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5. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL E GEOLOGIA DA ÁREA ESTUDADA

5.2. Geologia da área estudada – Folha Vila de Tepequém

A Suíte Pedra Pintada integra parte da Folha Vila de Tepequém (NA. 20-X-A- III) (CPRM, 2010), que está situada na porção norte do Estado de Roraima, e que ocupa a região central do Escudo das Guianas, parte norte do Cráton Amazônico. O mapa

geológico da área (Figura 8), na escala 1:100.000, e a respectiva nota explicativa, foram recentemente divulgados, sendo um breve resumo da geologia, descrita por CPRM (2010), apresentado a seguir, com foco especial na Suíte Pedra Pintada. A Figura 9 mostra a evolução geotectônica para a porção central do Escudo das Guianas.

O embasamento regional é representado pela Suíte Trairão, que engloba quartzo-dioritos, tonalitos, granodioritos e subordinados monzogranitos aflorantes na parte centro-sul da folha. A suíte exibe afinidade cálcio-alcalina, de médio a alto-K, e idades U-Pb em torno de 2,03 Ga, tendo sido interpretada como representante de um arco magmático.

O Grupo Cauarane aflora na parte sudeste da área e consiste de paragnaisses aluminosos com intercalações de mica xistos, rochas calcissilicáticas, anfibolitos, metacherts e gondito. Estas rochas supracrustais registram três fases de deformação sob a fácies anfibolito superior, durante o Metamorfismo M1, sin-cinemático, representando, provavelmente, a fase colisional do orógeno Trairão. Um metamorfismo M2, estático na fácies, também foi caraterizado e interpretado como reflexo do intenso magmatismo (pós-colisional) representado pelas unidades Pedra Pintada, Surumu, Aricamã e Cachoeira da Ilha.

A Suíte Pedra Pintada inclui rochas de afinidade cálcio-alcalina, dominantemente de alto-K e aflora em dois grandes corpos (corpos Trovão e Flechal) que exibem um zoneamento composicional assimétrico caracterizado pela predominância de granitóides menos evoluídos e mais ricos em minerais máficos na porção sul e de granitos mais evoluídos na porção norte dos corpos, tendo sido individualizadas três fácies em cada corpo. No corpo Trovão, quartzo-dioritos e subordinados tonalitos ocorrem na fácies sul, enquanto granodioritos são as rochas mais freqüentes na fácies central, seguidos por monzogranitos, tonalitos e quartzo- monzonitos, sendo que na fácies norte verifica-se um amplo domínio de monzogranitos, comumente hidrotermalizados. No corpo Flechal, quartzo-dioritos e quartzo– monzodioritos predominam sobre monzogranitos, granodioritos e tonalitos na fácies sul, monzogranitos são os tipos mais freqüentes na fácies central com granodioritos e tonalitos subordinados, e monzo a sienogranitos, mais evoluídos e hidrotermalizados, ocorrem na fácies norte. As fácies graníticas mais evoluídas da parte norte dos corpos

Trovão e Flechal mantêm contato com os ignimbritos e lavas riolíticas do Grupo Surumu e representam as porções mais epizonais da SPP na área mapeada, contrastando com as fácies menos evoluídas e de jazimento mais profundo, localizadas na parte sul dos corpos. A colocação da porção norte dos corpos Trovão e Flechal em níveis mais superiores da crosta é evidenciada também pela presença de texturas gráficas/granofíricas e de cavidades preenchidas por zeólitas em parte das rochas.

Também exibindo afinidade cálcio-alcalina, dominantemente de alto-K, o Grupo Surumu é formado por ignimbritos e subordinados riolitos, andesitos, rochas subvulcânicas e sedimentares, e ocupa praticamente toda a metade norte da Folha Vila de Tepequém. A Suíte Aricamã e a Formação Cachoeira da Ilha mostram afinidades geoquímicas do tipo-A e envolvem respectivamente monzo a sienogranitos e ignimbritos.

As idades Pb-Pb por evaporação e U-Pb (SHRIMP) em zircão, obtidas para as unidades Pedra Pintada, Surumu, Aricamã e Cachoeira da Ilha variam de 1985 Ma a 1993 Ma, no entanto, o valor de 1986 Ma, (U-Pb, SHRIMP) é aqui preferencialmente admitido para este episódio de intenso magmatismo. Os dados isotópicos de Nd indicam um predomínio de fontes riacianas na evolução do magmatismo Pedra Pintada - Surumu - Aricamã - Cachoeira da Ilha, que é interpretado como pós-colisional.

A Formação Tepequém, correlacionável à base do Supergrupo Roraima forma um platô na parte central da folha sendo constituída por arenitos conglomeráticos e conglomerados de origem fluvial, além de argilitos e tufos.

Hornblenda gabros e hornblenditos relacionados à unidade Gabro Igarapé Tomás ocorrem em pequenos corpos. Rochas de afinidade lamprofírica, na forma de diques e em corpos de efusivas, foram pela primeira vez identificadas nesta porção do Cráton Amazônico e incluídas na unidade Lamprófiro Serra do Cupim. Diques do Diabásio Avanavero são bastante comuns na região.

Um acervo de feições estruturais desenvolvidas sob temperaturas baixas a moderadas (<400°C) foi relacionado ao Episódio K´Mudku (1,2 Ga). Durante este episódio zonas de cisalhamento sob condições da interface dúctil-rúptil desenvolveram- se nas unidades granitóides, e dobras foram formadas nas rochas vulcânicas Surumu e

Cachoeira da Ilha e nas rochas sedimentares da Formação Tepequém. Falhas também foram geradas ou reativadas. O Episódio K´Mudku é interpretado como um reflexo intra-placas da tectônica colisional grenvilliana na borda da placa.

Quanto às potencialidades metalogenéticas Dreher & Grazziotin (2010, In: CPRM 2010) descrevem depósitos de diamante e ouro aluvionares da serra do Tepequém, que se encontram atualmente exauridos, derivados de paleoplaceres da Formação Tepequém. Os autores mencionam que não foram encontradas ocorrências de ouro primário, porém, a distribuição de indícios de ouro, em associação com o ambiente geológico, permite sugerir possíveis ocorrências de ouro dos tipos mesotermal, pórfiro e epitermal nos granitóides Trairão, Pedra Pintada e nas rochas vulcânicas, respectivamente. Dreher & Grazziotin (2010, In: CPRM 2010) ressaltaram ainda o potencial para jazidas de Sn-W do tipo greisen nos granitos da Suíte Aricamã, e para depósitos de sulfetos maciços de Pb-Zn (Ag) nas rochas metassedimentares do Grupo Cauarane.

Figura 9: Modelo de evolução geotectônica para a porção central do Escudo das Guianas. Extraído de Fraga et al., 2010, In: CPRM 2010.

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