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2.1 OBJETIVO E ESTRUTURA DO CAPÍTULO

O objetivo deste capítulo é fornecer os inputs necessários para o projeto de uma arquitetura de referência do modelo de avaliação de desempenho em cadeias de suprimentos que propicie uma base para a modelagem do simulador fuzzy a que se propõe este trabalho.

Este capítulo está estruturado de maneira a trabalhar, gradativamente, conceitos que envolvam gestão da cadeia de suprimentos, medição de desempenho e medição de desempenho em cadeias de suprimentos.

A seção 2.2 objetiva conceituar rapidamente o termo “gestão de cadeia de suprimentos” para caracterizá-la não somente como uma simples evolução do conceito de logística, mas, sim, pautada a partir de uma perspectiva mais ampla, ou seja, estratégica e multidisciplinar.

O item 2.3 trata especificamente da medição de desempenho e da evolução de tais sistemas de medição.

A seção 2.4 analisa especificamente os sistemas de medição de desempenho em cadeias de suprimentos, para fornecer todo um conteúdo necessário para a proposição de uma arquitetura de referência que possa ser utilizada no simulador fuzzy. Para este fim, é abordado o modelo de referência SCOR.

A seção 2.5 trata da questão de modelagem e de simulação em cadeias de suprimentos e, por fim, a utilização de ferramentas que utilizam o SCOR a fim de simular desempenho de cadeias de suprimentos.

2.2 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA INTEGRADA

O termo desempenho logístico muitas vezes é utilizado como sinônimo para desempenho de cadeia de suprimentos. Antes de analisar o mérito de tal questão, é necessário diferenciar o conceito de Logística do termo Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS).

Um posicionamento defendido em inúmeras publicações é que o conceito de gestão de cadeia de suprimentos não é sinônimo exato de logística2. Tal diferenciação faz-se necessária quando direcionado o discurso para o tema de medição de desempenho.

Pesquisadores do campo da Logística têm-se preocupado em esclarecer tais diferenças ou similaridades entre os termos Logística Integrada (LI) e Supply Chain Management (SCM). Muitos conceitos a respeito de cada termo sobrepõem-se, tornando difícil traçar fronteiras a respeito de uma definição específica de cada terminologia.

O termo Supply Chain Management é definido pelo Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP3) como:

Supply Chain Management é a integração de processos-chave a partir do usuário final até os fornecedores primários com o objetivo de prover produtos, serviços e informações que adicionem valor para os clientes e acionistas da empresa (CSCMP, 2009).

Muitos autores consideram então a SCM como uma evolução estratégica da Logística. Seria essa uma afirmação verdadeira?

Recorrendo à definição de logística pelo próprio Council of Supply Chain Management Professionals, tem-se que:

Logística é a parte do processo da Supply Chain que planeja, implementa e controla, eficientemente, o fluxo e armazenagem de bens, serviços e informações do ponto de origem ao ponto de consumo de forma a atender às necessidades dos clientes (CSCMP, 2009).

Para Bowersox e Closs (2001), a Logística Integrada pode ser compreendida como a junção de três processos-chave: Logística de Suprimentos (Logística Inbound), Logística Interna (Produção) e Logística de Distribuição (Logística Outbound). Pires (2004), corroborando Bowersox e Closs (2001), ilustra tais processos-chave por meio da Figura 2.1.

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É comum encontrar termos como “logística empresarial”, “logística integrada”, etc. Nesta tese, sempre que o termo logística for citado, estar-se-á referindo ao conceito de logística integrada, um termo mais adequado para retratar os processos logísticos ao longo da SC.

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Figura 2.1 Logística Integrada

Fonte: Baseado em Pires (2004).

Para a distinção entre os termos Logística Integrada e SC é essencial entender o processo evolutivo da logística.

Inúmeros trabalhos, retratam com muita clareza a evolução da logística. Para confirmar tal afirmação, merecem destaque: Novaes (2007), Figueiredo e Arkader (1998), Ballou (2006), entre outros.

Segundo estes autores, a logística evoluiu por meio de um continuum, de uma perspectiva operacional, fragmentada, para uma coordenação vertical dentro da própria área funcional, posteriormente passando a ser integrada com outras funções da empresa (coordenação horizontal). A seguir, a integração estendeu-se para fornecedores e clientes, sem, no entanto, abandonar sua vocação operacional. Finalmente, num último estágio, a logística migrou para uma abordagem mais estratégica pela coordenação entre os diferentes agentes que compõem a cadeia produtiva, numa perspectiva denominada então “Supply Chain Management (SCM).”

Nessa linha de pensamento, alguns autores destacam que a Logística Integrada trata de uma integração operacional entre clientes e fornecedores da cadeia, e a SCM refere-se a uma integração estratégica das empresas que compõem a cadeia de suprimentos.

Porém, esta tese adota também o pensamento de Pires (2004), o qual trata a SCM como uma evolução não só da área de logística, mas como uma grande contribuição das áreas de Marketing, Compras e Produção, como pode ser observado na Figura 2.2.

Logística Interna Fábrica/ Montadora Fornecedor Fornecedor Cliente Final Distribuidor Varejista Fonte Primária CRM CRM CRM ESI ESI ESI LOGÍSTICA INTEGRADA PCP Movimentação de materiais Estoques Logística de Distribuição Logística de Abastecimento Sistema de Abastecimento; Transporte; Estoques; Sistema de Distribuição; Transporte; Estoques; Armazenagem;

Figura 2.2 Potenciais origens da SCM

Fonte: Adaptado de Pires (2004).

Essa visão multidisciplinar da SCM parece ser mais adequada ao tema medição de desempenho em cadeias de suprimentos, já que retrata de maneira mais realística as diferentes naturezas dos processos de negócios que perfazem uma SC. Existem vários processos ao longo da SC, como, por exemplo, desenvolvimento de produto, que tratam de questões não relacionadas diretamente á área de logística (YOSHIZAKI, 2002). Desta maneira, o processo de medição de desempenho em cadeia de suprimentos deveria tratar de outros processos de negócios, além da perspectiva logística.

Baseado em Mentzer et al. (2001), deve-se compreender uma SCM como a junção de três categorias:

ƒ uma filosofia gerencial;

ƒ um conjunto de atividades para implementar uma filosofia gerencial; ƒ um conjunto de processos de negócio.

A perspectiva dos processos de negócios torna-se fundamental neste trabalho à medida que se considere que as métricas de desempenho sejam derivadas desses processos de negócio. Portanto, uma SCM teria um escopo mais amplo que a Logística Integrada. Isso pode ser compreendido pela própria natureza dos processos de negócios que formam uma SCM.

Na visão de Croxton et al. (2001), a gestão da cadeia de suprimentos pode ser vista ainda como uma extensão dos processos de negócios da empresa, ou seja, uma visão estratégica e estendida, integrando não somente funções, mas também um conjunto de processos entre

SCM

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