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• Clientes cujo comercializador em regime de mercado tenha ficado impedido de exercer a atividade;

• Clientes em locais em que não exista oferta dos comercializadores de eletricidade em regime de mercado [17].

Estes devem comprar toda a energia produzida em regime especial, podendo também esta- belecer contratos bilaterais e adquirir energia em mercados organizados. Desde de 1 de janeiro de 2013 que se tem levado a cabo à extinção das tarifas reguladas para todos os clientes procu- rando promover a sua passagem para o Mercado Livre. A todos os clientes que ainda não estejam presentes no Mercado Liberalizado é aplicada uma tarifa transitória. No entanto, esse processo é demorado e têm ocorrido sucessivos adiamentos para a transição total. A última indicação a este respeito está presente no orçamento de estado deste presente ano, 2017, em que segundo o artigo 171o, paragrafo 1, alínea a) o prazo para a extinção das tarifas transitórias para fornecimento de eletricidade aos clientes finais de baixa tensão normal foi prolongado até 31 de dezembro de 2020 [7] [18].

3.3

Generalidades Relativas ao Setor Elétrico Espanhol

O setor elétrico do país vizinho sofreu também ao longo das últimas décadas uma série de restruturações e/ou reformulações com o intuito de melhorar e de criar um mercado próximo do melhor possível para o consumidor final.

O primeiro registo de utilização da eletricidade para efeitos práticos em Espanha ocorreu no ano de 1852 em Barcelona, quando um senhor farmacêutico, de nome Domenech, iluminou o seu estabelecimento. Nesse mesmo ano, mas em Madrid, foram realizadas experiências de iluminação utilizando uma célula galvânica na Plaza de La Almeria e no Congreso de Los Diputados. O movi- mento de eletrificação industrial do país teve inicio no ano de 1876 com a empresa La Maquinista Terrestre y Maritimaa estabelecer o primeiro contrato de fornecimento de eletricidade. Outros contratos seguiram-se e em 1881, José Dalmau, criou a Sociedad Española de Eletricidad, co- nhecida como a primeira empresa de eletricidade espanhola. Já em 1885 foi publicado o primeiro decreto relacionado com as instalações elétricas, sendo que três anos mais tarde foi publicada uma Ordem Real. Com o objetivo de regular a iluminação elétrica dos teatros e proibindo a ilumina- ção com lâmpadas a gás, pelo que era apenas permitida a iluminação a óleo somente em caso de emergência. O ano de 1901 ficou marcado por ser o primeiro em que surgiram dados estatísticos sobre a eletricidade em Espanha. Esses dados afirmaram que 61% da capacidade instalada era de origem térmica e os restantes 39% eram provenientes do uso do recurso hídrico.

Até ao inicio da década de 1970 o setor elétrico espanhol disparou na sua evolução chegando mesmo a triplicar a sua produção desde 1920. Mas, em 1973 e 1979 ocorreram graves crises derivadas da elevação do preço do petróleo, levando à publicação da Ley de Conservación de La Energia, de modo a diminuir a dependência das energias fosseis para a produção da energia elétrica [19]. Como consequência destas crises, o setor elétrico espanhol no início da década

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de 80 encontrava-se em crise devido ao sobreinvestimento baseado em perspetivas demasiado otimistas relativamente ao crescimento da procura [6] [7]. Com esta situação a ser considerada grave por parte do Governo, foi decidido decidiu intervir no setor elétrico, nacionalizando a rede de transporte e tornando as empresas municipais em empresas verticalmente integradas [1].

Seguiu-se um período de aprovações de leis que ajudariam o setor a recuperar da sua crise. A 11 de Dezembro de 1987 foi publicado o Real Decreto 1538/1987 introduzindo uma série de normas denominadas Marco Legal Estable, MLE. Com este decreto passava a ser formalmente aplicada uma tarifa nacional uniforme para os consumidores ajudando assim o setor a recuperar economicamente. No setor da produção, a renumeração estaria fortemente influenciada pelo tipo de fonte, pelo que o estado contribuiria com mais apoios, caso a fonte utilizada tivesse como consequência a diminuição da dependência do petróleo. A rede transporte deu origem à Red Elétrica de España, REE, em 1985.

Em dezembro de 1994, registou-se uma marca notável, devido ao facto de que se iniciou o processo de liberalização do setor ao ser aprovada a reforma legislativa denominada Ley Orgá- nica del Sector Eléctrico Nacional, LOSEN, que cria a Comisión Nacional del Sector Eléctrico, CNSE, um órgão independente com funções de caráter regulatório do sistema elétrico espanhol. A LOSEN era uma lei que permitia a existência de competição no setor bem como um mercado regulado que respeitasse as normas do Marco Legal y Estable.

Mais tarde, em novembro de 1997, foi aprovada nova legislação pelo Governo espanhol, a Ley

del Sector Eléctrico. A partir desta data em Espanha iniciava-se um processo de restruturação

intensivo, que levaria em dezembro desse mesmo ano à aprovação das novas normas de funcio- namento do novo mercado espanhol que entrariam em vigor em janeiro de 1998. A Ley 54/1997 passa a definir uma nova estrutura do setor elétrico, criando assim duas entidades novas: o Opera- dor del Sistema e Operador del Mercado, com as responsabilidades de garantir a continuidade e segurança do abastecimento de energia elétrica e a gestão do mercado (propostas de venda e com- pra de energia elétrica) respetivamente [1] [19]. As tarefas de regulação e supervisão continuam a ser da responsabilidade da CNSE. Já para supervisionar a gestão económica do sistema e propor melhorias no sistema foi criado o Comité de Agentes del Mercado.

Em dezembro de 2000 foi publicado um novo decreto pelo Ministério da Economia com o objetivo de clarificar algumas atividades do setor. As atividades de transporte e de distribuição seriam exploradas ou exercidas por sociedades com o objetivo exclusivo de transporte e distribui- ção de energia elétrica. A atividade de transporte ficaria ao cargo da REE, acumulando também as funções de Operador de Sistema e Operador da Rede de Transporte. Para além de todas estas funções, este decreto abordava também temas relacionados com a atividade de comercialização e qualidade de serviço.

A abertura total dos mercados de energia elétrica em Espanha ocorreu a 1 de janeiro de 2003 e mais tarde com a publicação da Ley 17/2007 de 4 de julho, novas alterações à legislação foram implementadas com a ideia de melhorar o enquadramento com a Diretiva Europeia 2005/64/CE e contemplar a existência definitiva de um TSO, a cargo da REE [6] [7].