• Nenhum resultado encontrado

Fundamentação Teórica

No documento Relatório de Estágio Profissional (páginas 163-168)

Capítulo 2 – Planificações

2.1. Fundamentação Teórica

Para Zabalza (2000), planificar trata-se de “converter uma ideia ou um propósito num curso de acção”(p. 47). Clark y Yinger (1979), mencionados por Braga (2001), “assinalam que no processo de planificação se misturam elementos de pensamento, juízos e tomada de decisões” (p.34).

Arends (1999) defende que “a planificação e a tomada de decisão são vitais para o ensino e interagem com todas as funções executivas do professor” (p.44)

De acordo com Altet (2000), quando planificam, “os professores, antecipadamente, reúnem a documentação, definem os objectivos, escolhem um método, optam por determinado material e desta forma constroem um cenário que determina as interacções que irão desenrolar na aula.” (p.113)

Segundo Ribeiro e Ribeiro (1990), na planificação “trata-se de seleccionar estratégias de ensino que envolvem os alunos em actividades de aprendizagem apropriadas à consecução dos objectivos e dos conteúdos definidos”

Planificar é prever e preparar a aula, de forma a tornar a aprendizagem dos alunos mais completa e funcional para os alunos. Tal como refere Zabalza, citado por Braga, Vilas-Boas, Alves, Freitas e Leite (2004):

148

(…) a planificação passa pela criação de ambientes estimulantes que propiciem actividades que não são à partida previsíveis e que, para além disso, atendam à diversidade das situações e aos diferentes pontos de partida dos alunos. Isso pressupõe prever actividades que apresentem os conteúdos de forma a tornarem-se significativos e funcionais para os alunos (p.27)

Clark e Yinger (1979), referidos por Zabalza (2000), agruparam os motivos que levam os professores a planificar em três tipos de categorias:

(i)”os que planificam para satisfazer as suas próprias necessidades pessoais: reduzir a ansiedade e a incerteza que o seu trabalho lhes criava, definir uma orientação que lhes desse confiança, segurança, etc.”; (ii) “os que chamavam planificação à determinação dos objectivos a alcançar no termo do processo de instrução: que conteúdos deveriam ser aprendidos para se saber que materiais deveriam ser preparados e que actividades teriam que ser organizadas, que distribuição de tempo, etc.”; (iii) “os que chamavam planificação às estratégias de actuação durante o processo de instrução: qual a melhor forma de organizar os alunos, como começar as actividades, que marcos de referência para a avaliação, etc.” (p.48-49)

Bullough (1989), citado por Braga (2001) refere que “quando a planificação é feita com antecedência o professor se sente mais seguro” (p.34). O mesmo autor defende que “a planificação deve ser realizada com o objectivo de manter os alunos interessados e intelectualmente despertos” (p.35)

A planificação pode ser realizada pela escola, enquanto conjunto, ou pelo professor, direcionando-a para a sua turma. A primeira, que é realizada pela escola, corresponde ao Projeto Curricular de Escola.

A circular n.º 17/2007 descreve o Projecto Curricular de Escola como um “documento que define as estratégias de desenvolvimento do currículo, visando adequá-lo ao contexto de cada estabelecimento/escola (…)”. O professor irá construir a sua planificação baseada no Projeto Curricular de Escola, adaptando esse currículo à realidade da sua turma. Este currículo consiste no Projeto Curricular de Grupo/Turma. A circular n.º 17/2007 descreve este documento como “o documento que define as estratégias de concretização e de desenvolvimento das orientações curriculares para a educação pré-escolar, e do Projecto Curricular de Estabelecimento/Escola, visando adequá-lo ao contexto de cada grupo/turma”.

O currículo de acordo com Ribeiro e Ribeiro (1990), pode ser definido como “plano estruturado de ensino-aprendizagem, incluindo objectivos ou resultados de aprendizagem a alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar, processos ou experiências de aprendizagem a promover.” (p.51)

149

Pérez (s.d.), afirma que parte-se do currículo oficial e efetuam-se adaptações curriculares específicas, como o desenho curricular de aula. (p.7-8). Este autor defende ainda que o desenho curricular implica a seleção dos elementos fundamentais do currículo, que são expostos numa planificação adequada, para se desenvolverem nas aulas. (p.7)

Em termos temporais existem três tipos de planificação: a planificação a longo, a médio e a curto prazo.

A planificação a longo prazo, segundo Spodek e Saracho (1998) “ajuda a visualizarem as actividades escolares do ano inteiro, permitindo que construam novas actividades a partir das experiencias prévias das crianças.” Os mesmos autores referem que “ao desenvolverem planos a longo prazo, os professores identificam as linhas mestras que vão costurar os vários elementos do programa durante o ano.” (p.122).

A planificação a médio prazo corresponde aos planos de uma unidade de ensino, ou de um período de aulas. Arends (1999) refere que “basicamente, uma unidade corresponde a um grupo de conteúdos e de competências associadas que são percebidas como um conjunto lógico.” (p.59-60) Para planificar uma unidade, é necessário interligar objectivos, conteúdos e actividades.

Nas planificações a curto prazo, Spodek e Saracho (1998) referem que “os professores levam em consideração o equilíbrio diário do programa e as relações que podem estabelecer entre as diferentes áreas de conteúdo.” (p.124) Estes planos diários para Arends (1999) “esquematizam o conteúdo a ser ensinado, as técnicas motivacionais a serem exploradas, os passos e actividades específicas preconizadas para os alunos, os materiais necessários e os processos de avaliação.” (p. 59)

As planificações realizadas por mim no decorrer do mestrado correspondem a este tipo de planificações.

O modelo de planificação usado nos Jardins-Escola João de Deus consiste numa adaptação do Modelo T da autoria do Professor Martiniano Pérez.

Pérez (s.d.b) refere que este modelo se denomina por modelo T porque tem a forma de um T duplo. Este modelo lê-se de cima para baixo e da esquerda para a direita.

O modelo T da autoria de Pérez é elaborado para o mínimo de 6 semanas e no máximo de 12 semanas, enquanto que o modelo T usado pelos Jardins- Escola é feito para uma manhã de aulas ou para algumas horas.

150

Quadro 10 – Modelo de planificação adoptada pela Associação de Jardins-Escola João de Deus

Jardim-Escola João de Deus Plano de aula Tempo: Ano e turma: Professora: Data: Nome: Ano: Número: Área Conteúdos Procedimentos/Métodos

Capacidades – Destrezas Objetivos Valores – Atitudes

Plano baseado no modelo T de aprendizagem

Plano sujeito a alterações

Segundo Pérez (s.d.a) o modelo T “trata de agrupar os objectivos fundamentais (capacidades – valores) e complementares (destrezas e atitudes) com conteúdos (formas de saber) e métodos/actividades gerais formas de fazer.”(p.7) Este modelo permite-nos ter uma melhor preceção do caminho que o professor vai correr para chegar ao seu objetivo e quais as competências que o aluno deve adquirir.

Por conteúdos Pérez (s.d.a) define-os como formas de saber.

O mesmo autor define método/procedimento por “um caminho para… e este para deve ser objectivo. Também costuma chamar-se actividade geral (…)”

151

(p.9). Ou seja, trata-se das estratégias utilizadas na aula, isto é, os passos a percorrer no decorrer da aula.

Por capacidade entende “uma habilidade geral, que utiliza ou pode utilizar um aprendiz para aprender, cujo componente fundamental é cognitivo, (…) constituem os objectivos fundamentais”(p.8).

Por fim, define ainda destreza como “uma habilidade específica, que utiliza ou pode utilizar um aprendiz para aprender, cujo componente fundamental é cognitivo. Um conjunto de destrezas constitui uma capacidade”(p.8)

152

No documento Relatório de Estágio Profissional (páginas 163-168)

Documentos relacionados