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Generalidades acerca do setor de cerâmica de revestimento

Como uma caracterização histórica geral, baseada em SUZIGAN & COUTTNHO (1993), pode-se afirmar que o emprego de materiais cerâmicos para revestimentos de edificações tem origem bastante antiga, encontrando-se registros do seu aparecimento já no século 6 a.c.. A produção era de caráter artesanal e os preços elevados permitiam o acesso apenas às faixas de população de elevada renda. Países como a Itália, Portugal e Espanha possuíam uma tradição artística em cerâmica artesanal e o Reino Unido destacava-se pela produção de cerâmica de mesa. A partir da Segunda Guerra Mundial, a produção em caráter industrial tomou os materiais cerâmicos acessíveis para o emprego em outros tipos de edificações e não apenas nas residências da classe média alta e de luxo. Desde então, os revestimentos cerâmicos, devido às suas características de estanqueidade à água e facilidade de limpeza e assepsia passaram a ser empregados como sinônimo de higiene, tomando-se exigência explícita de vários códigos de obras e edificações.

Os materiais cerâmicos para revestimentos na construção civil são constituídos por dois tipos básicos de produtos, os azulejos e os ladrilhos cerâmicos. Os azulejos, em função de suas características dimensionais e de resistência, são destinados ao revestimento de paredes e constituem-se de um corpo cerâmico branco recoberto numa das faces por uma camada vítrea, com ou sem decoração.

Os ladrilhos cerâmicos, por sua vez, são destinados ao revestimento de pisos, sendo produzidos com características de dimensões e resistência mecânica e a abrasão, especificamente voltadas a essa finalidade.

Tratando-se especificamente das características do setor no Brasil, segundo COUTINHO & FERRAZ (1994), no setor brasileiro de cerâmica de revestimento há um conjunto de empresas de elevada capacitação produtiva, sendo que as de maior porte (em número de 8) figuram entre as 50 maiores empresas do mundo em capacidade de produção.

“Dentre os setores do complexo de materiais de construção, esse é, certamente, o que se encontra melhor estruturado para a

competitividade. O setor vem conseguindo, nos últimos anos, um

significativo aumento da competitividade de seus produtos no mercado internacional através de um processo de modernização baseado na busca do atendimento às normas internacionais e na criação de um centro tecnológico de caráter regional” (COUTINHO & FERRAZ, 1994, p. 323).

Tabela 1

Segmentação Geográfica da Produção no Mercado Nacional

REGIÕES ( PISOS 1 AZULEJOS

Sul 16% 17% Sudeste 55% 61% Centro-Oeste 11% 8% Norte 4% 3% Nordeste 14% 11% TOTAL 100% 100%

Fonte: ANFA CER - Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica de Revestimento

O setor cerâmico catarinense deverá apresentar um crescimento superior ao

Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, segundo previsões do Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma (Sindiceram).

Alguns fatores são componentes importantes do desenvolvimento tecnológico do setor cerâmico. Pode-se destacar, por exemplo, a formação profissional, que, em última instância, vai determinar todo o processo produtivo. Cabe mencionar a importância de outras instâncias entre as quais o sistema de normalização industrial, área em que existe um trabalho inicial carente de apoio, de sistema de difusão de informação, de escolas técnicas, de institutos de pesquisa industrial etc... (PROCHNIK, 1989)

Medidas têm sido tomadas no sentido do desenvolvimento tecnológico através da qualificação da mão-de-obra. Um exemplo disto está no potencial do setor cerâmico da região sul do Estado de Santa Catarina, responsável por um faturamento anual de US$ 325,8 milhões e mais de cinco mil empregos diretos e que fez com que o primeiro centro de pesquisa desta área na América Latina fosse fundado, em junho de

1995, na cidade de Criciúma. Assim, foi criado o Centro de Tecnologia em Cerâmica (CTC), a partir de parceria envolvendo o Sistema FIESC (Senai), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma.

Instalado em uma área construída de 1.440 metros quadrados, o CTC possui seis laboratórios, onde cerca de 16 profissionais estão desenvolvendo análises térmicas, análises microestruturais, ensaios físicos e químicos, caracterização de produtos acabados e preparação de amostras.

Outra variável ligada ao desenvolvimento tecnológico é o design dos produtos. No caso do setor cerâmico brasileiro, somente agora é que se está dando os primeiros passos a busca de um design próprio, uma vez que a tendência ainda é o de copiar os modelos usados na Europa, em especial na Itália e Espanha. A busca por um

design nacional vem acontecendo nos últimos quatro anos, mas, segundo alguns

estudiosos, só se atingirá seu objetivo a médio prazo, uma vez que é um processo que requer muitos estudos junto ao mercado consumidor. Atualmente, um dos principais aliados para se desenvolver um design nacional são as escolas, tanto técnicas como as de nível superior.

O design é um elemento fundamental para agregar valor e criar identidades visuais para produtos, serviços e empresas, constituindo em última análise, a imagem das empresas no mercado. Alguns aspectos incorporados pelo design são: inovação, confiabilidade, evolução tecnológica, padrão estético, rápida percepção da função/uso do

produto, adequação às características sócio-econômicas e culturais do usuário, e racionalização.

Segundo definição do International Council Design o f Societies o f

Industrial Design- ICSID, “Design Industrial é uma atividade criativa cujo objetivo é determinar as propriedades formais dos objetos produzidos industrialmente. Por propriedades formais não se deve entender apenas as características exteriores mas, sobretudo, as relações estruturais e funcionais que fazem um objeto (ou de um sistema de objeto), uma unidade coerente, tanto do ponto de vista do produtor como do consumidor. O Design Industrial abrange todos os aspectos do ambiente humano condicionado pela produção industrial”.

Sob o enfoque do International Council o f Grafic Design Associations -

ICOGRADA, “Design gráfico é uma atividade técnica e criativa relacionada não apenas com o produto de imagens, mas com a análise, organização e métodos de apresentação de soluções visuais para problemas de comunicação”.

III CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA CERÂMICA