• Nenhum resultado encontrado

B: proteína tumoral TPT1 Não foram realizados microarranjos utilizando RNA de cultura de célula

5.2. Genes candidatos

Esse presente estudo verificou com clareza a correlação da expressão obtida pelas metodologias utilizadas como também com a comparação desses resultados com os dados de literatura. Alguns genes analisados são discutidos a seguir:

IgK VLJ (“Immunoglobulin kappa light chain VLJ region”): os genes de imunoglobulina são formados através de recombinações entre cadeias leves e pesadas durante a diferenciação dos linfócitos. Esse jogo de recombinação é responsável pela origem dos diversos anticorpos existentes no homem. (Bentley & Rabitt, 1981). Emanuel e colaboradores em 1984 descreveram a existência das cadeias leves kappa em linhagens de linfomas de Burkitt e tumores de células B como sendo preferenciais Porém, Halusca e colaboradores em 1987, evidenciaram que a recombinação em linhagem leucêmica Daudi envolvem cadeias pesadas de imunoglobulina. Esses achados nos confirmam os dados obtidos pelos microarranjos e Northern blot confeccionados durante esse estudo.

TPT1 (“Tumor Protein , translationally-controlled 1”): localizado no cromossomo 13q12-q14, é um fator de liberação de histamina dependente de imunoglobulina E (MacDonald et al, 1995). Encontrado em líquidos biológicos de pacientes alérgicos, se tornou em grande candidato ao estudo de asma (MacDonald et al, 1999). Foi encontrado em vários tipos de células tumorais com exceção de tumores de fígado e carcinoma renal. No presente estudo se apresentou expresso em todos os tecidos testados inclusive no tecido normal, menos em linhagem leucêmica de células T (CCRF-CEM) e portanto deve ter sua expressão confirmada por novos testes.

MAGE A4: pertencente à família dos genes MAGE A, situados no cromossomo Xq28, são antígenos tumores-específicos que podem ser reconhecidos por linfócitos T, sendo de grande importância em imunoterapia (Rogner et al, 1995). De Plaen e colaboradores em 1994 identificaram 12 genes dessa família e encontraram através de RT-PCR, uma forte expressão do gene MAGE A4 em vários tumores de diversos tipos histológicos, mas silencioso em tecido normal, com exceção de testículo e placenta. No presente estudo pudemos verificar uma alta expressão deste gene em linhagem leucêmica de células B (Daudi) e nenhuma em tecido normal, porém esse dado deve ser confirmado por Northern blot.

CASP4: encontrado com diversos sinônimos (ICE, TX e CED3), esse gene pertence à família das caspases, genes responsáveis pela regulação positiva da apoptose. As caspases encontram-se naturalmente como proenzimas inativas e são ativadas por elas mesmas (Munday et al., 1995). Quando induzido, esse gene induz a apoptose celular que serve como um balanço mitótico da regulação de tecido animais (Faucheu et al., 1995). A expressão desse gene está descrita no

banco de dados de proteínas Swiss-Prot (http://ca.expasy.org/cgi-

bin/niceprot.pl?P49662) onde altos níveis de expressão são encontrados em baço

e pulmão, moderado em coração e fígado, baixo em músculo esquelético, rim e testículos e nenhuma em cérebro. No presente estudo, verificamos níveis de expressão presente em todas as nossas amostras que serão confirmados em Northern blot e então relacionados ao processo biológico em estudo.

ERBB3: esse oncogene mapeado no cromossomo 12q13é um receptor de fator de crescimento epidermal pertencente à subfamília de receptores de tirosina

quinase e sua elevada expressão foi descrita em algumas linhagens de tumores de mama sugerindo sua importante participação em malignizações humanas (Kraus et al, 1989). Carraway e colaboradores em 1994 verificaram a existência desses transcritos em vários tecidos humanos. O presente estudo irá confirmar os dados obtidos de maior expressão em linhagens leucêmicas de células B do que em tecidos normais e linhagens de células T.

6. CONCLUSÕES

Essencial para assegurar a qualidade e eficiência da técnica de microarranjos de DNA desenvolvida no Laboratório de Genômica e Expressão do Departamento de Genética e Evolução da Universidade de Campinas, o presente trabalho padronizou e consolidou alterações eficazes dos protocolos de preparo das bibliotecas de diferentes organismos e os resultados obtidos garantiram a alta qualidade obtida pela aplicação da técnica.

Por se tratar de uma biblioteca conhecida e de alta qualidade e de uma seleção realizada anteriormente, o estudo iniciou-se bem fundamentado e os resultados se mostraram pertinentes ao perfil esperado.

As leucemias linfóides agudas são um grupo de doenças tardiamente detectadas e que possuem etiologia pouco conhecido. Nesse sentido, o presente trabalho vem através de seus resultados agregar diferenças específicas entre dois tipos de leucemias linfóides agudas provenientes da diferenciação de células B e de células T.

A adequação dessa técnica como um estudo do perfil de expressão gênica global foi comprovada através da identificação de genes diferencialmente expressos que obtiveram sua expressão adequada ao esperado como verificado através do gene IgK VLJ (“imunolgobulina kappa light chain VLJ region”) e do gene TPT1 (“Tumor Protein , translationally-controlled 1”) e de outros que ainda serão confirmados por Northern blot como por exemplo os genes MAGE A4 (família dos genes MAGE), CASP4 (família das caspases) e ErbB3 (receptor de fator de crescimento epidermal).

7. PERSPECTIVAS

Uma vez padronizada e consolidada a técnica de microarranjos de DNA, inicia-se um processo amplo da enorme aplicabilidade desse conhecimento adquirido e instalado em nosso laboratório.

O presente estudo é o primeiro passo da utilização dessa poderosa ferramenta de estudo global de processos complexos da instalação de doenças humanas, podendo estender-se a outros quadros clínicos.

O estudo do perfil de expressão global de genes relacionados às leucemias linfóides agudas é de grande interesse para a compreensão do processo de formação dos quadros de câncer, da diferenciação celular que ocorre na hematopoese, das diferenças de progressão dos quadros clínicos, mas principalmente, torna-se uma grande ferramenta para se encontrar marcadores moleculares específicos a cada subtipo tumoral possibilitando diagnósticos precoces e conseqüentemente a aplicação de tratamentos específicos e adequados.

Projetos futuros deveriam quantificar a expressão de todos os genes diferencialmente expressos através de PCR quantitativo em tempo real, ampliar os estudos a outros tipos de leucemias, assim como encontrar alvos de marcadores moleculares e possíveis estudos de quadros clínicos.

Documentos relacionados