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Geologia do Trecho em Estudo

No documento ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES (páginas 49-54)

A região em estudo parte da Estação Jardim de Alah e vai até a Estação Antero de Quental, mais especificamente o trecho da Avenida Ataulfo de Paiva compreendido entre as ruas Afrânio de Mello Franco e Carlos Góis, conforme apresentado na planta da Figura 3.7.

33 Figura 3.7 - Planta Geral do trecho estudado da Linha 4 Sul.

O Relatório Técnico da PROMON (2013) reúne informações de todas as sondagens executadas no sub trecho estação nossa senhora da paz – poço Igarapava (R-9505-002). Consta que os aterros, que ocorrem ao longo de praticamente todo o trecho, possuem espessuras médias

34 de 3m, sendo mais espessos no trecho da Estação Jardim de Alah. São caracterizados por heterogeneidade nos materiais, variando de areias argilosas finas a médias e grossas, com presença de pedregulhos de quartzo. Também ocorrem aterros com material argiloso, além de matéria orgânica.

Abaixo do aterro encontram-se areias finas a médias de coloração amarelada, variando de medianamente compactas a compactas, principalmente nos trechos iniciais, e muito compactas, em profundidades a partir de 6m. Os trechos de areia compacta variam de 3 a 10m logo após a Estação Jardim de Alah. Há também a ocorrência de lentes de areia compacta intercalada com lentes de areia muito compacta. Existem variações na coloração da areia, apresentando cores em tons acinzentados, principalmente nas porções em contato com a rocha gnáissica.

Intercaladas às areias, também ocorrem argilas de coloração acinzentada, médias a rijas, com espessuras variando de poucos metros a 15m, na região da Rua Aníbal de Mendonça. Os valores de NSPT variam até 13 golpes para argilas médias, alcançando valores de 40 golpes para as argilas rijas.

As lentes de argila geralmente ocorrem próximas ao contato com solos de alteração de rocha, podendo ser interpretado como um nível de base mais baixo, ocasionando a formação de depósitos lagunares restritos, logo no início da história deposicional da bacia sedimentar, tendo evoluído gradativamente para um ambiente costeiro, com a deposição das areias.

O topo rochoso na região da Estação Jardim de Alah, ao longo do eixo do túnel, encontra-se cerca de 20 a 30m de profundidade, encontra-sendo um pouco mais raso ao norte do eixo e mais profundo ao sul. Neste trecho há maior ocorrência de solos de alteração jovem, com valores altos de SPT (maiores que 19 golpes). Também neste trecho ocorrem lentes de argila variando de média a rija, chegando a pacotes com até 10m de espessura.

No trecho entre as estações Jardim de Alah e Antero de Quental ocorrem depósitos tecnogênicos no trecho inicial, seguidos de depósitos de areia compacta, passando a muito compacta da bacia sedimentar e logo abaixo, em sua base, solos de alteração maduro, passando a solo de alteração jovem. Na região da estação Jardim de Alah ainda há ocorrência de rocha sã, muito pouco fraturada, a partir de 20m. Na região da Estação Antero de Quental e o trecho logo anterior à esta estação, ocorrem solos de alteração maduro em profundidades mais rasas, em torno de 22m. Logo abaixo ocorrem lentes de solo de alteração jovem, com maior compacidade. A partir destas informações foi produzido o perfil geológico do trecho, apresentado na Figura 3.8.

35 Figura 3.8 - Perfil Geológico e Geotécnico entre as Estações Jardim de Alah e Antero de Quental (PROMOM, 2013).

36 No trecho localizado após a Estação Antero de Quental, em direção ao morro Dois Irmãos, passam a ocorrer lentes espessas de argila, alcançando espessuras em torno de 10m. Há também a ocorrência de pedregulhos de quartzo.

Logo em seguida é possível notar um espesso depósito de tálus, ao lado do Morro Chácara do Céu, com blocos de rocha na área acima dos solos de alteração do gnaisse facoidal. Devido às características desta argila e dos depósitos de tálus, conclui-se que muito provavelmente se trata de um leque aluvial, formado pelo transporte de sedimentos por gravidade e com a presença de fluxo d’água.

Estes depósitos apresentam material associado a solos residuais, predominantemente arenosos, porém sem a preservação de estruturas (em função do transporte sofrido), SPT bastante irregular, com blocos de rocha em disposição aleatória, por exemplo, próximo ao Canal Visconde de Albuquerque, com ocorrência de matacões de dimensões decimétricas. Tais depósitos geralmente apresentam elevada permeabilidade em função das distintas classes texturais e dos grandes espaços vazios entre os materiais, sendo caracterizados por propriedades geotécnicas muito baixas.

Este depósito de fluxo gravitacional, caracterizado por um leque aluvial sotoposto à um depósito de tálus, mais recente, recobre toda a encosta nordeste do Morro Dois Irmãos. Ele se inicia aproximadamente ao longo da Rua Aperana, próximo ao poço Igarapava (Figura 3.9), alcançando a região sudeste do Leblon, na altura do cruzamento da Rua Rainha Guilhermina com a Avenida Ataulfo de Paiva.

Este leque aluvial está relacionado a fluxos gravitacionais que ocorreram ao longo do quaternário e se encontra interdigitado aos sedimentos marinhos costeiros, provavelmente relacionado a vários eventos de reativação tectônica de falhas normais, que causaram soerguimentos e posterior processo erosivo aluvionar. Acima deste leque, em localidade restrita às proximidades das encostas do Morro Dois Irmãos, ocorre um depósito de tálus de formação posterior ao leque, ou seja, mais recente.

Os depósitos de leque aluvial alcançam cotas mais profundas e encontram-se interdigitados com os sedimentos marinhos costeiros. Os depósitos de leque aluvial são caracterizados por arenitos e lamitos arenosos, oriundos de corridas de lama. Ocorrem pedregulhos angulosos de quartzo de até 10cm, o que pode ter ocasionado os valores mais elevados de NSPT, que alcançam 49 golpes neste trecho. Em geral os valores de NSPT são bastante variados, desde 4 golpes a mais elevados em torno de 30 a 40 golpes.

É possível perceber a interdigitação com materiais sedimentares marinhos, ocorrendo lentes de areia média a grossa, com a presença de conchas. Isto reflete o caráter concomitante dos processos eluviais, de fluxos gravitacionais, com os processos relacionados à sedimentação marinha costeira. O nível d’água de todo o trecho varia muito pouco, estando em torno de 5 a 8m de profundidade.

37 Figura 3.9 - Perfil Geológico-Geotécnico na base do Morro Dois Irmãos.

No documento ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES (páginas 49-54)

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