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A Ilha de Santa Catarina representa uma ilha costeira, cujos traços geomorfológicos assemelham-se aos das áreas continentais próximas.O relevo da Ilha de Santa Catarina é marcado pela associação de duas unidades geológicas maiores: elevações dos maciços rochosos que compõem o embasamento cristalino e áreas planas de sedimentação costeira (CARUSO JR., 1993). Ambas delineiam respectivamente as denominadas serras litorâneas e planície costeira, unidades geomorfológicas que caracterizam a paisagem local.

As elevações dos maciços rochosos apresentam em geral aspecto de crista, dada sua posição alongada e o acentuado declive das encostas. Os maciços encaixam- se no contexto do soerguimento das serras do leste catarinense (CARUSO JR., 1993).

A Ilha de Santa Catarina é atravessada em toda sua extensão por uma dorsal central (o Granito Ilha), com orientação NNE – SSW, sentido do “alinhamento cristalino regional” (TOMAZOLLI et al., 2005). Dois compartimentos podem ser distinguidos: um setor centro-norte e um setor sul. Entre eles se situa a planície Entre Mares (IPUF, 1991). A dorsal ramifica-se lateralmente em esporões que podem continuar submersos ou emergir na forma de ilhas. Os divisores de água separam as pequenas bacias fluviais e planícies costeiras (Figura 5).

Segundo CECCA (1997), na Ilha de Santa Catarina, há três ambientes de planícies costeiras de acordo com o nível de energia hidrodinâmica e eólica a que estão sujeitas: Costa Leste, submetida à atuação das ondas e ventos de alta energia provenientes dos quadrantes sul, sudeste e leste; Costa Oeste (Baía Norte e Baía Sul), compreendendo as águas protegidas das baías Norte e Sul; e a Costa Norte, de nível de energia intermediário, que é atingido pelos ventos e ondulações oriundas do norte e protegido de ventos e ondulações provenientes do sul pelas elevações da dorsal central (Figura 5).

BAÍA NORTE BAÍA SUL COSTA NORTE COSTA LESTE

Figura 5. Planialtimetria da Ilha de Santa Catarina destacando áreas de elevação do embasamento cristalino e áreas de planície costeira e os três setores de planície costeira, e/ou costas, delimitados a partir dos principais divisores de água (Fonte: Modificado de MIRANDA, 2005).

A formação dessas planícies costeiras está associada às oscilações do nível do mar durante o Quaternário, resultante principalmente da alternância entre períodos glaciais e interglaciais, o que altera o volume das águas oceânicas e a dinâmica deposicional. Pode-se dizer que as transgressões marinhas, quando as linhas de costa migram rumo ao continente, e as regressões marinhas, quando as linhas de costa migram em direção aos oceanos, moldaram as planícies costeiras. Geologicamente, as planícies costeiras da Ilha de Santa Catarina são representadas pelo sistema deposicional transicional (HORN FILHO, 2006), caracterizadas por depósitos marinho praial, eólico, lagunar e paludial de idade quaternária. As planícies estão associadas ao desenvolvimento de tômbolos e arcos praiais alternados na Costa Leste e arcos praiais alternados com esporões arenosos na Costa Norte.

Na Costa Leste, entre a Ponta de Naufragados, extremo sul da Ilha, e a Ponta do Rapa, extremo norte, encontram-se quatro tômbolos principais, feições geomorfológicas associadas aos morros dos Ingleses e das Aranhas (tômbolo 1), Maciço da Praia Mole (tômbolo 2), Ilha do Campeche (tômbolo 3) e ao Maciço da Lagoinha do Leste (tômbolo 4) (Figura 6), além de outros com menores dimensões. Geologicamente, caracterizam sistemas deposicionais do tipo laguna-barreira associados a movimentos transgressivos do nível do mar, com idades: pleistocênica (120.000 anos A.P.) e holocênica (10.000 anos A.P) (CARUSO Jr., 1993), com presença de campos de dunas transgressivas, que migram de sul para norte (MIOT DA SILVA, 2006).

Na Costa Norte, entre a Ponta do Rapa e o Pontal da Daniela, há a presença de quatro sistemas do tipo esporão arenoso: Ponta das Canas (esporão 1), Canajurê (esporão 2), Praia do Forte (esporão 3) e Pontal da Daniela (esporão 4) (Figura 7). Segundo Duarte (1981), na referida porção se destacam sistemas do tipo cordões litorâneos regressivos, de idade holocênica, na planície costeira.

Nas margens das baías Norte e Sul, entre o Pontal da Daniela e a Ponta de Naufragados, pela margem oeste da Ilha de Santa Catarina, a linha de costa é bastante recortada, com muitas praias de pequenas dimensões, se comparada às costas Leste e Norte da Ilha, mas ocorrentes em maior número (HORN FILHO et al., 2000).

Ponta dos Naufragados Baía Sul Baía Norte Ponta do Rapa ILHA DE SANTA CATARINA OCEANO ATLÂNTICO SANTA CATARINA Laguna Tômbolo 1 Tômbolo 2 Tômbolo 4 Tômbolo 3 Esporão 1 Esporão 2 Esporão 4 Esporão 3 FLORIANÓPOLIS

Figura 6. Imagem NASA World Wind da Ilha de Santa Catarina e demais áreas do litoral centro-sul catarinense demonstrando o alinhamento geológico estrutural regional da costa, a presença de quatro tômbolos e quatro esporões arenosos principais.

Atualmente as praias arenosas representam 50,5% (88 km) do perímetro total da Ilha de Santa Catarina, estando intercaladas entre promontórios e pontais rochosos dominantemente graníticos (HORN FILHO et al., 2000) e manguezais (Figura 6).

2.2.1. Geologia e geomorfologia da plataforma continental interna

A plataforma continental adjacente à área de estudo está inserida na plataforma de Florianópolis, situada no limite entre as bacias sedimentares de Santos, ao norte, e de Pelotas, ao sul (CARUSO JR., 1993).

A plataforma de Florianópolis está localizada entre as latitudes de 27˚S (Porto Belo) e 28,5˚S (Cabo de Santa Marta), coincidindo com o prolongamento de uma grande zona transversal de fraturamento oceânico (sentido predominante NE - SW) (Figura 7), relacionado a uma antiga zona de fraqueza, palco de vulcanismo intenso durante os estágios iniciais da abertura do Atlântico Sul (GONÇALVES et al., 1979) sendo composta por ilhas, parcéis e sistemas deposicionais.

As sedimentações na plataforma de Florianópolis e na bacia de Pelotas foram muito semelhantes (CARUSO JR., 1993), principalmente após o Aptiano, quando se iniciou uma franca comunicação entre as bacias de Santos e Pelotas. Corrêa et al. (1996) identificaram sete fácies texturais ao longo das áreas mencionadas, sendo estas: arenosa, areno-síltica, areno-argilosa, síltico-argilosa, síltico-arenosa, síltico- argilosa, argilo-síltica e areno-síltico-argilosa.

Segundo Corrêa & Villwock (1996), as areias que ocorrem na plataforma continental sul brasileira são predominantemente quartzosas, com granulometria oscilando de areias finas a médias, com características similares àquelas encontradas em planícies costeiras e praias, visto que, durante o Quaternário, o nível do mar já esteve a 120m abaixo do atual.

Ao largo da Ilha de Santa Catarina, a linha de costa tem forma bastante irregular, com vários promontórios rochosos e praias em arco. Há também diversas ilhas de menores dimensões. Nesse trecho, a linha de costa da Ilha e os contornos batimétricos são aproximadamente paralelos entre si, com orientação predominante NNE-SSW (ROMEU, 2007), provavelmente associada à geologia estrutural.

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