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8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

8.2 Futuras pesquisas

Sugere-se, inicialmente, a realização de duas pesquisas: a primeira relacionada à desambiguação automática de nomes de fontes e autores; a outra, à proposição de um processo automático de verificação da disponibilidade das referências citadas no SciELO no PORTAL CAPES – auxiliando o processo de gestão de seu acervo.

Ainda que pesem questões políticas e culturais para a implantação dessas sugestões, pretende-se fomentar a reflexão sobre a viabilidade e os benefícios advindos dessas propostas.

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8.2.1 Desambiguação automática de nomes de autores e fontes

Seguindo a mesma ideia de automação de processos para facilitar a análise e composição da base de citações, discute-se a seguir uma alternativa para a desambiguação automática dos nomes de autores e das fontes citadas.

É importante ressaltar que a geração das bases de citação – do SciELO, ou de qualquer outra coleção digital – por si só não garante a correção de inúmeros problemas em relação ao seu conteúdo, o que pode inviabilizar a sua utilização para a gestão do conhecimento científico. Por esse motivo a integração de alguns Sistemas de Informação em Ciência e Tecnologia (SICT) é discutida a seguir para viabilizar a desambiguação automática de nomes em duas situações: nome dos autores, e nome da fonte de cada citação.

A premissa fundamental para a discussão deste cenário tem como base a modelagem essencial (MATTOS, 2012b): cadastros únicos. Quando a informação está centralizada, todos os sistemas podem acessá-la e a posterior compatibilização de informações fica assegurada no processo de recuperação. É importante ressaltar que a centralização aqui definida não se vincula exclusivamente ao domínio restrito ou exclusividade de posse e atualização; a perspectiva proposta é de centralização do armazenamento das informações, e não necessariamente da alteração de seu conteúdo. Um exemplo é a plataforma LATTES: a informação está centralizada, porém cada pesquisador é responsável pela atualização de seus dados.

Em relação à desambiguação de nomes de autores, um ponto estratégico é a centralização de um cadastro – no caso dos pesquisadores brasileiros, a plataforma LATTES. A partir deste cadastro unificado, os periódicos OJS/SEER, a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e outros sistemas podem buscar as informações por CPF, eliminando a necessidade de desambiguação posterior e facilitando a recuperação de informações para cada autor nos sistemas citados. Mesmo os problemas de homônimos estariam resolvidos com o uso do CPF. O mesmo vale para sistemas de gerenciamento de eventos.

Não foram realizados experimentos nesse sentido, mas uma sugestão é a informação do CPF do autor ao cadastrar-se um artigo em periódico OJS – a plataforma faria uma consulta automática à plataforma LATTES, preenchendo os dados do autor a partir das informações retornadas. Dessa forma, toda vez que o autor fosse cadastrado em um periódico OJS, seus dados estariam coerentes.

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Para tratar das situações em que os dados do autor são eventualmente alterados, idealmente a plataforma OJS/SEER seria alterada para armazenar o campo CPF do autor, que ficaria armazenado posteriormente no XML gerado pelo SciELO. O tratamento do CPF na geração da base de citações eliminaria a necessidade de desambiguação do nome de autores, e também resolveria o problema de homônimos. Também a própria informação sobre o sexo do autor seria incorporada à análise, o que mostrou-se difícil na análise da literatura (SOTUDEH e KHOSHIAN, 2013).

Em termos internacionais, de forma análoga a plataforma OJS poderia integrar- se ao ResearcherID ou ao Google Acadêmico (centralizadores do cadastro de autores), por exemplo – mas a decisão política para essa padronização dependeria do interesse de diversos países. No caso do Brasil, a FAPESP adotou esses cadastros como informação imprescindível à obtenção de financiamento.

Exemplo adicional refere-se à desambiguação do nome dos periódicos: todos eles possuem uma referência internacional: o ISSN. Caso o ISSN fosse informado nas citações, haveria a padronização de nomes de periódicos, facilitando a realização de estudos bibliométricos e o cruzamento de informações entre os periódicos.

Outro ponto essencial é a centralização da tabela de áreas e subáreas de conhecimento, bem como da de instituições de ensino. LATTES, BDTD e OJS/SEER poderiam consultar estas tabelas, cuja alteração ficaria a cargo da agência responsável. A princípio, esses cadastros existem – falta a definição política para a sua adoção em vista dos benefícios para a gestão da informação em ciência e tecnologia. Um exemplo é o WebQualis, que concentra periódicos nacionais (ISSN) avaliados em áreas e subáreas de conhecimento – e poderia também concentrar a instituição responsável de cada periódico. Nesse caso, os outros SICT poderiam consultar esse conjunto de dados unificado, garantindo maior padronização – condição que aumenta a possibilidade de integração e recuperação de informações. O PORTAL OJS proposto por Mattos (no prelo) apresenta a estrutura integrada de áreas e subáreas de conhecimento, periódicos (ISSN) e estrato QUALIS de avaliação para periódicos nacionais da Ciência da Informação.

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8.2.2 Avaliação automática de coleções digitais: uma proposta para

o PORTAL CAPES

Entre as bibliotecas digitais relacionadas à produção científica nacional destaca- se o PORTAL CAPES. Sua importância deve-se, por um lado, à disponibilidade de um amplo acervo digital a toda a comunidade científica brasileira, e por outro, à disseminação de parte dessa produção em alguns dos periódicos digitais cadastrados.

Conforme o Capítulo 2, observa-se que a gestão do acervo do PORTAL CAPES poderia se beneficiar caso fosse definido um processo automático de verificação da disponibilidade das referências citadas na BC desenvolvida para o SciELO.

A partir da BC criada para a Coleção Saúde Pública, por exemplo, seria possível avaliar automaticamente se as fontes citadas – e as referências usadas – estão disponíveis no acervo do PORTAL CAPES. O complemento também seria possível: quais as fontes citadas nos artigos da Coleção Saúde Pública que não estão disponíveis no PORTAL CAPES?

Sugere-se a realização de novas pesquisas para análise da viabilidade de implantação dessa integração entre o SciELO e o PORTAL CAPES.

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