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Capítulo II: O turismo educacional

3. O futuro do turismo educacional

Com o aumento da competitividade a todos os níveis, quer seja entre trabalhadores de uma mesma empresa, quer seja entre empresas do mesmo mercado ou mesmo entre países, as pessoas desenvolveram uma certa tendência em se empenhar mais no sentido de potenciar a sua carreira e sucesso profissional e social. O resultado visível deste facto é o aparecimento da chamada sociedade do conhecimento. Para tal, um grande e variado leque de experiências e conhecimentos faz a diferença. Qualquer que seja o caminho a seguir, a qualidade é sempre um factor a ter em conta.

De uma forma geral, os valores vigentes nas sociedades foram sujeitos aos efeitos da inovação, principalmente, tecnológica. No decorrer das alterações subsequentes, os indivíduos apostam e procuram novas experiências. Estas desencadeiam o crescimento das viagens, numa perspectiva de aprendizagem durante toda a vida (Kalinowski e Weiler, 1992).

Os fornecedores de experiências de turismo educacional devem ter em conta estas alterações, que incluem, principalmente uma rejeição do poder de autoridade, um aumento de autonomia e criatividade, uma busca pelo prazer juntamente com o desejo de participar em novas experiências, o desejo de participar na tomada de decisões, uma necessidade de aventura e de crescimento pessoal (McCune and Begin, 1987 in Kalinowski e Weiler, 1992:23).

Assiste-se, igualmente, ao desmoronar do tradicional pensamento que a educação é para os jovens, o trabalho é para os adultos e o lazer para os idosos. Progressivamente vão existindo cada vez mais adultos que, para além do seu emprego, aproveitam as suas horas de lazer para adquirirem novas experiências que geram aprendizagem (Cross, 1981 in Kalinowski e Weiler, 1992:23). Como é referido por Kalinowski e Weiler (1992:24), estas tendências gerais direccionadas para uma diversidade ainda maior nos estilos de vida têm implicações no turismo, em geral, e no turismo educacional, em particular.

Em termos gerais, o planeamento para o futuro do turismo educacional deve ter em atenção a mudança dos valores, como as alterações a nível demográfico,

económico e tecnológico, como afirma Schwaninger (1989 in Kalinowski e Weiner, 1992:24). Face à crescente vontade dos turistas em participar em experiências únicas e com um certo grau de actividade, aprendendo mais sobre culturas estrangeiras, os fornecedores deste tipo de turismo devem redefinir as suas estratégias de forma a englobar as crescentes exigências dos visitantes.

Segundo a opinião de Kalinowski e Weiler (1992:25), tais estratégias devem passar também pelo aumento da qualidade em detrimento da quantidade.

Em termos de estratégias de publicidade, os meios de divulgação mais utilizados são os panfletos e a Internet, sendo esta última cada vez mais aproveitada pelos fornecedores, devido à era de informatização em que nos encontramos. Os produtos mais comercializados são os que assentam em pacotes com vários destinos em que a cultura, a história e a natureza são enfatizados, interesses estes que se prevêem manter num futuro próximo.

Ainda referentes à world wide web, desenvolvimentos recentes revelam impactes profundos no processo educacional, transformando currículos educacionais, materiais de aprendizagem e práticas institucionais. É especificamente devido às suas características associadas à interactividade, conectividade e convergência, que a Internet é vista como uma plataforma fornecedora de informação, motivando os estudantes a receber e interagir com materiais educacionais, assim como com professores e outros sujeitos especializados em determinados tópicos, que até há bem pouco tempo seriam impossíveis. As vantagens de aprendizagem através da Internet são mais que muitas: oportunidades de aprendizagem para toda a vida, inexistência de constrangimentos de espaço e de tempo, efeito catalisador de transformações institucionais (Poehlein, 1996 in Sigala, 2002:29), enquanto que as suas aplicações e benefícios para o turismo educacional também têm vindo a ser reconhecidos. (Cho and Schmelzer, 2000; Christou and Sigala, 2000; Sigala, 2001; Kasavana, 1999 in Sigala, 2002:29).

Embora haja um número crescente de guias e educadores de turismo que está a retirar materiais da Internet e a utilizá-los no seu dia-a-dia, são, contudo, poucos os que conhecem as suas capacidades por inteiro. Por outro lado, é de

conhecimento geral que ainda nos encontramos numa fase experimental no que diz respeito à criação de ambientes para aprendizagem via Internet. Este facto associado à baixa competição e às altas taxas de sucesso do e-learning, torna evidente que é preciso aprender mais acerca do ambiente virtual, tanto a nível tecnológico, pedagógico ou pessoal (Sigala, 2002:29).

Embora hoje, o principal alvo para o turismo educacional continuem a ser adultos com idades mais avançadas e perto da fronteira da terceira idade, assim como adultos entre os 30 e 40 anos, ou seja, pessoas com disponibilidade de tempo e/ou económica, o que se vai reflectir na diminuição da sazonalidade, esta tendência está lentamente a sofrer uma alteração. Mais recentemente tornam-se, também, público-alvo as famílias, os trabalhadores independentes, mulheres (para este grupo, o turismo educacional torna-se um atractivo devido à segurança oferecida) e acima de tudo o público infanto-juvenil, através das visitas de estudo e intercâmbio escolar (Arsenault, 2001:23).

Tendo em conta o envelhecimento da população e o facto de que a esperança média de vida das mulheres ultrapassar em alguns anos a dos homens, Arsenault (2001:23) sugere que os fornecedores devem virar as suas atenções para o público-alvo das mulheres, uma vez que este pode vir a tornar-se um dos mais aliciantes.

De tudo o que ficou referido, prevê-se que o mercado do turismo educacional irá crescer à medida que as gerações mais novas se vão tornando cidadãos activos. Como relembra a OMT (1999: 102), a UNESCO tem vindo a listar locais de grande interesse cultural e natural a nível mundial, desde 1972. Este processo, que actualmente conta com mais de 690 locais, tem incitado à visita dos mesmos, principalmente dos que se encontram perante algum tipo de ameaça, contribuindo para o aumento do número de visitantes que se deslocam para fora da sua área de residência por motivos primariamente culturais e/ou educacionais. Em termos de marketing, refiram-se as palavras da OMT (1999:102) quando afirma que o turismo educacional ”pode ser uma ferramenta para unir laços com a comunidade local, assim como para atrair novos negócios.”

Em termos tendenciais, e de acordo com Arsenault (2001:43), as perspectivas para o turismo educacional assentam no seguinte conjunto de factores:

- O número de turistas educacionais está continuamente a aumentar, assim como a diversidade étnica dos participantes e a diversidade em termos etários;

- Existe um crescente número de pessoas que procura a aprendizagem como parte da sua experiência de viagem. Consequentemente, também se deu um aumento nos programas turísticos oferecidos que focam a cultura, história e o meio ambiente;

- Assiste-se a um aumento da procura por áreas naturais e protegidas;

- Os cortes na educação poderão vir a criar mais organizações que tenham por objectivo arranjar meios alternativos para a aprendizagem;

- Verifica-se um aumento das saídas turísticas com duração média de 2 a 3 dias;

- Assiste-se a um aumento da procura de novos locais a serem visitados, por parte dos turistas;

- A Internet continuará a desempenhar um papel fundamental na promoção deste tipo de turismo;

- Prevê-se o alargamento da população alvo, passando também a integrar os mais jovens (intercâmbios escolares e visitas de estudo) e as mulheres.

Capítulo III

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