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3.1 GENERALIDADES SOBRE A CIDADE DE MEDELLÍN

3.1.1 Geologia

Segundo Garcia (2004), embora a área estudada seja relativamente pequena em termos geológicos, a grande variedade geológica, geotécnica e geomorfológica fazem a caracterização complexa. Para definir as propriedades geológicas foi elaborada uma base de dados com a informação de 940 perfurações maiores de 10 m anteriores ao projeto. Interpretaram-se fotografias aéreas existentes na escala média 1:60000 e foram feitas visitas de campo. Como parte do projeto de microzoneamento foram executadas 32 perfurações e ensaios tipo SPT , assim como ensaios de laboratório com as amostras recuperadas (SINPAD,

1999). O mapa de geologia disponível é o resultado da avaliação de toda essa informação (García, 2004). O mesmo pode ser observado no anexo A (mapa A-1).

Na área estudada ocorrem diferentes litologias que incluem rochas metamórficas como xistos, anfibolitos e gnaisses; rochas ígneas como granodioritos, gabros e basaltos; rochas vulcanossedimentares e depósitos recentes de origem aluvial e coluvial. Foram estudados a rocha fresca e os perfis de meteorização. Para definir o perfil de meteorização foi utilizada a classificação proposta por Anon (1981), citado por Dearman (1991) e modificado por García, (2004) (Tabela 3.1). Esta classificação foi usada na descrição de campo dos perfis locais de cada projeto analisado nesta pesquisa, cujos resultados são apresentados em um capitulo posterior.

Tabela 3.1. Perfil de meteorização da área de Medellín segundo Anon (1981) citado por García (2004).

Grau Critério Limite Descrição

VI Textura Ausente A rocha esta descolorida e transformada completamente em solo. O solo perdeu a estrutura original da rocha. Existe grande mudança no volume.

V Textura original presente e núcleos ausentes

A rocha esta transformada em solo, mas conserva a textura original. É possível encontrar blocos de rocha. As propriedades do solo dependem da natureza da rocha original. Pode ser escavada sem equipamento pesado.

IV Núcleos de rocha presentes

Rocha descolorida, as descontinuidades podem estar abertas. Menos de 50% do material é rocha. A recuperação varia entre 10% e 50%, o RQD entre 10% e 30%.

III Relação Solo / Rocha 50/50. Solo Presente.

Rocha descolorida, as descontinuidades podem estar abertas e as superfícies descoloridas. A percentagem de rocha varia entre 50% e 90%, a recuperação varia entre 50% e 100%, o RQD varia entre 30% e 90%.

II Solo e

Descoloração Presentes

A rocha está ligeiramente descolorida perto das descontinuidades, mais de 90% é rocha, a recuperação é de 100%, RQD de 90%. I Descoloração

Ausente

A rocha não apresenta descoloração, recuperação 100%, RQD de 95%.

De acordo com Garcia (2004) dentre as rochas metamórficas presentes na região podem-se citar:

• Xistos (Pes): dentro desta classe se agrupam xistos quartzo-sericíticos, cloríticos, grafitosos e moscovíticos. As rochas mais abundantes são os xistos quartzo-sericíticos. Microscopicamente apresentam textura foliada indicada por orientação paralela em lamelas micáceas. Desenvolve perfis de solo residual de grão fino, localmente arenoso com 5m de espessura média;

• Anfibolitos (Pam): os anfibolitos do lado ocidental do vale apresentam textura isotrópica e bandeada. Constituem as colinas isoladas existentes neste lado. Os anfibolitos do lado oriental apresentam textura gnáissica bem formada. Geralmente apresentam solos residuais silte argilosos de cor amarelo a vermelho. Com espessura de solo de 30 m; • Gnaisse da Iguaná (Kpni): gnaisse feldespático com quartzo. Apresenta clara orientação.

Desenvolve perfis de meteorização de solos residuais silto-argilosos de cores claras entre 15 m e 40 m de espessura.

De acordo com Garcia (2004) dentre as rochas ígneas tem-se:

• Dunitos de Medellín (Kdm): de cor negra a verde escura ou marrom. Quando meteorizadas apresentam intenso fraturamento que é mais forte perto das falhas. A espessura do solo residual depende do grau de fraturamento, a declividade e as condições hidrológicas locais, variam entre 10 e 40 m;

• Metagabros del Picacho (Kmp): são rochas que sofreram efeitos metamórficos, dinâmicos e térmicos, sem chegar a converter-se em anfibolito. Afloram na região NW em pequenas áreas. Apresentam uma composição de hornblenda (65%) e plagioclasio (35%). Normalmente afloram muito meterorizados;

• Stock de Altavista (Kda): aflora em grande parte da região W do rio Medellín. Sua composição é variável desde andesítica até granodiorítica e encontra-se altamente meteorizado atingindo espessuras de até 45 m;

• Stock de gabroico de San Diego (Kgd): está constituído por rochas ígneas plutônicas com variações em composição e textura. Apresenta espessuras de até 50 m de solo residual silte argiloso;

• Stock de Las Estancias (Kce): formado por rochas ígneas plutônicas ácidas a intermediárias, principalmente quartzodioritos, com textura fanerítica de granulometria de

média a grossa. Encontra-se fortemente meteorizado com desenvolvimento de solos residuais siltearenosos que podem alcançar até 30 – 35 m de espessura.

• Gabros de Romeral (Kgr): formam um corpo alargado de direção norte-sul, limitado por contatos em falha com as unidades adjacentes. Em nível microscópico contem plagioclasios, piroxênios-anfibólios e minerais acessórios. Grande parte da superfície aflorante encontra-se em estado saprolítico, que atinge até 40 m de profundidade.

• Peridotitos (Kur): incluem-se serpentinitos e dunitos serpentinizados fortemente fraturados em contato por falha com unidades adjacentes. Apresentam-se em regiões de alta declividade, atingindo pouca espessura de solo residual.

Dentre as rochas vulcânicas sedimentares do Cretáceo temos as do Complexo de Quebradagrande que se divide em dois membros: o vulcânico e o sedimentar. O membro vulcânico (Kvqg) litológicamente corresponde a espilitos, basaltos e andesitos. Por efeitos do falhamento se encontram muito fraturadas e, em ocasiões, com estruturas xistosas. Os solos são silte-argilosos de cor avermelhada a amarela. Apresentam espessuras de solo residual de até 30 m (García, 2004).

No membro sedimentar (Ksqg) estão os xistos silíceos negros compostos por cristais de quartzo angular, em uma massa silícea com muito material orgânico e manganês. São de origem marinha (García, 2004).

De acordo com Garcia (2004) dentre os depósitos recentes temos:

• Depósitos de fluxo de solo e/ou detritos (Qft/e): aparecem dispersos sobre grandes extensões no Vale de Aburrá, depositados sobre uma base ígnea – metamórfica ou sobre depósitos mais antigos. Estão constituídos por blocos de diferentes tamanhos com um grau de meteorização entre moderado a alto. A matriz é argilos-siltosa ou silto-argilosa de cores claras como o pardo, cinza ou amarelo. Sua gênese se encontra associada à desestabilização das encostas afetadas pela fratura das rochas, sismos e alta pluviosidade que ajudaram a deslocar os materiais saprolíticos encosta abaixo.

A diferença entre o fluxo de solo e o de detritos é a relação matriz / blocos. (mais de 50% matriz = fluxo de solos). Estão acompanhados de um número romano entre I a VI que indica o estado de meteorização segundo a classificação da Tabela 3.1, mas não necessariamente todos

os perfis de meteorização estão presentes. Quando o fluxo é de solos unicamente se denomina Qft (García, 2004);

• Depósitos Aluviais (Qal). Depósitos de fundo de vale gerados pela evolução do rio Medellín e alguns dos seus afluentes. A espessura é muito variável (15 m a mais de 200 m), o que reflete a irregularidade topográfica da base rochosa do vale. Estão compostos por argilas, siltes, areias e seixos grossos em pacotes de continuidade horizontal variável. A graduação passa normalmente dos mais finos em superfície aos mais grossos em profundidade;

• Depósitos Aluvio-torrenciais (Qat). São depósitos gerados por algumas correntes de água durante inundações torrenciais, nas quais a alta energia da água transporta materiais de granulometria heterogênea. Os blocos de diferentes tamanhos estão dispostos de maneira caótica com uma matriz silte-arenosa úmida e solta. A espessura varia de 10 até 20 m. Os depósitos alúvio-torrenciais estão acompanhados de um número romano entre I a VI que indica o estado de meteorização segundo a classificação da Tabela 3.1, mas não necessariamente todos os perfis de meteorização estão presentes (García, 2004).

No mapa de geologia estão incluídas as estruturas mapeadas na região estudada. Correspondem a falhas e lineamentos das rochas. Possivelmente não foi mapeada uma maior quantidade de estruturas porque os solos residuais e depósitos escondem as ditas feições (Anexo A-1) (García, 2004).

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