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Fundef (1998-2006) e Fundeb (2007-2010): aplicação dos recursos destinados à valorização do magistério – remuneração

Capítulo

3 O FUNDEF E O FUNDEB NO RIO GRANDE DO NORTE: COMPOSIÇÃO E APLICAÇÃO DOS RECURSOS DESTINADOS À VALORIZAÇÃO DO

3.2 FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE: ESTRUTURA FINANCEIRA, FONTES DE RECURSOS E OS FUNDOS

3.2.2 Fundef (1998-2006) e Fundeb (2007-2010): aplicação dos recursos destinados à valorização do magistério – remuneração

O papel equalizador existente na política de financiamento da educação, destacando a valorização dos profissionais da educação mediante a melhoria salarial decorrente da subvinculação de parte dos recursos (60%) dos Fundos à remuneração dos profissionais do magistério é considerado como positivo. Segundo estudos de Gatti, Barretto e André (2011), a maior parte do orçamento da educação, nos vários níveis administrativos responsáveis pela educação escolar, recai sobre pessoal, particularmente sobre o montante do salário dos docentes. Nas discussões sobre os ajustes e as adequações salariais, é sempre levantada a limitação orçamentária para atendimento às reivindicações da classe.

A Lei nº 9.424/96 define que o mínimo de 60% seja destinado, anualmente, à remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício no ensino fundamental público (regular, especial, indígena, supletivo, inclusive alfabetização de adultos), compreendendo os professores e os profissionais que exercem atividades de suporte pedagógico, tais como: direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em efetivo exercício em uma ou mais escolas da respectiva rede de ensino.

De acordo com o art. 22 da Lei nº 11.494/2007, são considerados profissionais do magistério aqueles que exercem atividades de docência e os que oferecem suporte pedagógico direto ao exercício da docência, incluídas as de direção ou administração escolar, planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e coordenação pedagógica. Para que possam ser remunerados com recursos do Fundeb, esses profissionais deverão atuar na educação básica pública, no respectivo âmbito de atuação

prioritária dos Estados e Municípios, conforme estabelecido nos § § 2º e 3º do art. 211 da Constituição.

Conforme determinações da Lei nº 11.494/07 normatizando o Fundeb, em seu art. 22 garante a remuneração dos profissionais docentes, a partir da aplicação, no

“mínimo, de 60% (sessenta por cento) dos recursos anuais totais do Fundo, destinados ao pagamento da remuneração dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício na rede pública” (BRASIL, 2007, p. 9).

É importante destacar que a cobertura dessas despesas poderá ocorrer, tanto em relação aos profissionais integrantes do Regime Jurídico Único do Estado ou Município, quanto aos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, além daqueles que se encontram, formal e legalmente, contratados em caráter temporário, na forma da legislação vigente. No grupo dos profissionais do magistério estão incluídos todos os profissionais da educação básica pública, sem distinção entre professor de jovens e adultos, da educação especial, da educação indígena ou quilombola e professor do ensino regular. Todos os profissionais do magistério que estejam em efetivo exercício na educação básica pública podem ser remunerados com recursos da parcela dos 60% do Fundeb, observando-se os respectivos âmbitos de atuação prioritária dos Estados e Municípios, conforme estabelecido nos § § 2º e 3º do art. 211 da Constituição.

A tabela 10 apresenta os dados referentes aos recursos do Fundef e Fundeb e aplicação dos 60% na remuneração dos profissionais do magistério da rede pública estadual do RN.

Tabela 10-Aplicação mínima dos 60% do Fundef – 1998 a 2006 e Fundeb – 2007 a 2010 na remuneração dos profissionais do magistério da rede estadual do RN. Dados

atualizados pelo INPC- Dezembro/2010 (em R$).

Ano Recursos do Fundef e Fundeb Valor atualizado Aplicação na valorização do magistério (60%) Valor atualizado Aplicação em MDE 40% Valor atualizado Percentual Aplicado em Remuneração 1998 59.378.832 131.969.822 35.627.299 79.181.893 23.751.533 52.787.929 83,29% 1999 62.817.700 131.726.713 37.690.620 79.036.028 25.127.080 52.690.685 90,33% 2000 72.184.107 141.462.046 43.310.464 84.877.227 28.873.643 56.584.819 94,38% 2001 82.155.844 150.020.810 49.293.506 90.012.486 32.862.338 60.008.325 94,27% 2002 96.486.540 160.785.730 57.891.924 96.471.438 38.594.616 64.314.292 90,49% 2003 94.134.067 133.487.529 56.480.440 80.092.517 37.653.627 53.395.012 93,61% 2004 98.713.426 132.114.012 59.228.056 79.268.408 39.485.371 52.845.606 93,49% 2005 211.793.792 269.973.801 127.076.275 161.984.280 84.717.517 107.989.521 95,67% 2006 124.826.299 154.685.099 74.895.780 92.811.060 49.930.520 61.874.040 98,89% 2007 772.017.000 911.853.674 463.210.200 547.112.205 308.806.800 364.741.470 89,04% 2008 1.015.802.865 1.120.851.001 609.481.719 672.510.601 406.321.146 448.340.400 85,47% 2009 472.127.027 498.774.490 283.276.216 299.264.694 188.850.811 199.509.796 85,82% 2010 539.985.815 539.985.815 415.249.091 415.249.091 124.736.723 124.736.723 80,35%

Fonte: Balanços gerais do RN (1996-2010).

Os recursos do Fundef (1998/2006) apresentam um crescimento nominal de 116% dos valores correntes, que corresponde a um aumento de 9% ao ano. Conforme dados da matrícula a serem analisados, posteriormente, na rede estadual apresenta um decréscimo no período.

Quanto aos dados referentes aos quatro primeiros anos do Fundeb, no primeiro ano (2007), ocorre um aumento em relação ao último ano do Fundef (2006), que corresponde a 31%. Do ano de 2007 para o ano (2010) com a crise de 2009 e queda do ICMS, como visto, anteriormente, há uma redução nos recursos equivalente a, aproximadamente, 30%.

Considerando todo o período de 1988 a 2010, os recursos do Fundef/Fundef oscilam em um movimento de crescimento que varia em torno de 20% ao ano, mas analisando o total, acontece um aumento de aproximadamente 809%, em dados nominais. É lógico que, conforme oscilação dos recursos do Fundef/Fundeb, os recursos destinados à valorização do magistério, também, passam por esse mesmo movimento.

Os dados da Tabela 10 apresentam um crescimento gradativo dos recursos do Fundef e do Fundeb em dados atualizados pelo INPC. No período do Fundef (1998 a 2006), o crescimento é de 17,2%. O crescimento no período do Fundeb (2007 a 2010) é de -40,8%. Analisando todo o período, de 1998 a 2010, o crescimento é de 309%. Observa-se que, em relação à aplicabilidade dos recursos correspondentes aos 60% (valorização do magistério33) no período do Fundef, o governo aplica 83,29% a 98,89%, basicamente todo o recurso é utilizado para pagamento da remuneração e, nos cinco primeiros anos, para a formação de professores leigos. Nos quatro primeiros anos do Fundeb (2007, 2008, 2009 e 2010), conforme a Tabela 10, esse percentual de investimento não mudou, o governo continuou gastando, praticamente, todo o recurso do Fundo em pagamento da remuneração dos profissionais do magistério, sendo, 89,04%, 85,47% e 85,82% respectivamente.

Importa esclarecer, ainda, que o investimento dos Fundos em remuneração não vem correspondendo aos anseios de uma remuneração condigna, algo está equivocado: a) a política de Fundos não tem dado conta das necessidades de remuneração dos profissionais do magistério; b) “Talvez” seja necessário enxugar os cargos comissionados para que possa ampliar os recursos para um maior grupo de servidores, desconcentrando os recursos que se encontram distribuídos para um pequeno grupo.

O papel equalizador existente dessa política de financiamento da educação, destacando a valorização dos profissionais da educação mediante a melhoria salarial decorrente da subvinculação de parte dos recursos (60%) à remuneração dos profissionais do magistério é considerado como positivo.

As matrículas, diretamente ligadas ao volume de recursos dos Fundos, estão relacionadas à discussão da valorização do magistério. Observa-se, portanto, os efeitos dos Fundos nas matrículas e funções docentes.

33 Durante os primeiros 5 anos de vigência da Lei n.º 9.424/96, ou seja, entre 1997 e 2001, foi permitida a

utilização de parte dos recursos dessa parcela de 60% do Fundef na habilitação de professores leigos, sendo essa utilização definida pelo próprio governo (estadual ou municipal) de acordo com suas necessidades. Apesar de expirado esse prazo, os governos estaduais e municipais podem continuar investindo na formação dos professores, de modo a torná-los habilitados ao exercício regular da docência, sendo que agora utilizando os recursos da parcela de 40% do Fundef, destinada às ações de manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1997).

3.3 FUNDEF E FUNDEB E OS INDICADORES EDUCACIONAIS – MATRÍCULAS