• Nenhum resultado encontrado

GERAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO LIXIVIADO DOS ATERROS

SANEAMENTO NO PAÍS E NO ESTADO DE SÃO PAULO

3.3. GERAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO LIXIVIADO DOS ATERROS

deficiente dos aterros interfere diretamente na qualidade e no volume do lixiviado gerado.

3.3. GERAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO LIXIVIADO DOS ATERROS

Uma vez que o chorume é gerado em função da decomposição da matéria orgânica presente no lixo, este trabalho apresentará uma descrição básica desse fenômeno nos aterros, de modo a fornecer as informações básicas requeridas para a compreensão dos processos de geração e das características do chorume.

3.3.1. Decomposição da Matéria Orgânica nos Aterros

O aterro sanitário tem o comportamento de um reator bioquímico natural, similar ao digestor anaeróbio de uma estação de tratamento de esgotos, que

55

combina processos físicos, químicos e biológicos para promover a decomposição dos resíduos, sob condições específicas de umidade, clima, do próprio resíduo e até mesmo da operação do aterro (MC BEAN47 et al, 1995).

A decomposição anaeróbia nos aterros, “um dos mais potentes processos de destruição celular do mundo biológico”, conforme afirma SCHALCH74, 1984, é um processo de estabilização natural da matéria orgânica por fermentação, na ausência de oxigênio. Nesse processo a matéria orgânica é convertida em gás metano e gás carbônico pela ação das bactérias anaeróbias metanogênicas.

A degradação anaeróbia dos resíduos orgânicos no aterro compreende uma seqüência complexa de processos empreendidos pela população microbiana presente, onde cada espécie requer um meio e um substrato específico e cada processo resulta em produtos finais característicos (MC BEAN47 et al, 1995).

Após a disposição dos resíduos no aterro, tem início o processo de biodegradação, que vai promover a decomposição da matéria orgânica, com produção de chorume e gás, principalmente metano, cuja composição dependerá, fundamentalmente, do estágio no qual o processo de degradação se encontra (IPT39, 1995 e PAES54, 2003).

O processo de degradação biológica nos aterros é complexo e está sujeito às variações que ocorrem nos mesmos ao longo do tempo. Essas variações são descritas por vários pesquisadores que estabeleceram as “fases” do processo.

O conhecimento das fases do processo de biodegradação foi evoluindo e hoje já são caracterizadas seis fases distintas, com padrões diferenciados em cada uma delas.

CHRISTENSEN e KJELDSEN18, 1989 enfatizam que a seqüência ideal de degradação está relacionada com um volume homogêneo de resíduo e que num aterro real, com células que variam altamente na idade e na

56

composição, pode-se produzir um quadro global diferente. A seqüência da degradação teórica proposta, não estima a duração das fases envolvidas, pois elas dependem de fatores abióticos e das condições locais, por exemplo, a composição dos resíduos e os procedimentos de aterramento. Afirma que após a fase aeróbica inicial, que dura apenas alguns dias, a duração de tempo esperada para as outras fases da degradação, pode ser medida em meses, anos e até décadas.

SCHALCH74, 1984 faz um levantamento histórico e menciona que inicialmente eram identificadas duas fases do processo de degradação biológica nos aterros, onde na 1ª fase as bactérias produtoras de ácido promovem a transformação dos compostos orgânicos complexos em outros mais simples, os ácidos orgânicos (acético, propiônico, butírico), que por sua vez, na 2ª fase, são utilizados pelas bactérias metanogênicas e transformados em produtos gasosos, principalmente metano e gás carbônico.

QASIM e CHIANG62, 1994 descrevem o processo de degradação biológica nos aterros em três estágios, apresentando uma primeira fase de decomposição aeróbia da matéria orgânica, de curta duração, devido à alta demanda de oxigênio do resíduo – DBO e a limitada quantidade de oxigênio presente no aterro. Durante esta fase uma grande quantidade de calor é produzida, bem acima da temperatura ambiente. O chorume apresenta altas concentrações de sais dissolvidos, de alta solubilidade, como cloreto de sódio e outros.

Na fase intermediária, a decomposição acontece principalmente pela ação dos organismos facultativos, sob condições anaeróbias, onde há elevada produção de ácidos graxos voláteis, ácido acético e dióxido de carbono, com redução do pH para valores entre 4 e 5, favorecendo a solubilização de materiais inorgânicos. As altas concentrações de ácidos voláteis também contribuem para uma alta carga de DQO.

57

O último estágio da decomposição anaeróbia ocorre com o aumento da população das bactérias formadoras de metano, que em condições de pH neutro, convertem a metano e dióxido de carbono, os ácidos voláteis disponíveis no meio. A composição do gás formado apresenta uma mistura de dióxido de carbono com metano, além de proporções menores de outros gases, havendo um aumento do pH com o aumento da produção de metano. Próximo ao pH neutro, pouca matéria inorgânica é solubilizada e a condutividade cai, entretanto, alguns materiais continuam a solubilizar com a continuação do processo de decomposição. Eventualmente, com a idade do aterro, a taxa de decomposição bacteriana pode decrescer em função do esgotamento do substrato. Lentamente, partes do aterro vão restabelecendo as condições aeróbias com a continuidade da percolação de água pelo aterro.

A Figura 10 apresenta o fluxograma geral do processo de decomposição anaeróbia, em quatro fases, descrito por CASTILHOS Jr.14 et al, 2003.

Figura 10. Fluxograma do processo de decomposição anaeróbia dos resíduos

sólidos urbanos

58

Em 1973 Farquhar e Rovers citados por SCHALCH73 (1992), realizaram estudos relevantes para o esclarecimento das etapas da degradação da matéria orgânica, descrevendo quatro estágios da produção de gás, para o caso específico de substratos sólidos confinados em aterros.

Concluem também que a duração dessas fases varia em função de inúmeros fatores, dentre os quais a densidade e composição do resíduo, os níveis de umidade, a idade do aterro, dentre outros.

As quatro etapas da degradação, de acordo com MC BEAN et al47, 1995 e a Encom Associates, citada por SCHALCH73, 1992 podem ser descritas conforme a Tabela 4.

Tabela 4. Fases da decomposição da matéria orgânica presente nos aterros

Estágio da

decomposição Características

Fase I:

Documentos relacionados