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4.1 A FASE ACIONAL DOS SUJEITOS DE PESQUISA

4.1.1 Geração e implementação de subtarefas

Neste momento, o aprendente faz uma ou mais escolhas entre uma multiplicidade de ações que possam ser implementadas, com um reconhecimento prévio, de acordo com sua experiência de aprendizagem, de certos aspectos que possam envolvê-las: o aluno leva em consideração fatores como o resultado que possivelmente advirá de sua realização exitosa, a possibilidade e/ou dificuldade em implementá-la, o prazer em realizá-la, a relação custo- benefício do tempo e recursos financeiros gastos, dentre outros.

O item do questionário que abordava as subtarefas que autonomamente desenhavam para si perguntava se os alunos se consideravam autônomos e quais estratégias utilizavam para estudar inglês (Apêndice C  Q3, item 6). Porém, em todos os outros instrumentos, os alunos citaram atividades que realizavam para aprender ou exercitar a LE ou mesmo para se automotivar.

O conhecimento das subtarefas que os alunos autonomamente planejam e executam contribui para elaborar um perfil que ajudará o professor a atuar de maneira a oferecer-lhes meios ou sugerindo atividades que resultem em uma manutenção da motivação ou em um aumento da motivação, no caso de alunos que estejam experimentando uma baixa motivacional. O professor também pode, visando atrair os alunos para uma participação mais ativa nas aulas, planejar atividades que envolvam aquelas tarefas preferidas (uma aula com base em uma música ou indicar sites de relacionamento cujo escopo seja o ensino e aprendizagem de línguas), tornando assim as aulas mais interessantes e, ao mesmo tempo, estimulando-os a permanecer desenvolvendo suas habilidades fora do ambiente de sala de aula, promovendo um desenvolvimento cada vez maior de sua autonomia.

As atividades mais mencionadas pelos sujeitos de pesquisa foram divididas em duas categorias, de acordo com o fim visado pelos aprendentes: as relacionadas à prática de LE, desenvolvidas visando ao exercício das habilidades e dos conteúdos já estudados, e as relacionadas ao estudo da LE, que são as desenvolvidas pelos indivíduos objetivando a aprendizagem de novos conteúdos e desenvolvimento de novas habilidades (Tabela 1).

Tabela 1 – Subtarefas gerenciadas e implementadas autonomamente pelos aprendentes. Fim da

atividade Atividade Número de alunos Alunos

Atividades que visam à prática da LE Ver filmes/séries 6 1,2,3,4,6,8 Ler textos/artigos/livros 5 2,3,4,5,8 Ouvir músicas 5 2,3,4,5,8

Visitar sites com conteúdo em inglês (ou sobre o estudo da língua inglesa)

3 3,5,7

Pesquisar na Internet 2 4,7

Participar de sites de relacionamento com aprendentes e professores

1 3

Configurar programas, celular e páginas nos sites de relacionamento para o inglês

1 3

Conversar em inglês em casa 1 1

Lembrar os objetos em inglês 1 1

Falar sozinha em inglês 1 5

Atividades que visam ao estudo

da LE

Ler livros didáticos/ouvir CDs com atividades 3 1,7,8

Fazer exercícios na Internet 2 7,8

Consultar dicionários 2 1,4

Fazer todos os exercícios que lhe são passados 1 4

Exercitar a escrita nas horas vagas 1 1

Focalizar sua atenção nos diálogos apresentados nos materiais didáticos e realizados entre professores e colegas

1 2

Fazer flash cards 1 5

Dar aula para si mesma 1 5

Fazer cartazes 1 5

Dentre as subtarefas que visam à prática das habilidades e conteúdos já estudados, as mais referidas, em ordem decrescente de frequência, foram assistir a filmes ou séries de TV americanos (Alunos 1, 2, 3, 4, 6 e 8), ler textos, artigos ou livros em inglês (Alunos 2, 3, 4, 5 e 8), ouvir músicas em inglês e estudá-las (Alunos 2, 3, 4, 5 e 8), visitar sites com conteúdo em inglês ou sobre o estudo da língua inglesa (Alunos 3, 5 e 7) e pesquisar na Internet (Alunos 4

e 7). Outras atividades foram mencionadas apenas uma vez, como participar de sites de relacionamento com aprendentes e professores da língua inglesa e configurar para a língua inglesa ferramentas como twitter, facebook, seu celular, entre outros (Aluna 3), conversar em inglês em casa e recordar os objetos em inglês (Aluno 1) e falar sozinha em inglês (Aluna 5).

As atividades que os alunos planejam e implementam visando ao estudo da LE foram em menor número e mencionadas com uma menor frequência. Em ordem decrescente, as mais mencionadas foram ler livros didáticos ou ouvir CDs com exercícios (Alunos 1, 7 e 8), fazer exercícios na Internet (Alunos 7 e 8), fazer pesquisas em dicionários (Alunos 1 e 4). As demais foram citadas apenas uma vez, quais sejam: exercitar a escrita nas horas vagas (Aluno 1), focalizar a atenção nos diálogos apresentados nos materiais didáticos e os praticados entre professores e colegas (Aluno 2); fazer flash cards, cartazes, dar aula para si mesma (Aluna 5).

Como pode ser observado nos dados analisados, a maioria das subtarefas arroladas na tabela 1 foi mencionada por apenas um dos indivíduos. Esse fato corrobora a ideia de que o processo de aprendizagem é personalíssimo, que cada aluno tem seu(s) próprio(s) estilo(s) de aprendizagem e que, quando age autonomomamente, adota estratégias que sejam mais afeitas a ele(s). Uma declaração da aluna 5, quando perguntada sobre as estratégias que utiliza ao estudar inglês, deixa bem clara esta individualidade das estratégias de aprendizagem:

[...] estudo músicas, livros, faço cards, dou aula p/ mim mesma, falo sozinha, faço cartazes, entre outras que sempre invento uma coisa, mas não estou lembrando. O que me levou a utilizá-las é o fato de que com elas eu fixo muito mais o assunto que queira aprender. (Q3)

Durante todo o curso da aprendizagem, os alunos vão experimentar outras atividades por eles planejadas, alterando suas estratégias para realizá-las, observando o seu desenrolar até chegar a seus resultados, analisando estes últimos e construindo continuamente um arcabouço de experiências que irão utilizar nos momentos seguintes e mesmo em outras situações de aprendizagem (que podem ser sobre assuntos bem distintos da língua inglesa), para gerarem novos planos de ação. Retomando a teoria da atribuição causal expressa na seção 2.2, eles poderão refletir acerca das causas de determinado resultado da atividade e atribuí-lo a fatores estáveis ou instáveis, internos ou externos. A partir desta reflexão, irão moldar as atividades futuras, de modo a tentar implementá-las com sucesso.

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