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1.6 – Gerenciamento de resíduos e a monitoração dos efluentes no IQ da Unicamp

laboratórios de Ensino, uma Planta Piloto e uma Central Analítica. Sabe-se que as disciplinas experimentais de Química Analítica são as mais críticas em termos de potencial tóxico do resíduo gerado (Micaroni, 2001) e que as misturas acetonitrila/água e hexano/acetato de etila são os resíduos orgânicos gerados em maior quantidade no Instituto (Ferreira et al., 2000).

O IQ da Unicamp já dispõe de um sistema de segregação e disposição final de uma série de resíduos gerados localmente desde 1995. Dentro da Unicamp, o IQ se apresenta como um dos potenciais contaminadores de efluentes e geradores de resíduos, em quantidades similares às de uma indústria (em torno de 6,5 t/ano), e que também apresentam alta periculosidade e grande variedade. Esta última característica torna difícil o tratamento dos efluentes já contaminados, e, classifica as universidades como poluidoras em potencial (Afonso, 2003). Por este e outros motivos, é mais sábia a atitude de prevenir a geração de resíduos e segregar individualmente, ao invés de enfrentar o desafio de tratar posteriormente uma complexa mistura de compostos.

Um outro ponto importante para a concepção do sistema de gerenciamento de resíduos é a forma de descarte de resíduos líquidos. A prática mais comum e, na maioria das vezes a mais inadequada, é o descarte nas pias dos laboratórios (Micaroni, 2001). Como o sistema atual de esgoto da Universidade não recebe qualquer tratamento, esses resíduos são despejados in

natura nos mananciais aqüíferos que circundam o campus.

O Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ), implementado no IQ a partir de 1995 e coordenado pela Comissão de Segurança Interna do Instituto tem conseguido equacionar parcialmente o destino final destes resíduos, especialmente com o reaproveitamento de solventes orgânicos. O PGRQ conta também com uma série de ações destinadas a informar e sensibilizar a comunidade do IQ (alunos, técnicos, docentes) sobre o gerenciamento dos resíduos químicos. Entre essas medidas podem ser citadas aulas, palestras e

normas sobre o tratamento correto dos resíduos.

No sentido de aprimorar tal programa, foi criado em 2001 o Projeto Institucional de Tratamento de Resíduos Químicos (FAPESP no 2001/01215-3). Esse projeto teve como objetivo ampliar e modernizar a infra-estrutura de Tratamento de Resíduos Químicos do IQ da Unicamp. Isto foi feito através de várias frentes como:

- melhoria dos sistemas de coleta e armazenamento dos resíduos;

- implementação de um sistema institucional de reciclagem de solventes, através da Planta Piloto;

- implementação de um sistema para tratamento de resíduos de cianeto gerados nos laboratórios de pesquisa e ensino;

- implementação de um sistema de redução de volume de resíduos sólidos por secagem;

- criação de uma sistemática para descarte dos metais pesados após redução de volume;

- diminuição do consumo de água nos laboratórios de ensino e na planta piloto e diminuição do consumo de energia elétrica na planta piloto;

- implementação de um sistema de minimização na geração de resíduos nos laboratórios de ensino do IQ;

- desenvolvimento de novos processos para destruição de resíduos; - eliminação do estoque de resíduos passivos (cerca de 11 t).

No IQ da Unicamp há uma norma da Coordenadoria de Pós-Graduação, onde, após a defesa – do mestrado ou doutorado – o aluno e o orientador declaram à Comissão de Segurança do Instituto que destinaram (tratando e/ou descartando) de forma adequada todos os resíduos gerados durante o período do seu trabalho (IQ/Unicamp, 2004), evitando o acúmulo de resíduos, especialmente aqueles sem identificação.

parte considerável dos resíduos gerados em laboratórios de ensino e pesquisa no IQ têm sido descartada corretamente; uma parte desses solventes vem sendo destilada e reaproveitada e outra parte vem sendo incinerada desde 1996 (tabela 1.1) (Comissão de Segurança, 2004).

Tabela 1.1: Quantidade, em L, de solventes, clorados e não clorados, incinerados nos últimos 8 anos pelo IQ da Unicamp

Ano Solventes clorados (L) Solventes não clorados (L)

1996 1400 2000 1997 1000 1850 1998 400 1540 1999 400 2300 2000 400 4000 2001 1260 4900 2002 1280 4880 2003* 740 2100

Fonte: Comissão de Segurança do IQ da Unicamp * Referente ao 1º semestre

Os dados apresentados na tabela 1.1 demonstram que uma quantidade significativa de resíduos químicos encontra uma destinação final adequada. Não se pode afirmar, entretanto, que a prática de lançamento de produtos perigosos nas pias dos laboratórios foi completamente eliminada. Tal prática, caso seja verificada, alem de ser ambientalmente inaceitável, poderia também prejudicar o funcionamento da futura ETE, justificando assim a monitoração da qualidade dos efluentes de laboratório.

2. Objetivos:

O trabalho apresentado teve como objetivo geral estabelecer uma metodologia de monitoração para os efluentes de laboratório do IQ da Unicamp. E como objetivos específicos:

1. Estabelecer uma metodologia de monitoração dos efluentes através da utilização de três parâmetros indicadores da qualidade do efluente: pH, ORP (do inglês oxidation reduction potential, potencial de óxi-redução) e condutância.

2. Estabelecer e comparar dois métodos de monitoração: em contínuo (on-line) e em batelada.

3. Avaliar a qualidade dos efluentes de laboratórios de ensino e pesquisa – de química analítica e de química orgânica.

4. Correlacionar os parâmetros medidos com os reagentes descartados na pia.

5. A partir dos resultados obtidos, obter subsídios que enfatizem a importância de uma política de sensibilização quanto ao descarte de resíduos químicos na pia.

3. Monitoração de

efluentes

3.1 – Introdução

Define-se como poluição qualquer alteração física, química ou biológica que produza modificação no ciclo biológico normal, interferindo na composição da fauna e da flora do meio. A poluição aquática, uma das mais sérias, provoca mudanças nas características das águas, as quais interferem na sua qualidade, impossibilitando seu uso para consumo humano (Fellenberg, 1980).

Ao longo das décadas de 1970 e 1980 a sociedade começou a se despertar às ameaças a que estaria sujeita se não mudasse de comportamento quanto ao mau uso de seus recursos hídricos (Rodriguez, 1998). No Brasil, estima-se que 65% das internações hospitalares ocorrem devido ao consumo de água contaminada, acarretando principalmente diarréia e hepatite (Veja, 1999). Como agravante, cerca de 84% do esgoto não tratado são despejados nos rios (IBGE, 2000). Há muitos compostos orgânicos encontrados em água de rio com atividade carcinogênica (Gobato & Lanças, 2001).

Apesar do volume de esgoto doméstico lançado ser maior que de efluentes industriais, esses últimos também podem trazer problemas se lançados sem tratamento. Os graves problemas ambientais gerados pelo aumento considerável dos descartes de efluentes industriais, contaminados com metais pesados, nos rios e mares, aliados às leis ambientais cada vez mais rigorosas (Cetesb, 2005) estimularam as pesquisas com relação ao tratamento de água ou efluentes, visando principalmente à obtenção de métodos de baixo custo e mais eficientes.

A monitoração de efluentes, sobretudo industriais, vem se tornando prática comum. Isto ocorre, principalmente para verificar a eficiência dos processos de tratamento ou para atender à legislação.

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