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4. Material, Métodos e Procedimentos

4.1. Material

4.1.4. Geomorfologia

Enquanto algumas regiões do estado foram exaustivamente estudadas, tais como o Vale do Paraíba e o Maciço do Itatiaia, outras regiões, incluindo o noroeste fluminense, ainda apresentam carência de informações. Assim sendo, há poucos mapeamentos que abordem, de forma sistemática, a geomorfologia do Estado do Rio de Janeiro, mormente a região Noroeste. Esses estudos resumem -se aos desenvolvidos pelo IBGE (DOMINGUES et al., 1976) e pelo RADAMBRASIL (1983) em escala de apresentação 1:1.000.000 e DANTAS (2000) na escala 1:500.000.

Segundo DANTAS (2000), a notável diversificação do cenário geomorfológico do Estado do Rio de Janeiro deve ser compreendida através de uma singular interação entre aspectos tectônicos e climáticos, que delinearam sua atual morfologia.

O registro de imponentes escarpamentos com desnivelamentos, por vezes superiores a 2.000m, alternados com depressões e bacias sedimentares tafrogênicas, reflete uma marcante influência da tectônica na compartimentação do relevo do estado. Essa tectônica exerceu o rifteamento continental do bordo sudeste brasileiro, com maior intensidade entre o Cretáceo e o Terciário Inferior (ALMEIDA, 1976), mas com reflexos em uma neotectônica recente, registrados até o Quaternário (RICCOMINI, 1989).

Pelo menos duas superfícies de erosão podem ser observadas no estado em escala regional. A primeira, representada por importantes zonas planálticas, tais como todo o reverso da serra dos Órgãos e a Serra da Bocaina, estaria associada à Superfície Sul- Americana (KING, 1956); Pd3 (BIGARELLA et al., 1965) ou Superfície Cimeira (AB’SABER, 1972), de idade eocênica a paleocênica. A segunda, representada pelas depressões interplanálticas e pelas superfícies aplainadas junto às baixadas, estariam associadas a Superfície Velhas (KING, 1956); Pd1 (BIGARELLA et al., 1965) ou Superfície Interplanáltica (AB’SABER, 1972), de idade pleistocênica inferior a pliocênica.

Segundo DANTAS (2000), o Estado do Rio de Janeiro pode ser compartimentado em duas unidades morfoestruturais: o Cinturão Orogênico do Atlântico e as Bacias Sedimentares Cenozóicas.

O Cinturão Orogênico do Atlântico pode-se subdividir nas seguintes unidades morfoesculturais: Maciços Costeiros e Interiores; Maciços Alcalinos Intrusivos; Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas; Escarpas Serranas; Planaltos Residuais; Depressões Interplanálticas e Depressões Interplanálticas com Alinhamentos Serranos Escalonados .

Essa unidade morfoestrutural compreende um conjunto diversificado de rochas metamórficas e ígneas de idade pré-cambriana a eopaleozóica. Essas rochas, incluídas na Faixa de Dobramentos Ribeira, foram submetidas a diferentes ciclos orogênicos, culminando, no final do Proterozóico, com o Evento Brasiliano (DANTAS, 2000).

Após um longo período de estabilidade tectônica no Paleozóico e início do Mesozóico, esses terrenos sofreram uma tectônica extensional associada à reativação Wealdeniana a partir do Jurássico (ALMEIDA, 1967). Essa tectônica extensional prolongou- se pelo Terciário,gerando uma série de falhamentos normais, que produziram os maciços costeiros e as escarpas serranas, tais como as serras do Mar e da Mantiqueira (ALMEIDA, 1976).

O soerguimento de blocos decorrentes dessa tectônica sustentou algumas zonas planálticas, remanescentes de antigas superfícies de aplainamento não-dissecadas no Cenozóico Superior (KING, 1956), como os planaltos da Bocaina e de Varre-Sai, e criando

as depressões interplanálticas, tal como o médio vale do rio Paraíba do Sul. Freqüentemente, essas áreas deprimidas apresentam uma série de alinhamentos serranos que se comportam como degraus escalonados por condicionantes litológicos e estruturais.

Entre o Cretáceo Superior e o Terciário Inferior, ocorreu um evento de magmatismo alcalino, também associado à abertura do Atlântico. Esse evento acarretou a geração de maciços intrusivos com estruturas dômicas, os quais ocorrem ao longo do Estado do Rio de Janeiro.

As rochas sedimentares estão armazenadas em bacias tafrogênicas continentais, resultantes da tectônica extensional gerada no início do Cenozóico (MELO et al., 1985). Nesse contexto foram formadas as bacias de Itaboraí (no Paleoceno); Resende; Volta Redonda e Macacu. Os tabuleiros do Grupo Barreiras, presentes no norte do estado, também foram tentativamente correlacionados ao Plioceno-Pleistoceno, com base em dados obtidos em depósitos correlatos no Nordeste brasileiro (BIGARELLA, 1975). Considera-se então que o pacote sedimentar do Grupo Barreiras seria mais recente que os sedimentos das bacias continentais.

Os sedimentos inconsolidados das baixadas e planícies costeiras foram gerados ao longo dos ciclos transgressivos e regressivos da linha de costa durante o Quaternário. A partir do último máximo transgressivo, a atual linha de costa registra um“afogamento” generalizado do relevo, observado nas atuais rias, baías e lagunas e nas colinas e morros isolados nos recôncavos das baixadas.

Por fim, todas essas unidades morfoesculturais, delineadas a partir da abertura do Atlântico e consolidadas ao longo do Terciário, continuaram a ser modeladas por eventos de erosão e sedimentação não-uniformes, no tempo e no espaço, ao longo do Cenozóico Superior. Esse conjunto de eventos resultou na atual configuração morfológica do estado (DANTAS, 2000).

Segundo RADAMBRASIL (1983), os municípios de Porciúncula, Natividade e Varre- sai, estão inclusos na Região das Escarpas e Reversos da Serra do mar e na Unidade Depressão do Médio Paraíba do Sul.

A Região das escarpas e Reversos da Serra do mar se dispõe ao longo da costa, com uma orientação geral SO-NE, e tangencia a linha da costa intercalada pelas planícies litorâneas. Apresenta o seu quadro geomorfológico relacionados aos efeitos de um tectonismo regional e de sucessivas fases erosionais. Trata-se de uma área resultante de dobramentos, reativações de falhas e remobilização de blocos. A topografia reflete esses condicionamentos geológicos predominantes e, em toda a sua extensão são registrados vales alongados, segmentos de drenagem retilíneos, linhas de cristas e de cumeadas paralelas, relevo com grandes desníveis altimétricos e escarpas íngremes (RADAMBRASIL, 1983).

A influência climática é observada no nivelamento e homogeneização das formas em algumas áreas e na alteração profunda exercida nas rochas em outros setores.

Na Unidade Depressão do Médio Paraíba do Sul registram-se altimetrias de 500 a 600 m, contrastando com as dos planaltos circundantes, que podem ultrapassar 2.500 m. Apresenta formas de relevo condicionadas a um controle geológico (depressão tectônica) afetadas por sucessivas fases erosivas e deposicionais. As formas de relevo desenvolveram-se em litologias cristalinas, compostas principalmente por gnaisses e rochas graníticas diversas. As formas de relevo caracterizam-se, na sua maior parte, por colinas convexas, com aprofundamentos de aproximadamente 40 a 127 metros e predominância de densidades de drenagem do tipo fina. O conjunto topográfico e morfológico desta Unidade forma paisagem característica de “mar de morros” (RADAMBRASIL, 1983).

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