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3.3 Geoquímica dos Insumos Utilizados no Experimento de Rochagem

3.3.3 Geoquímica de Fertilidade do Solo Após um Ano de Plantio

Os dados de geoquímica de solo, para os doze canteiros analisados após um ano de plantio, podem ser analisados na Tabela 3.4. Em uma sucinta análise nota-se que o uso de insumos oriundos da rochagem, de maneira geral, aumentam a saturação por bases, o pH, e o P disponível (Figura 3.21). Ainda diminuem drasticamente a saturação por alumínio. Entretanto, parâmetros como matéria orgânica e carbono tiveram, em sua maioria, menores teores provavelmente devido ao aumento da atividade microbiana (Figura 3.22).

Figura 3. 21 - Neste gráfico é evidente que onde ocorreu a aplicação de insumos, especialmente ligados a

rochagem e ao NPK com calagem, houve acréscimo de saturação por bases se comparado com o Latossolo controle (canteiro 12).

Figura 3. 22 - Gráfico onde se verifica que a utilização dos insumos de maneira geral, diminuem a

quantidade de matéria orgânica (M.O) e carbono (C) se comparado com o Latossolo controle. A exceção fica para os canteiros 10 e 11. Isto ocorre possivelmente pelo aumento da atividade microbiana.

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Neste estudo, para facilitar a comparação das diferentes misturas e aplicações de fertilizantes, foram divididos em seis grupos principais, sendo eles: Latossolo controle; rochagem sem calagem; rochagem com calagem; dolomito fosfatado; NPK com calagem e NPK sem calagem.

Tabela 3. 4 - Análise de fertilidade do solo para os doze canteiros do experimento. Onde C = Calagem; F

= Fosforito; B = Basalto; DF = Dolomito fosfatado; L = Latossolo.

Tratamento Complexo o Valor Sat. pH P. Disp. M.O C

Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Al3 + +H Al S B CTC V Al Na H2O Mehlich g/kg cmolc/dm3 % mg/dm3 1. NPK 0,6 0,5 0,05 0,16 0,3 4,0 1,31 5,31 25 19 3 5,4 1,9 50,6 29,4 2. NPK + C 1,2 0,4 0,06 0,14 0,0 1,8 1,80 3,6 50 0 4 6,4 1,8 53,6 31,2 3. F(120kg) 1,0 0,4 0,06 0,20 0,0 3,0 1,66 4,66 36 0 4,4 5,9 4,8 49,6 28,8 4. F(120kg) + C 2,0 0,4 0,24 0,40 0,0 2,0 3,03 5,03 60 0 7,9 6,7 3,8 37,2 21,6 5. F(60kg) + B(80kg) 2,6 0,3 0,14 0,65 0,0 2,2 3,69 5,89 63 0 11 6,7 6,0 26,8 15,6 6. F(60kg) + B(80kg) + C 2,2 0,6 0,17 0,94 0,0 1,6 3,91 5,51 71 0 17,1 7,3 3,2 28,3 16,5 7. F(20kg) + B(80kg) 1,7 0,3 0,09 0,14 0,2 3,0 2,23 5,23 43 8 2,7 6,6 2,2 37,4 21,8 8. F(20kg) + B(80kg) + C 2,0 0,5 0,34 0,39 0,0 1,8 3,23 5,03 64 0 7,8 7,0 1,7 30,3 17,6 9. B(120kg) 2,1 0,8 0,09 0,28 0,0 1,9 3,27 5,17 63 0 5,4 7,0 1,7 38,4 22,3 10. B(120kg) + C 2,5 0,5 0,14 0,57 0,0 1,8 3,71 5,51 67 0 10,4 7,0 12,1 85,7 49,8 11. DF (120 kg) 2,1 0,9 0,09 0,23 0,0 1,6 3,32 4,92 68 0 4,7 7,1 1,0 72,8 42,3 12. L 0,7 0,6 0,13 0,16 0,2 4,6 1,59 6,19 26 11 2,5 5,6 3,2 57,9 33,7

O Latossolo controle (canteiro 12) ao fim de um ano de análise se comparado com o solo inicial apresenta propriedades semelhantes (Tabela 3.3 e 3.4), sendo distrófico com saturação por bases de 26% e pH levemente ácido de 5,6, possui saturação por alumínio relativamente baixa e teores de M.O e carbono moderados, respectivamente de 57,9 g/kg e 33,7g/kg.

O uso de rochagem sem calagem (canteiros 3, 5, 7, 9), apresentou significativo acréscimo de saturação por bases se comparado ao Latossolo controle com variação de 36% a 63% e média de 51,25%. Esta média, em conjunto com um pH variando de 5,9 a 7 indicam caráter eutrófico e adequado a alto para o solos típicos do cerrado (Sousa & Lobato 2004 e Ronquim 2010). Neste caso, é interessante notar que o uso exclusivo de fosfato (canteiro 3) apresentou valores mais baixos de saturação por bases (36%), seguido pela mistura de basalto e fosfato (canteiro 7). Os maiores valores encontram-se no uso exclusivo de basalto (canteiro 9) e da mistura de maior quantidade de fosfato com basalto (canteiro 5) ambos com 63%.

Numa rápida avaliação, pode-se inferir que o uso exclusivo do basalto, pode aumentar significativamente a presença de cátions fundamentais ao desenvolvimento da planta especialmente do Ca2+. Ainda, o uso exclusivo de fosforito, não resultou em um aumento significativo da saturação por bases, ficando levemente superior ao do Latossolo controle que é de 26%.

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Com relação à saturação por alumínio, a única parcela que não apresentou valor nulo foi a mistura de fosforito e basalto (canteiro 7) sendo o valor de 8% considerado baixo. Neste estudo, notou-se que os valores de matéria orgânica (M.O) (26,8 g/kg a 49,6 g/kg) e carbono (C) (15,6 g/kg a 28,8 g/kg) diminuíram significativamente em relação ao Latossolo controle que exibe valores de M.O. e C, respectivamente, de 57,9 g/kg e 33,7 g/kg.

Por fim, analisando os macronutrientes Na+, Ca+, Mg2+, K+ e fósforo (P) disponível, nota- se que apenas o magnésio e o potássio não apresentaram teores significativamente mais elevados com a aplicação dos pós de rocha. O cálcio é o elemento que aumentou de forma mais acentuada, variando de 1 cmolc/dm3 a 2,6 cmolc/dm3. O caráter solódico foi verificado nos canteiros 5 e 9

(IBGE 2007), provavelmente devido ao intemperismo do basalto e liberação do sódio contido em minerais como piroxênio e plagicoclásio. Já o fósforo disponível teve leve aumento nos canteiros com o uso majoritário de fosforito (3 e 5), com valores de 4,8 mg/dm3 e 6 mg/dm3 os quais ainda são considerados de baixo a médio segundo Sousa & Lobato (2004).

A utilização de rochagem com calagem (canteiros 4, 6, 8, 10) apresentou os resultados de fertilidade significativos, com pH variando de 6,7 mg/dm3 a 7,3 mg/dm3e saturação por bases de 60% a 71% sendo considerado eutrófico e alto para solos típicos do cerrado (Sousa & Lobato 2004 e Ronquim 2010).

A saturação por alumínio foi nula em todas as parcelas. Já em relação ao Na os canteiros 4, 8 e 10 apresentaram caráter solódico variando de 7,8% a 10,4%, enquanto que a parcela número 6 possui caráter sódico (17,1%).

Com relação ao macronutrientes, nota-se um significativo aumento de Ca+ (2cmolc/dm3 a

2,5 cmolc/dm3) e P disponível (1,7 mg/dm3 a 12,1 mg/dm3) em comparação com o Latossolo

controle. Já os valores de Mg2+ e K+ não apresentaram elevação de modo significativo. Em relação ao fósforo disponível é importante ressaltar que o maior valor foi encontrado no uso de basalto (canteiro 10) com valor de 12,1 mg/dm3. Já os demais canteiros onde se aplicou doses variadas de fosforito obtiveram teores de 1,7 mg/dm3 a 3,8 mg/dm3 os quais são relativamente mais baixos que a aplicação da rochagem sem calagem. Isto reforça a ideia de Ernani et al. (2001) que afirmam que o fosfato natural apresenta maior dissolução em condições de baixo pH.

O uso de dolomito fosfatado se assemelha bastante com a calagem convencional, com aumento importante de cálcio (2,1 cmolc/dm3) e suave de magnésio (0,9 cmolc/dm3) se

comparado ao Latossolo controle. A saturação por alumínio é nula e por sódio é baixa (4,7 %). O pH é relativamente elevado (7,1) juntamente com a matéria orgânica (72,8 g/kg) e carbono (42,3 g/kg). Ainda que o caráter eutrófico seja elevado (68%), isso se deve, essencialmente, pelos teores maiores de cálcio e magnésio. Já o P disponível e o K+ possuem teores muito baixos, respectivamente, de 1 mg/dm3 e 0,09 cmolc/dm3 sendo inclusive menor que o do Latossolo

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O uso do fertilizante solúvel (NPK) sem calagem apresentou os teores de nutrientes mais baixos em relação aos demais insumos aplicados. Apresenta, de modo geral teores iguais ou piores ao Latossolo controle, com pH levemente ácido (5,4), caráter distrófico (25%) e a saturação por alumínio (19%) ainda que baixa segundo Sousa & Lobato 2004 é a mais elevada entre os canteiros. Estes dados incidam que o uso exclusivo de fertilizante solúvel, além de não apresentar efeito residual significativo necessita, insubstituivelmente, do uso de calagem.

O fertilizante solúvel (NPK) com calagem, apresenta parâmetros melhores devido somente com o acréscimo do pó de calcário como a elevação do pH e Ca+ resultando em um solo eutrófico (50%). Esta parcela reforça a ideia do baixo efeito residual do NPK.

Por fim, se considerado o material inicial do processo de rochagem e o final, nota-se que no espaço de tempo de um ano, a solubilidade é ainda baixa e/ou a lixiviação é elevada. Isto é observado quando se compara P disponível após um ano nos canteiros com uso exclusivo de fosforito (3 e 4) que é de 6,35mg/dm3 (extrador tipo melinch-1) já no fosforito brechado inicial é de 73.176,35mg/dm3 para o extrador mehlich-1 e de 2.976,35mg/dm3 para a resina trocadora de íons.

Ainda que valores de saturação por bases tenham diminuído em relação ao material inicial que é de 95% para o basalto, de 67% para o fosforito brechado e de 87% para o dolomito fosfatado, os teores médios após um ano de todos os insumos de rochagem com e sem calagem e dolomito fosfatado, estiveram em um valor expressivo de 59,4%, caracterizando os solos como eutróficos. Isto reforça a ideia do efeito residual do uso de pó de rocha.