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5. Conclusões

5.1. Generalidades

Na sociedade em que vivemos a preservação do ambiente assume actualmente uma importância significativa, na medida em que desempenha um papel crucial na qualidade de vida das populações e no equilíbrio e sobrevivência dos ecossistemas. No entanto, além das alterações climáticas perspectivarem um futuro com escassez crescente de água, com períodos de seca cada vez mais acentuados e prolongados, o deficiente ordenamento do território das últimas décadas com zonas habitacionais de elevada densidade localizadas preferencialmente junto ao litoral gerou pressões que, na maior parte dos casos, atingiram um desenvolvimento demasiado rápido para a correspondente construção de infrasestruturas de apoio. Isto deu origem a desequilíbrios ambientais severos que se acentuaram ao longo do tempo e ao surgimento e agravamento de problemas de contaminações nas águas e nos solos a par da cada vez mais difícil tarefa de reverter ou pelo menos, em muitos casos, parar todo esse processo.

Além disso, a proximidade do peak oil e as convulsões económicas que assolam o mundo, agravadas com a escalada galopante dos preços do petróleo, fazem com que a dependência dos combustíveis fósseis comece a assumir contornos preocupantes, sem que as alternativas estejam a surgir a um ritmo viável. A qualidade de vida das populações poderá, pois, degradar-se de uma forma assustadoramente rápida, o que terá consequências ambientais a curto e médio prazo nas gerações futuras, cujos efeitos são previsíveis, mas que também se poderão revelar em situações inesperadas.

Todos estes motivos obrigam, apesar do momento de crise que se atravessa, a olhar com especial atenção para as tecnologias financeiramente acessíveis a pequenas empresas, que permitam minimizar estes factores ambientais negativos, maximizando simultaneamente o acesso aos recursos com as ferramentas existentes. Para tal, torna-se necessário ponderar caso a caso a utilidade do investimento necessário para a utilização dos vários métodos ao dispor do tecido empresarial que permitam dar uma resposta mais eficaz na resolução destes problemas.

A par desta degradação ambiental, tem no entanto havido um esforço de mudança dos hábitos e culturas ambientais das populações, que ao longo das décadas tem vindo a dar mostras de uma melhoria lenta, sustentada sobretudo no investimento em educação ambiental escolar, da imposição legal de práticas ambientalmente mais sustentáveis e na recuperação de locais degradados por parte das entidades competentes. Esta problemática é ampla e afecta tanto o modo de captar águas subterrâneas para abastecimento público no que diz respeito à qualidade e quantidade e de forma que os aquíferos mantenham a sua integridade, como a avaliação de possibilidades alternativas para o fornecimento de energia a comunidades locais ou ainda na avaliação e recuperação de erros ambientais do passado.

A utilização cada das águas subterrâneas em aglomerados populacionais de pequena e média dimensão como recurso de reserva ao abastecimento de água proveniente das albufeiras em períodos de estiagem ou seca mais ou menos prolongada é cada vez mais frequente. No caso de escassez ou de má qualidade das águas superficiais é necessário encará-las numa óptica de recurso de reserva, a preservar mesmo em épocas de não utilização. Este facto leva a que seja de todo desejável o investimento na construção de captações de água subterrânea que permita uma utilização duradora, de longo prazo, que garanta a não deterioração dos equipamentos de bombagem devido aos períodos de paragem, ao mesmo tempo que favoreça a preservação dos recursos hídricos. Por isso, esta preservação deverá ser assegurada recorrendo à execução de sondagens e captações de água profundas tecnicamente bem executadas cuja utilização suprima vários tipos de necessidades em quantidade e qualidade, nomeadamente a nível de abastecimento de água e regadio. Estas poderão assim constituir uma solução satisfatória que preserve os recursos hídricos de efeitos antrópicos negativos para os ecossistemas, garantindo em simultâneo as necessidades em água de conjuntos habitacionais mais ou menos alargados.

Por outro lado, as consequências ambientais das práticas muito discutíveis de ordenamento urbano, industrial e de exploração de recursos minerais que tiveram lugar durante décadas, sem obediência a regras e eliminando com frequência qualquer cuidado na preservação do ambiente em prol do lucro fácil, tornam-se difíceis de avaliar em toda a sua extensão e profundidade, quer a nível de protecção de aquíferos, como do diagnóstico e avaliação das contaminações. É importante, pois, o conhecimento actualizado das consequências de tais práticas ao longo de décadas, através de monitorizações periódicas e pela utilização de métodos que permitam estabelecer comparações evolutivas ao longo do tempo, para que se possam proceder regularmente ao controlo destes processos e mitigar os seus efeitos e que é

necessário minimizar. As metodologias referidas nesta dissertação envolvem a execução de estudos deste âmbito que poderão atingir profundidades apreciáveis e que por sua vez estão dependentes da construção de captações que pelas suas características envolvem riscos de insucesso elevados.

No que concerne ao fornecimento energético, factor fundamental de equilíbrio e bem- estar que permite a manutenção de uma qualidade de vida adquirida ao longo de décadas, a procura de energias alternativas aos combustíveis fósseis tem tido na Geotermia um campo de aplicação muito limitado em Portugal Continental, até agora na melhor das hipóteses circunscrito a aproveitamentos em cascata de ocorrências termais portuguesas com temperaturas em geral superiores a 50 ºC (Lourenço e Cruz, 2005). Estes aproveitamentos em cascata englobam a exploração de algumas estufas e aquecimentos de piscinas e de edifícios, nas instalações de estabelecimentos termais concessionados e em funcionamento ou muito próximas destes, na chamada Geotermia clássica (Ferreira Gomes, 2005). No entanto, actualmente assiste-se em vários países ao desenvolvimento de alguns projectos de Geotermia Estimulada, ou

Enhanced Geothermal Systems (EGS), que oferece novas perspectivas para o aproveitamento energético em zonas que não se podem considerar geotermicamente anómalas, mas que exigem um conhecimento geológico e geotérmico a profundidades da ordem de quilómetros (Lund, 2007). Neste caso, embora a conjuntura económica actual não seja favorável aos investimentos avultados necessários ao desenvolvimento desta técnica, a dependência crescente de combustíveis fósseis cada vez mais onerosos reforça a importância de manter as alternativas em aberto através de um conhecimento actualizado o mais rigoroso possível dos parâmetros que envolvem a investigação e o levantamento das condições do país para este tipo de projectos, que por sua vez poderão permitir a sua implementação rápida num futuro mais favorável.

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