grande área para estudo, por isso, é importante a transdisciplinaridade ao tratar deste assunto, pois ela acontece de diferentes formas em cada sujeito. Somado a isso, há inúmeras implicações e dificuldades que podem interferir no processo de aprender, como os transtornos específicos de aprendizagem e outros transtornos que também podem dificultar a aprendizagem.

3.2 Principais Transtornos que impactam no processo de aprendizagem

Na busca pela compreensão dos transtornos que dificultam os processos de aprendizagem é unânime a opinião entre os autores consultados que todos os seres humanos são capazes de aprender, todo o aprendizado se dá no cérebro, e ele é o principal protagonista desse processo, sem ser descartada a importância de um ambiente adequado para a aquisição de aprendizagens. Para os autores (Rotta, et al. (2006), Castro e Lima, (2018), Moojen, et al. (2016); Guerra (2011) e Júnior e Mello (2011) a possível explicação para as dificuldades para alcançar o êxito do aprendizado se dá em deficiências do SNC.

Os transtornos de aprendizagem consistem em uma inabilidade em áreas específicas, como de leitura, de escrita ou de matemática, em indivíduos que apresentam resultados abaixo do esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade ou capacidade intelectual. Para ROTTA et al; (2006), os transtornos de aprendizagem estão presentes desde os primeiros anos de vida, mas podem ser diagnosticados apenas após dois anos de escolarização, também destacam que não são adquiridos, ou seja, não acontecem devido à falta de estimulação ou em consequência de alguma doença, também não dependem de outros transtornos, todavia em muitas situações ocorrem simultaneamente a outros transtornos e dificuldades.

De acordo com a classificação do DSM IV –TR (2002), dentro dos transtornos de aprendizagem são encontrados os transtornos de leitura: dificuldade em ler e interpretar, com isso, há omissões, substituições, distorções e lentidão na leitura; transtorno de

matemática (discalculia) que consiste em ter rendimento abaixo da média na compreensão dos conceitos numéricos; transtorno de expressão escrita, caracterizado por uma combinação de dificuldades na capacidade de compor textos escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação, organização de parágrafos, entre outros. e transtornos de aprendizagem sem outra especificação.

Há outros transtornos que não estão classificados dentro do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), como transtornos de aprendizagem específicos, porém tem significativo impacto no desenvolvimento do aprender e merecem atenção.

Dentre eles destaca-se os transtornos de comunicação, os quais são descritos pelo DSM IV – TR (2002), como transtornos de linguagem expressiva, dislexia, fonoaudiológicos e outros. Também vale um olhar atento ao Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). De acordo com a classificação do DSM IV- TR (2002), consiste em um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e grave do que o observado normalmente em indivíduos em nível equivalente do desenvolvimento.

Dessa forma compreende-se que os transtornos que impactam no processo de aprendizagem, estejam diretamente ligados aos déficits executivos, relacionados à atenção, memória ou controle inibitório e demais dificuldades que podem acometer o SNC.

3.3 Neurociência, ferramentas de avaliação e intervenção

A Neurociência detém-se na investigação da relação entre o cérebro e o comportamento. Para isso, estuda funções como aprendizagem, memória, atenção, emoção, percepção, plasticidade. Hoje é considerada uma importante ciência que tem ajudado a explicar e desvendar as relações do cérebro e as aprendizagens, contudo ainda é relativamente recente. “Se procuramos pontos de união entre neurociência e educação, as temáticas acerca de tríade memória, aprendizagem e plasticidade cerebral se constituirão em tais pontos”. (GOSWAMI, 2004 apud SOARES; ANDRADE; GOULART, 2012, p. 53).

As ferramentas de avaliação oriundas da Neurociência também têm sido de grande importância para o diagnóstico do funcionamento cerebral, acelerando o processo de diagnóstico de transtornos que dificultam os processos de aprendizagem. Entre as principais ferramentas destacam-se os exames de neuroimagem funcional, como as tomografias por emissão de pósitrons (PET), emissão de fótons (SPECT) e a ressonância magnética (RM). Essas técnicas permitem identificar as atividades que acontecem no cérebro, pois nas regiões com maior atividade os neurônios consomem mais energia, e, consequentemente, recebem mais irrigação sanguínea, sendo o aumento da perfusão do sangue detectado pelo equipamento. (MELLO; RIBEIRO, 2014).

A avaliação neuropsicológica também é uma importante ferramenta de diagnóstico.

Trata-se de uma extensa investigação que permite mapear o funcionamento normal ou deficitário do SNC. Ela envolve diversas ferramentas, como anamnese, testes específicos de atenção, memória, percepção, tarefas, relatos, entre outros. De acordo com Haase et

al. (2012), ela extrapola a questão quantitativa e inclui também uma análise qualitativa dos resultados.

A partir das ferramentas de avaliação, podem ser definidos os possíveis diagnósticos e então são propostas as metodologias de intervenção, destacando que diagnóstico e intervenções em Neurociência sempre são multidisciplinares. Portanto, esses instrumentos neuropsicológicos podem ser úteis a profissionais de diferentes áreas da saúde, como formação ou experiência clínica em neuropsicológica, pois são usados para diagnóstico neuropsicológico. (HAASE et al., 2012, p. 6).

Fica evidenciado aqui a Neurociência como uma ciência multidisciplinar, que já obteve grandes avanços no desvendar a relação do cérebro com a aprendizagem e ainda está em constante desenvolvimento na busca de estratégias de investigação e tratamento.

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