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Nosso objetivo neste capítulo, não consiste em abordar somente o aspecto histórico ou as características do movimento romântico, mas, sobretudo, ressaltar a importância do Romantismo no Brasil para estabelecer a identidade do país naquela época, seja nas artes, na cultura, na língua, na sua composição étnica e geográfica.

Para tanto, baseados em leituras de alguns escritores e críticos literários, apresentamos um breve comentário sobre o surgimento do Romantismo no âmbito mundial e algumas considerações sobre o Romantismo no Brasil – contexto histórico-cultural e o nacionalismo lingüístico, ressaltando a figura de Alencar, nome de grande representatividade no cenário intelectual do Brasil imperial. Ele é tido por alguns historiadores e críticos literários como o precursor na luta pela independência estética e lingüística do escritor brasileiro e na busca da afirmação da nacionalidade brasileira em contraposição a Portugal.

Na seqüência, descrevemos, além dos dados biográficos do autor, suas características literárias, Alencar e a emancipação lingüística e o romance O sertanejo e a brasilidade.

Reafirmamos que as informações abaixo registradas e que versam sobre os itens acima mencionados, foram fruto das diversas leituras que fizemos de obras de autores renomados no âmbito da história e da crítica literária no Brasil, tais como: Marroquim, (1934), Proença (1966), Melo (1972), Cândido (1975), Menezes (1977), Sales (1977), Sobrinho (1977), Pinto (1978), Coutinho (1986), Elia (1992).

Buscamos, também, orientações a partir da leitura dos diversos prefácios de Alencar, ressaltando O nosso cancioneiro, Ao correr da pena e Carta a Confederação de Tamoios e,

ainda, alguns artigos colhidos em meio eletrônico nos sites:

www.vidaslusófonas.pt/jose_alencar.htm e www.mec.gov.br, mestres da literatura, o site da Associação Brasileira de Literatura, dentre outros.

2.1 – O Movimento Romântico: breve comentário

Consoante a história literária, o Romantismo é tido como um movimento de grandes transformações culturais, pelas quais passou a cultura ocidental, e que contrariava o estilo proposto pelo classicismo. Nasceu em meio a importantes acontecimentos históricos ocorridos na Europa entre os séculos XVII e XVIII e que fundamentaram e determinaram a sua natureza. Na Europa, ocorriam a Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos do Homem, o Iluminismo e os regimes absolutistas e, na Inglaterra, ocorria a Revolução Industrial. Assim nasce o movimento romântico em um contexto de inovação e intenso desejo de liberdade: das nações, do povo, a liberdade de escolha, a liberdade de criação, em todos os aspectos.

Na literatura, o Romantismo é comumente descrito como um amplo movimento internacional, um estilo artístico, uma tendência que se manifesta nas artes e na literatura do final do século XVIII até o fim do século XIX. É o que confirmamos em Coutinho (1986, p.5) quando afirma que “o romantismo foi um fenômeno em história literária e artística e consistiu numa transformação estética e poética desenvolvida em oposição à tradição neoclássica setecentista e inspirada nos modelos medievais”. Começa na Alemanha e Inglaterra, no final do século XVIII, mas, é na França que se consolida e de lá, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se por outros países da Europa e das Américas.

O Romantismo apresenta-se em oposição ao racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se pela defesa e valorização da liberdade de criação e pela primazia da emoção sob a razão. Por isso, conforme Coutinho (opus cit p. 31), diferentemente do clássico, que é absolutista, o romântico é relativista, busca satisfação na natureza, no regional, no selvagem, e vale-se da imaginação para fugir do mundo real e transportar-se para um passado remoto ou para lugares distantes ou fantasiosos. Enfim, as obras românticas

valorizam, dentre outros aspectos, a fantasia, o individualismo, o sofrimento amoroso, a religiosidade cristã, a natureza, os temas nacionais e o passado.

Segundo o autor supracitado, o romântico não está preocupado em reproduzir a realidade, mas idealizá-la. Afirma, ainda, que, em decorrência da liberdade, da espontaneidade e individualismo, que caracterizam fortemente este movimento, [...] o romântico não se submete a regras e formas prescritas, ao contrário, a regra suprema é a inspiração individual, que aponta a maneira própria de elocução. Daí o predomínio do conteúdo sobre a forma.”

Algumas obras e alguns nomes constituíram marcos do Romantismo no mundo. A título de exemplificação, temos: Cantos e Inocência (1789), do poeta inglês William Blake, é considerada o marco da literatura romântica. O livro de poemas Baladas Líricas, do inglês William Wordsworf, é tido como o manifesto do movimento. Mas o poeta fundamental do romantismo inglês é Lord Byron. No romance histórico, podemos citar o escocês Walter Scott e, na Alemanha, o maior nome foi Goethe.

Na França, o Romantismo estabelece-se no fim da década de 1820 com Victor Hugo, autor de Os Miseráveis. Outro nome é o de Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros.

2.2 - O Romantismo e o nacionalismo lingüístico no Brasil do século XIX

2.2.1 – Romantismo no Brasil: contexto histórico-cultural

Historicamente, a introdução do Romantismo no Brasil se dá no ano de 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França, em Paris, a revista “Niterói – Revista Brasiliense”, que trazia como epígrafe: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil” e, ao mesmo tempo,

lança um livro de poemas românticos intitulado, “Suspiros poéticos e saudades”. Essa revista, elaborada por intelectuais que estudavam na Europa, tinha como propósito a investigação e o

estudo da literatura, das artes e ciências brasileiras.

Assim, quando chega ao Brasil, o movimento romântico marca a passagem da literatura de um estágio indefinido e de pouca produção para uma fase de importantes manifestações artísticas. Embora marcado por fortes influências européias, sobretudo dos franceses, o Romantismo encontra no Brasil ambiente ideal à sua propagação. Chega em meio à euforia do processo de Independência. Um país recém emancipado, ávido por revelar sua identidade, ainda difusa, de expressar os propósitos nacionais e de se estabelecer como nação livre, tinha na língua seu recurso maior e mais imediato de auto-afirmação. Para tanto, os artistas brasileiros, cientes da necessidade de se criar uma literatura genuinamente brasileira, procuram na natureza e nas questões sociais e políticas do país sua fonte de inspiração.

Assim, a nossa ficção e, mais especificamente, a nossa literatura, foi estimulada pelo processo de independência, adquirindo contornos acentuadamente políticos, sociais, enfim, nacionalistas.

Segundo a história literária brasileira, o Romantismo no Brasil, em oposição ao europeu, que geralmente tratava de assuntos da Idade Média, caracteriza-se, dentre outros aspectos, por buscar nas recordações da história local, nas lendas do passado e na glorificação do índio, as motivações para a volta às origens próprias, que passaram a constituir a fonte de inspiração dos artistas e de toda a nação brasileira. Era preciso encontrar heróis e mitos nacionais que pudessem compor a nossa história, a nossa cultura. A língua, a figura do índio, a exaltação da natureza brasileira, na obra de Alencar, serviu a esse propósito.

Em decorrência desse clima de independência e do próprio senso de relativismo do movimento, o Romantismo no Brasil, embora se apresente como uma extensão do movimento europeu assumiu, em virtude da coincidência com os movimentos políticos que consolidaram

com a independência, outros aspectos além de seu significado primeiro – o de ser uma reação à tradição clássica. Assumiu contornos próprios, revelados nas especificidades da realidade a qual se acomodou, ao lado dos elementos gerais, que o filiam ao movimento europeu. Tornou- se, assim, um movimento de rejeição à literatura produzida na época colonial, já que toda a produção literária colonial estava presa aos moldes culturais e estéticos lusitanos.

Dessa forma, segundo nossos historiadores e críticos literários, podemos afirmar que uma das características mais fortes do Romantismo no Brasil é o nacionalismo, que significava a ruptura com os moldes lusitanos. Porém, há que se considerar que, nessa época, o Brasil continuou a importar cultura buscando, mais especificamente, na França, o modelo ideal. Os intelectuais brasileiros, herdeiros da cultura portuguesa, mas influenciados pelo contato e pelas leituras de autores europeus, como por exemplo, José de Alencar, acabaram por imitar os modelos europeus naquilo que, na literatura brasileira, não encontravam.

Uma das figuras mais importantes nesse momento foi a de José de Alencar, que procurou na língua, a forma maior de expressão da independência da nação, buscando os traços que caracterizavam a variante brasileira e que a diferenciava da língua do colonizador. E, compreendendo a literatura como a forma mais genuína de expressão da cultura de um povo, nosso literato empenha-se incansavelmente no processo de nacionalização de nossa literatura. Começa, então, pela literatura, a se estabelecer uma forma originalmente brasileira de escrever a língua portuguesa, valorizando o vocabulário e as expressões da variante brasileira e até criando novas expressões. Mas, a história literária nos mostra que esse escritor foi duramente criticado nesse seu intento, uma vez que a elite aristocrática detinha o poder e insistia na manutenção dos padrões clássicos, pois tal classe dependia economicamente dos favores externos e necessitava viver sob os moldes europeus.

Graças a esse sentimento de nacionalidade, aliado ao desejo de criação de uma literatura brasileira, é que, conforme constatamos pelas leituras dos vários autores que

pesquisaram as produções de Alencar, vamos encontrar, seja no plano sintático, fonológico e, sobretudo, no léxico dos românticos, marcas de uso resultantes das influências deste momento de independência e do próprio estilo do autor. É aí que, na tentativa de inovar a língua, de caracterizar a língua em uso, vão aparecer nas obras dos românticos, como por exemplo, na obra de Alencar, expressões populares, latinismos, indianismos, arcaísmos, privilegiando a modalidade tanto da cidade quanto do campo.

No Brasil, o Romantismo assume, pois, outro aspecto além de seu significado primeiro – o de ser uma reação à tradição clássica -, passa a ser, também, um movimento de rejeição à literatura produzida na época colonial, já que toda a produção literária colonial estava presa aos moldes culturais e estéticos lusitanos. Valorizar a variante brasileira passou a ser a meta de escritores como Alencar.

Dessa forma, reafirmamos apoiados nos autores consultados, que uma das características mais fortes do Romantismo no Brasil é o nacionalismo e cabia, sobretudo, aos escritores o papel de propagadores dessa onda nacionalista.

Finalmente, o Brasil tinha, pela primeira vez, um movimento com raízes e contornos bem brasileiros. É o que podemos constatar nas palavras do crítico Andrade Murici (1922 apud COUTINHO, 1986):

O Romantismo é das nossas glórias maiores e mais brasileiras, visto ter tido manifestações que só entre nós seriam possíveis; porque trouxe representações da natureza e da alma humana, e não de alguma vista através de livros; porque então, como nunca, os acontecimentos sociais e políticos refletiram-se fundamentalmente na poesia e sofreram por sua vez a poderosa e benéfica reação desta. (ANDRADE MURICI, 1922 apud COUTINHO, 1986, p. 29)

Desse modo, é a partir do Romantismo, e principalmente através de Alencar, que começa a existir, realmente, uma literatura genuinamente brasileira, no conteúdo e na forma, permitindo a expressão de nossas singularidades e colocando em primeiro plano a preocupação brasileira em revelar a sua própria realidade e de dar às nossas produções literárias o tom tropical da nação brasileira.

2.3 - José de Alencar: do Ceará para o Brasil

2.3.1 - Dados biográficos

Sobre os dados biográficos de José de Alencar, buscamos nos registros da Academia Brasileira de Letras, site http://www.academia.org.br, as informações abaixo mencionadas.

José de Alencar nasceu em Mecejana, CE, em 1º de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. Ocupou, por indicação de Machado de Assis, a Cadeira número 23. Era filho do padre, depois senador, José Martiniano de Alencar e de sua prima Ana Josefina de Alencar. E neto, pelo lado paterno, do comerciante português José Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, uma pernambucana que se consagraria heroína da revolução de 1817.

José de Alencar viveu em um ambiente familiar intelectualizado e favorável à formação cultural. Alguns relatos sobre sua infância mostram-no lendo velhos romances para a mãe e as tias, em contato com as cenas da vida sertaneja e da natureza brasileira e sob a influência do sentimento nativista que lhe passava o pai revolucionário. Nas informações sobre sua vida consta, ainda, que entre os anos de 1837 e 1838, viajou, juntamente com seus pais, do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões dessa viagem refletiriam mais tarde em sua obra de ficção. Transferiu-se depois com a família para o Rio de Janeiro, onde o pai desenvolveria carreira política e onde freqüentou o Colégio de Instrução Elementar. Em 1844 vai para São Paulo, onde permanece até 1850, terminando seus estudos preparatórios e cursando Direito, salvo o ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda. Uma vez formado, começa a advogar no Rio de Janeiro e passa, a convite de seu colega de Faculdade, Francisco Otaviano de Almeida Rosa, a escrever para o Jornal do Commercio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena. Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855. Filiado ao Partido Conservador, foi eleito várias vezes deputado geral pelo

Ceará; de 1868 a 1870, foi ministro da Justiça. Não conseguiu realizar a ambição de ser senador, devendo contentar-se com o título do Conselho. Desgostoso com a política, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.

Segundo a história literária, a notoriedade de Alencar começou com as Cartas sobre a Confederação dos Tamoios, publicadas em 1856, com o pseudônimo de Ig, no Diário do Rio de Janeiro, nas quais critica veementemente o poema épico de Domingos Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e considerado então o chefe da literatura brasileira. Estabeleceu-se, entre ele e os amigos do poeta, apaixonada polêmica de que participou, sob pseudônimo, o próprio Pedro II. A crítica por ele feita ao poema denota o grau de seus estudos de teoria literária e suas concepções do que devia caracterizar a literatura brasileira, para a qual, a seu ver, era inadequado o gênero épico, incompatível à expressão dos sentimentos e anseios da gente americana e à forma de uma literatura nascente. Optou, ele próprio, pela ficção, por ser um gênero moderno e livre.

Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade. Daí para frente escreveu romances indianistas, urbanos, regionais, históricos, romances-poemas de natureza lendária, obras teatrais, poesias, crônicas, ensaios e polêmicas literárias, escritos políticos e estudos filológicos. A parte de ficção histórica, testemunho da sua busca de tema nacional para o romance, concretizou-se em duas direções: os romances de temas propriamente históricos e os de lendas indígenas. Por estes últimos, José de Alencar incorporou-se no movimento do indianismo na literatura brasileira do século XIX, em que a fórmula nacionalista consistia na apropriação da tradição indígena na ficção, a exemplo do que fez Gonçalves Dias na poesia. Em 1866, Machado de Assis, em artigo no Diário do Rio de Janeiro, elogiou calorosamente o romance Iracema, publicado no ano anterior. José de Alencar confessou a alegria que lhe proporcionou essa crítica em Como

e porque sou romancista, onde apresentou também a sua doutrina estética e poética, dando um testemunho de quão consciente era a sua atitude em face do fenômeno literário.

Diante disso, podemos afirmar que a obra de Alencar sobressai-se nas letras brasileiras, não só pela seriedade, pelo sentimento nacionalista, pela técnica com que escreveu, mas também pelo empenho na construção da nacionalização da literatura no Brasil. Por isso foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”.

Pelas informações acima registradas, constatamos que, além da literatura, o jornalismo era uma das grandes aspirações de Alencar. Pesquisando mais sobre esse seu mérito, encontramos em Menezes (1977), a seguinte exposição:

Romancista por excelência, não começou pelo romance, mas pelo jornalismo. Ensaiou-se como folhetinista, então na moda. Encheu rodapés, comentando os assuntos mais diversos da semana, tais como os esfervilhantes bailes do Casino, ou alguma apaixonante peça de teatro, ou ainda os calorosos debates políticos na Câmara e no Senado. (MENEZES, 1977, p. 2)

Diante disso, já percebemos no jornalista, o literato e o político. Seu primeiro romance, Cinco Minutos (1856), por exemplo, saiu ao pé-da-página no jornal em que trabalhava e depois transformado em “brinde de festa” aos assinantes.

Cumpre ressaltar, ainda, que, consoante a história literária, Alencar estava sempre atento e envolvido com questões políticas de sua época. Como o pai, ingressou e militou na vida política vindo a ser deputado provincial do Ceará em quatro legislaturas. Foi Ministro da Justiça de 1868 a 1870. Foi eleito senador, mas não foi escolhido em lista sêxtupla, pelo imperador D. Pedro II.

Essa sua tendência para a política pode ser comprovada em um dos trechos de Ao correr da pena, folhetim do “Correio Mercantil” publicado em 3 de setembro de 1854, onde se lê:

Falemos sério. – A independência de um povo é a primeira página de sua história; é um fato sagrado, uma recordação que se deve conservar pura e sem mancha, porque é ela que nutre esse alto sentimento de nacionalidade, que faz o país grande e o povo nobre. Cumpre não marear essas reminiscências de glória com exprobrações pouco generosas. Cumpre não falar a linguagem do cálculo e do dinheiro, quando só deve ser ouvida a voz da consciência e da dignidade da nação. (ALENCAR, 1854)

Conforme a história literária, o fato de ter-se envolvido com política, e não foi só o caso de Alencar, mas de todos os escritores da primeira fase romântica, comprometeu-os com a classe dominante. Por isso deixaram de tratar de questões sociais graves, tais como a escravidão, a pobreza e a miséria das ruas. Ao invés disso, celebraram e glorificaram a natureza, mitificaram as regiões, criando assim, uma arte conservadora.

Importa registrar, também, que a política lhe trouxe grandes aborrecimentos, pois seus desentendimentos com os próprios colegas do ministério, resultaram em ataques constantes de seus adversários. Profundamente magoado, deixou a política após ter seu nome vetado pelo imperador para o cargo de senador. Atormentado pela doença, deprimido e muito debilitado, foi para a Europa na tentativa de recuperação da saúde perdida. Mas, não conseguindo restabelecer-se, voltou à pátria para falecer no Rio a 12 de dezembro de 1877. Nessa ocasião escrevia o poema Os filhos de Tupã.

Suas principais obras são: no romance, Cinco Minutos (1856); A Viuvinha (1857) O Guarani (1857); Lucíola (1862); Diva (1864) As Minas de Prata (parte inicial: 1862 - obra completa: 1864-65); Iracema (1865); O Gaúcho (1870); A Pata da Gazela (1870); O tronco do Ipê (1871); Sonhos d'Ouro (1872); Til (1872); Alfarrábios ("O Ermitão da Glória" e "O Garatuja") (1873); A Guerra dos Mascates (1873); Ubirajara (1874); Senhora (1875); O Sertanejo (1875); Encarnação (1877).

No teatro: Demônio Familiar (1857); Verso e Reverso (1857); A asas de um anjo (1860); Mãe (1862); O Jesuíta (1875).

Nas Crônicas: Ao correr da pena (1874).

Autobiografia: Como e Porque Sou Romancista (1893).

Cartas: A Confederação dos Tamoios (1856); Ao Imperador: Cartas Políticas de Erasmo (1865); Ao Imperador: novas cartas políticas de Erasmo (1865); Ao povo: cartas políticas de Erasmo (1866); O Juízo de Deus (1867); Visão de Jó (1867).

2.3.2 - Alencar no Romantismo: características literárias

A literatura nacional que outra cousa é senão a alma da pátria, que transmigrou para este solo virgem com uma raça ilustre, aqui impregnou-se da seiva americana desta terra que lhe serviu de regaço; e cada dia se enriquece ao contato de outros povos e ao influxo da civilização? (ALENCAR, 1872)1

Talvez a idéia mestra, para a compreensão da obra de Alencar, esteja nessas suas célebres palavras registradas no prefácio a Sonhos d`Ouro em 1872. Depreendemos daí a idéia da língua e da literatura como armas políticas. Ou seja, para Alencar cabia à literatura expressar a nação. É nela que o povo deve reconhecer-se como nação, deve conhecer sua geografia, seus costumes, sua cultura, antes ignorada em função da imposição da cultura do colonizador. Enfim, é pela literatura, pela emancipação lingüística, que a nação poderia encontrar e registrar uma identidade, construir uma auto-imagem. É o que podemos constatar nos seguintes dizeres de Alencar (1873, apud PINTO, 1978, p. 121): “[...] e o escritor verdadeiramente nacional, acha na civilização da sua pátria, e na história já criada pelo povo, os elementos não só da idéia, como da linguagem que a deve exprimir”.

Para tanto, Alencar procurou retratar em seus romances não só a temática brasileira, os nossos valores, as nossas tradições ou a apresentação do país nas suas dimensões geográfica ou histórica. Era preciso ir além, isto é, era preciso tomar uma posição diante da linguagem.

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