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3. LODO DE ESGOTO COMO BIOMASSA NA GERAÇÃO DE ENERGIA

3.3. GERENCIAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL

Segundo Andreoli e Pinto (2001), a produção de lodo no Brasil está estimada entre 150 mil e 220 mil toneladas de matéria seca por ano. Devido aos baixos índices de coleta e tratamento de esgoto ainda existentes no país, o crescimento dos grandes centros urbanos, o desenvolvimento das regiões, para onde se instalam algumas indústrias, e à pressão da sociedade por melhores condições ambientais, é possível prever aumento considerável nos próximos anos na quantidade de lodo a ser disposto.

Considerando que os lodos de esgoto correspondem a uma fonte potencial de riscos à saúde pública e ao ambiente e potencializam a proliferação de vetores de moléstias e organismos nocivos, além de que serem resíduos que podem conter metais pesados, compostos orgânicos persistentes e patógenos em concentrações nocivas à saúde e ao meio ambiente, torna-se necessário sua disposição final de forma adequada à proteção do meio ambiente e da saúde da população.

A Lei nº 12.305/ 2010 que institui a política nacional de resíduos sólidos estabelece que na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Em se tratando de lodos de esgoto, sua produção é uma característica intrínseca dos processos de tratamento de esgotos e tende a um crescimento no mínimo proporcional ao crescimento da população humana e a solução para sua disposição final ambientalmente adequada é medida que se impõe com urgência.

A destinação final ambientalmente adequada, segundo a Lei nº 12.305/ 2010 (Brasil, 2010), inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância Sanitária) e do Suasa (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária), entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

O lodo de esgoto possui composição bastante variável, em função de peculiaridades regionais e dos processos em que são gerados e condicionados, em geral apresentam em sua constituição elementos de grande valor, possibilitando seu uso benéfico como, por exemplo, na agricultura, para aproveitamento energético ou como matéria prima para fabricação de produtos da construção civil, em detrimento a mera disposição em aterros sanitários ou incineração. A destinação final deve ser definida em função das características do lodo, levando em consideração aspectos técnicos, econômicos, operacionais e ambientais. Dessa forma, o lodo deve ser caracterizado fornecendo informações sobre as propriedades determinantes, particulares a sua utilização.

A seguir é descrito, de forma breve, as principais utilizações para o lodo (FOELKEL,2010):

- Como biomassas combustíveis

- Como combustível direto para queima: o lodo pode ser usado como combustível direto para queima apesar do alto teor de umidade e de cinzas minerais, pois existirá energia líquida positiva em lodos com consistência (teor de sólido seco) acima de 40% e teor de cinzas menor que 30%. Esse valor está na ordem de 4MJ/kg a 10 MJ/kg de lodo como tal, dependendo do tipo de lodo. Entretanto, para lodos com consistências baixas, por volta de 20% e teor de cinzas a 30% ou mais, a geração de energia líquida é desprezível, entre 0,5 a 1,5 MJ/kg na umidade em que se encontra o lodo.

- Como participante ou coadjuvante na composição de péletes e/ou briquetes combustíveis, conjuntamente com serragem residual de madeira de serrarias e industrialização de móveis, cavacos de madeira de demolição, restos de podas de árvores urbanas, etc.

- Pela aplicação direta no solo florestal ou agrícola de lodo cru na forma líquida, granulada, pastosa, pelotizada, semi-seca ou seca. Essa operação é conhecida como landspreading e pode ser feita no sulco, na terra arada, sobre o solo sem preparo algum, etc. Muitas vezes o landspreading é feito colocando uma mistura de lodo e cinzas de caldeira de biomassa por dois motivos: facilitar a aplicação de um material mais seco e introdução de sais minerais nutrientes disponíveis nessas cinzas, ricas em cálcio, potássio, magnésio, etc.

- Incorporação de compostos orgânicos ou organominerais derivados dos lodos, materiais mais estabilizados e de melhor qualidade agrícola;

- Uso de lodo da fabricação do papel, rico em carbonato de cálcio, como fonte de cálcio e como corretivo da acidez do solo. Etc.

- Na construção e obras de engenharia civil

- Uso do lodo do papel, do papel reciclado e das ETA.s para fabricação de blocos de cimento, tijolos, materiais cerâmicos (cerâmicas vermelhas, tipo grés, etc.);

- Uso de lodo primário da fabricação de celulose e de papel de fibras longas como coadjuvante fibroso na fabricação de compósitos de cimento tais como telhas, caixas-d.água, etc.;

- Uso de lodo do papel rico em minerais para estabilização de terrenos, pavimentação de caminhos de terra (estradas rurais, etc.), material para capeamento de aterros e áreas degradadas, etc.

- Na geração de biogás

- A digestão anaeróbia de lodos orgânicos em biodigestores especiais conduz à geração e recolhimento de metano, um biogás combustível alternativo aos combustíveis fósseis e de rico poder calorífico (CH4 = 75% de carbono

orgânico).

- Para compósitos e produtos de enchimento

- Uso de lodos para compósitos com plásticos, organominerais, fibrocimento, etc.

- Uso em materiais de isolamento acústico, térmico, etc.

As alternativas ambientais para a gestão de resíduos constituem um investimento na qualidade de vida e na futura sustentabilidade ambiental das cidades. Os gerenciamentos impróprios dos resíduos acarretam aos seus responsáveis ao pagamento de multas e a sanções penais e administrativas previstas em lei, em especial às fixadas na Lei no 9.605, de 12 de

fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências”; e o dano causado ao meio ambiente, como poluição de corpos hídricos, contaminação de lençol freático e danos à saúde, devem ser reparados pelos responsáveis geradores destes resíduos.

Diante deste cenário, vem sendo feita a elaboração e implantação de políticas públicas de proteção ambiental em relação aos resíduos sólidos. No Estado do Paraná, por exemplo, quando da solicitação de licenciamento ambiental ou de sua renovação junto ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP, deverá a atividade geradora de resíduos sólidos apresentar Plano de Gerenciamento, contemplando as atividades de geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, reutilização, reciclagem, tratamento e/ou destinação final dos resíduos sólidos.

3.4. LODO DE ESGOTO COMO BIOMASSA NA GERAÇÃO DE ENERGIA EM

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