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6. DEUSAS E MORTAIS: AS MULHERES NA MITOLOGIA GREGA

6.2 Gaia, Héstia e Hera

Gaia, a mãe-Terra, embora não tenha uma representação gráfica como as demais deusas (isto é, como uma mulher), é presença constante das histórias da person

a especialmente nos momentos de maior dificuldade. E, nesse contexto, ela representa a Grande Deusa, isto é, aquela que é íntegra, completa.

82-83.

64 Bolen, Jean Shinoda – As deusas e a mulher: nova psicologia das mulheres. Paulus, São Paulo, 2007. p. 82. 65 Idem. pp.

Héstia, era a filha primogênita de Réia e Cronos, da primeira geração de deuses olímpicos e irmã de Zeus. Hera, esposa de Zeus, também como Héstia, era irmã do senhor do Olimpo. Héstia era uma deusa virgem que não podia ser envolvida pelas artimanhas e pela influência de Afrodite, o que a tornou a protetora dos lares e seu símbolo era a lareira, que de

s mortais. Cada uma tinha habilidade de enfocar aquilo que lhe in

as não habitava no Olimpo, como o

que o espaço fosse ocupado or Dionísio. Mas mesmo assim, tanto na Grécia Antiga como em Roma, com o nome de

esta, foi alvo de grande devoção e honrarias.

ada herdara da divisão do poder do pai, pois seus irmãos lhe xcluíram, tornou-se esposa de Zeus o que, de um lado, consagrou-a como a deusa da

mília, do casamento, e de outro lado, restringiu-a a um plano de importância inferior ao que po

via arder permanentemente nas casas, nos templos e no centro da cidade. A colonização grega era caracterizada pelo fogo que se acendia nas novas terras. Fogo este que era sagrado e transportado dos templos a essas terras, conforme nos apresenta a psiquiatra norte-americana66 (2007).

Seu arquétipo está relacionado à idéia de inteireza e integridade. É importante ressaltar que, como destaca Bolen67 (2007):

“... Cada uma tinha a qualidade de uma-em-si-mesma que caracteriza uma deusa virgem. Nenhuma delas era vitimada pelas divindades masculinas ou pelo

teressava e de se concentrar nisso, sem ser perturbada pelas necessidades dos outros ou pela necessidade de outros.”

Apesar de sua condição de progenitura, Héstia não apen

s demais deuses, como também não foi contemplada com um domínio, como seus irmãos Zeus, Hades e Poseidon, após Cronos ter sido destronado. Ela, que é associada à imagem de uma sábia anciã, e nada afeita às rivalidades e disputas dos deuses olimpianos, afastou-se espontaneamente do convívio deles, o que permitiu

p V

Hera, que também n e

fa

deria ocupar. Um espaço ao qual ficou confinada.

Zeus era um freqüente traidor dos laços do matrimônio e Hera, sua esposa, descrita como a mais vingativa entre as deusas. Ela, que era a deusa protetora desses sagrados laços, era também uma de suas maiores vítimas.

66 Bolen, Jean Shinoda – As deusas e a mulher: nova psicologia das mulheres. Paulus, São Paulo, 2007. pp. 159-160.

A maior parte das mortais citadas nos relatos mitológicos gregos foram vitimadas pelas divindades ou por recusarem seu amor, ou porque, como resultado de encontro íntimo, amoroso ou violento, geraram filhos e filhas, configurando assim, a traição e deuses e deusas exerceram suas vinganças sobre elas. Várias mortais, contudo, foram abençoadas por deusas e deuses.

Da mesma forma, alguns mortais também aparecem ora como vitimados, ora como abençoados pelas deusas com as quais tiveram algum tipo de envolvimento amoroso.

Excetuando-se as figuras dos heróis e, mesmo assim, com ressalvas, boa parte dos mortais

plo. As mulheres, especialmente.

uito

meno um

herói

ente

identi quisa de campo, por ser a mãe mortal

daquel

s, sobretudo, como elementos de oposição a eles e q

s?

Giganta, duas das principais vilãs. Infelizmente, não podemos aqui datar com precisão as mudanças vivenciadas, especialmente por Etta

, homens e mulheres, que se envolveram de alguma forma com deuses e deusas pouco são conhecidos, num contexto mais am

Nomes como os de Alcmena, Atalanta, Aracne e Ifigênia, por exemplo, são m s divulgados, digamos assim, do que o de Helena, que está intimamente ligada a e a um evento, isto é, a Páris e à Guerra de Tróia, respectivamente.

Alcmena, nessa curta lista, é possivelmente a mais conhecida, e mais rapidam ficável, se fizéssemos uma espécie de pes

e que é dito como o maior de todos os heróis, Héracles. E, nesse caso, seu reconhecimento ou, melhor dizendo, seu nome seria conhecido apenas por essa condição e nada dela, além disso, seria conhecido.

As figuras femininas mais famosas, digamos, dos relatos mitológicos da Grécia Antiga, provavelmente apontadas numa pesquisa como sugerido acima, seriam, a julgar por sua presença, em suportes midiáticos posteriores, justamente, aquelas que tiveram maior participação em passagens dos feitos dos herói

ue demonstrassem uma visão mais negativa, ou frágil, das mulheres. A base para tal raciocínio empírico, admito, apóia-se em figuras como a de Medéia, Circe e a já citada, Helena, entre outras tantas.

E as mulheres das histórias da MM? Quem são ela

Como já falamos, existem três presenças constantes nas histórias, desde sua criação. Uma, Etta Candy, amiga da heroína em suas duas identidades, embora desconheça essa dupla vida de Diana; a Mulher-Leopardo; e

podem

do nas aventuras da amazona. Uma amizade surgiu entre as duas person r um breve disfarce de enferm ntexto histórico.

ticipação mais diretamente ativa na dinâmica por ele criada. os apresentar uma boa aproximação temporal. Ao menos, no mercado norte- americano.

Entre os anos 40 e 50, Etta foi apresentada como uma jovem estudante que liderava um grupo de alunas de uma mesma escola secundária e que, com alguma freqüência, acabava se envolven

agens. Aparentemente, durante parte da década de 50, esse grupo de estudantes deixou de participar das histórias, sendo retomado na década seguinte, mas apenas po

período, para enfim, ser abandonado de vez. Robert Kanigher68, como editor da revista Wonder Woman, foi o responsável pela exclusão das “garotas Holliday”.

O final da 2ª. Guerra Mundial fez com que Diana Prince deixasse seu

eira militar. Entre os anos 50 e 70, sua profissão fixou-se como militar, exceto pelo período em que, privada dos poderes e da herança amazona, quando atuou como uma espécie de espiã ou agente secreta, disfarçada como dona de boutique.

O seriado de televisão dos anos 70 mostrou dois momentos da personagem. No primeiro ano, a década de 40, quando Etta e Diana Prince eram duas militares, que não tinham prévio conhecimento uma da outra, no contexto do conflito mundial. Nos dois anos seguintes, elas continuavam sendo militares, mas as histórias refletiam o clima dos anos 70, época de produção da série e, portanto, dentro de outro co

Também como vimos em capítulos anteriores, entre os anos 80 e 90, a heroína teve diversas atividades profissionais, chegando ao século 21, sem uma profissão específica como relatado no álbum gigante de Alex Ross e Paul Dini.

E em parte desse período, a presença de Etta sofreu uma significativa redução, sem, contudo, desaparecer por completo. E, a partir de George Pérez, ela, assim como Steve Trevor, envelhecera e sua participação ganhara mais uma dimensão afetiva e de homenagem do que uma par

Agora, uma rápida análise sobre as duas vilãs.

A Mulher-Leopardo e Giganta existem, como adversárias da heroína, desde os primeiros tempos. Já mencionamos que houve mais de uma Mulher-Leopardo e as condições de suas respectivas origens, mas seu visual, gráfico e de vestuário, mantiveram- se constantes. Giganta, uma ex-macaca evoluída por ação de um raio de evolução, também

68 Daniels, Les & Kidd, Chip – Wonder Woman: the complete history. Chronicle Books, San Francisco, 2000. p. 100.

teve seu visual mantido, sendo que sua origem também se manteve inalterada desde os anos 40.

Nos desenhos de televisão onde aparece, mais do que nos quadrinhos, uma terceira vilã também merece destaque: a feiticeira Circe.

Para as três personagens, suas motivações criminosas também não sofreram mudanças relevantes ao longo dos anos. E, até o momento, não desfrutam do mesmo impacto ou do status que possuem, por exemplo, Lex Luthor ou Coringa.

Os anos, apesar de mostrarem um mundo mais complexo e torturado para SH e BT, pelas ações desenvolvidas por estes e outros arquiinimigos, não afetaram na mesma medida

ob outros ângulos. É claro q

, às arquiinimigas da MM. Elas não possuem a mesma força, ambição e engenhosidade para planificar grandes golpes. São vilãs sem grandeza.

As figuras de Julia e Vanessa Kapatelis, criações de Pérez, também permitiram à personagem vivenciar situações envolvendo os laços de mãe e filha, s

ue este gancho sempre foi e ainda hoje continua sendo abordado, quando pensamos em sua relação com a mãe, a rainha Hipólita.

Mas elas, sendo mortais, trouxeram novas oportunidades e novas leituras sobre este tema.

7. ‘SELF-MADE MAN’ E ‘MULHER-MARAVILHA’: A MITOLOGIA

CONTEMPORÂNEA