• Nenhum resultado encontrado

Gestão da documentação – levantamento e o diagnóstico dos dados existentes

COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO EM MODA 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.2 AMBIENTE SIMODA

4.3.2 Gestão da documentação – levantamento e o diagnóstico dos dados existentes

Considerando que os objetos estavam depositados na Modateca sem nenhum critério de organização, a ação subsequentes à adequação do espaço foi a separação dos materiais por tipificação – roupas, calçados, bolsas, chapéus, objetos de adorno - e a realização de um diagnóstico no acervo para apurar o seu estado de conservação. Os objetos suspeitos de comprometimento de sua integridade física e/ou infestados foram isolados e os demais acondicionados em caixas de papelão e cabides organizados em armários e araras para facilitar o processo de identificação. Os procedimentos metodológicos adotados foram ações direcionadas a documentar

e cadastrar os objetos, numa análise sistemática dessas ações estruturadas em referencial teórico.

A catalogação foi feita com base no Thesaurus para Acervos Museológicos, cujo sistema classificatório consiste em três níveis básicos de terminologia, hierarquicamente relacionados: classe, subclasse e uma lista aberta de termos, ou nomes de objetos. As classes consideram o universo dos objetos; as subclasses são subdivisões das classes principais, onde os objetos estão reunidos de acordo com sua função e, os termos designam objetos específicos. (FERREZ, 1987).

No caso específico, a catalogação ficou assim definida: a) Objetos Pessoais: objetos criados para servir as

necessidades pessoais dos indivíduos, proteção e higiene do corpo, adorno, crença.

b) Acessório de indumentária: objetos usados para suster e/ou fixar peças do vestuário ou penteados, como abotoadura, cinto, fivela, grampo de cabelo. c) Artigo de Toalete: objetos relacionados à higiene e

estética pessoais e aos atos de vestir e calçar. Calçadeira, borrifador de perfume, estojo de maquiagem, toalha de banho, de rosto.

d) Artigo de Viagem/campanha: chapeleira, frasqueira, mala, maleta, mochila.

e) Objeto de adorno: anel, brinco, broche, bracelete, porta-joias.

f) Objeto de auxílio/conforto pessoais: objetos criados para suprir deficiências físicas dos seres humanos ou para dar-lhes maior comodidade. Bengala, cadeira de rodas, chupeta, guarda-chuva, lenço, leque, próteses: dentária, ortopédica, óculos.

g) Objeto de devoção pessoal: objetos usados como símbolos de uma crença. Amuleto, crucifixo pingente, fita e medalha devocional, terço, rosário, relicário. h) Peça de indumentária: objetos usados como

vestimenta ou calçados por seres humanos. Inclui também as coberturas de cabeça e máscaras que complementam trajes. Avental, batina, corpete, capa, casaco, capuz, chapéu, touca, gravata, luva, meia, estola, espartilho, saia, suéter, traje, uniforme, vestido, farda, xale.

Foram propostos os seguintes procedimentos metodológicos adotados para organização da Modateca:

a) Identificação: o objeto é identificado com o maior número possível de informações transcritas diretamente na ficha de entrada (Figura 6) – contendo dados como: data de entrada, descrição, estado de conservação, lugar de origem, estilista, proprietário, doador, histórico e forma de aquisição. No próximo passo, o objeto recebe um número e registro no livro tombo, onde consta a data de entrada, o modo de aquisição, o estado de conservação e uma descrição sucinta. Assim, o objeto ganha uma classificação, é identificado, numerado e estará no livro de tombo. Cada objeto tem, portanto, seu código.

Exemplificando: Vestido dos anos de 1920:

MDT 1920 – 03 V, onde: MDT – Modateca

1920 - Década de criação da peça 03 - Número de Registro da década V - Vestuário ou A – Acessório

Figura 6: Ficha de entrada.

Fonte: SIMODA.

Em paralelo, é preenchida e afixada imediatamente no objeto a ficha de identificação (Figura 7), contendo o número de registro, data de entrada e descrição.

Figura 7: Ficha de Identificação.

Fonte: SIMODA

b) Produção de Imagens: foram produzidas imagens dos objetos (geral e detalhada) com câmara digital, com as peças vestidas em manequins de exposição e os acessórios em displays apropriados (Figura 8).

Figura 8: Fotografias.

Fonte: autor.

Uma vez fotografado o objeto, a etapa seguinte foi a elaboração da Ficha Catalográfica (Figura 9) contendo todas as informações obtidas na identificação, o número de registro e número da página do livro tombo onde foi registrado; as fotografias, além do desenho técnico e do plano de modelagem quando objeto de vestuário.

Como desenho técnico (Figura 10), compreende-se uma imagem legível de desenhos planos da roupa, devendo atender aos rigores de uma escala. Antes de elaborar o desenho técnico, deve-se ter uma visão global e geral da roupa a ser desenhada, percebendo sua amplidão, volume, movimento, comprimento, bem como um estudo de formas e detalhes (pences, recortes etc.).

Por modelagem (Figura 11), Araújo (1996) define como “a arte de confecção de moldes a partir de um modelo pré- estabelecido.” Cabe ao modelista, por sua capacidade de observação, ser capaz de adaptar, transformar e criar moldes, dentro daquilo que é o mais importante: a base do corpo. No caso do acervo da Modateca, toma-se o caminho inverso, pois é a partir dos trajes que a modelagem vai ser feita. O objetivo da construção dos moldes das peças do acervo tem em vista que cada época tem sua modelagem característica na forma e no volume do vestuário. A maioria das peças foi confeccionada baseando-se no desenho do modelo ou mesmo criada em moulage a partir da criatividade do estilista. Direcionada e modelada nas medidas do cliente, o profissional atuava muitas vezes com sua habilidade nata ou com técnicas passadas por gerações.

Figura 9: Ficha Catalográfica.

Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 10: Ficha Desenho Técnico.

Figura 11: Ficha do Plano de Modelagem.

Após o registro, foi afixada a etiqueta definitiva de numeração no objeto e tratou-se de elaborar os seguintes documentos: Termo de Doação e Recibo de Doação ou Termo de Custódia, no caso dos objetos que permanecerão por um determinado tempo na Modateca e depois serão devolvidos ao seu dono.

As etapas de identificação, registro e catalogação foram desenvolvidas a contento, porém não na íntegra. Algumas situações ficaram pendentes, aguardando soluções posteriores, como é o caso do histórico de alguns objetos e da informação de como a peça estava sendo tratada e guardada antes de ser trazida para a Modateca. Normalmente os doadores não possuem ou não lembram com exatidão dessas informações e têm que consultar outras pessoas. Ambas as informações são relevantes, a primeira porque vai justificar inclusive a permanência do objeto no espaço de memória e a segunda, porque dependendo do estado de conservação do objeto, deve- se procurar mantê-lo em condições idênticas às anteriores a sua chegada.