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2. Gestão da Qualidade como modelo de capacitação profissional

2.2. Gestão da Qualidade e a Certificação ISO 9001

O processo de certificação ISO 9001 como um modelo de sistema de gestão da qualidade passou a representar, a partir de 1990, um dos instrumentos de apoio à conquista e à manutenção da competitividade empresarial, principalmente para as pequenas e médias empresas.

O desenvolvimento e adoção de um sistema de gestão da qualidade basicamente é um receituário fundamentado nos requisitos da norma ISO 9001, independente do tamanho da organização, do segmento de mercado e da complexidade de processo. A série ISO 9000 é um conjunto de normas e diretrizes que representa um roteiro para a execução de um sistema de gestão da qualidade, constituída por um conjunto de requisitos e aplicável a qualquer

organização, sem levar em consideração o tipo, tamanho e produto oferecido, podendo ser implantada na esfera pública ou privada (ABNT, 2008).

Atualmente, a ISO está representada por seus membros24 em

mais de 150 países, através de organismos credenciadores, instituições de padronização e normalização. No Brasil, a representante e guardiã das normas ISO, responsável pelas traduções e edições, é a ABNT25 – Associação Brasileira de Normas Técnicas, entidade não governamental, fundada em 1940, sem fins lucrativos e de utilidade pública, atuando como agente privado de políticas públicas, além de ter participado da fundação da ISO, em 1947.

Os organismos certificadores têm a função de oferecer e executar serviços de certificações aos seus clientes, as quais abrangem sistemas de gestão, certificações de produtos ou pessoal, mantendo a mais absoluta imparcialidade e independência de qualquer influência comercial ou governamental.

Em respeito a esse princípio ético, os organismos certificadores não aceitam e não se envolvem em serviços de consultoria que visem a um processo de certificação. Assim, cabe a questão: “Quem exerce o controle e fiscalização sobre as certificadoras para manter e respeitar os padrões mundiais”? No Brasil, a instituição que representa o governo federal responsável pelo credenciamento dos organismos certificadores é o INMETRO, e algumas das principais certificadoras são: ABS - Quality Evaluations Inc., BRTÜV Avaliações da Qualidade Ltda., Bureau Acta de Certificação – QS, BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda., DNV - Det Norske Veritas Ltda., FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini, IQA - Instituto da Qualidade Automotiva, Lloyd`s Register do Brasil Ltda. e SGS ICS Certificadora Ltda.

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No portal da ISO é possível acessar a lista de membros e respectivos países => www.iso.org/iso/about/iso_members.htm.

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ABNT é a entidade que atua como Foro Nacional de Normalização, previsto no Sistema Brasileiro de Normalização (SBN), reconhecendo os organismos internacionais de normalização como: International Organization for Standardization

(ISO), International Eletrotechnical Comission (IEC) e International Telecommunications Union (ITU) e organizações

internacionais com atividades de normalização como: CODEX ALIMENTARIUS, Bureau Internationale de Poids e Mesures

(BIPM), Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML), International Accreditadion Forum (IAF) e International Laboratory Accreditation Cooperation (ILAC).

De forma resumida, para elaborar e efetivar um sistema de gestão da qualidade, devem-se cumprir as seguintes etapas:

1ª etapa – Conscientização e planejamento do sistema de gestão da qualidade. 2ª etapa – Documentação e padronização dos processos.

3ª etapa – Procedimentos obrigatórios e monitoramento. 4ª etapa – Análise, verificação e ações - Auditorias.

A 1ª etapa reúne as ações de responsabilidade da direção da empresa para definir as atividades a serem executadas, assim como estabelecer os objetivos e definir os responsáveis no monitoramento dos resultados. Nessa etapa, geralmente, são realizados seminários e palestras para conscientizar a força de trabalho quanto às metas da implementação do sistema de gestão da qualidade.

A 2ª etapa é dirigida à documentação e padronização dos processos, bem como ao planejamento do treinamento no que se refere aos padrões e procedimentos.

Na 3ª etapa são definidos os procedimentos obrigatórios e os requisitos que definirão os critérios para a medição e monitoramento dos processos.

Na 4ª etapa se analisam os dados através das auditorias, dos relatórios de ações de melhoria e da análise crítica periódica do sistema de gestão da qualidade, com o propósito de verificar se os objetivos da qualidade estão sendo atingidos.

Uma vez que a empresa tenha desenvolvido e implantado essas quatro etapas, o comitê da qualidade deverá contatar um organismo certificador e solicitar um orçamento para o processo de certificação, ficando a empresa disponível para sofrer auditorias externas executadas pelos organismos certificadores.

Assim, ao término das auditorias (interna e externa), será conferido à empresa o direito de receber a certificação que tem validade de três anos. Lembrando, ainda, que, em um prazo não superior a 12 meses, as empresas serão reavaliadas pelas suas certificadoras, quando será executada uma auditoria de manutenção com o objetivo de colher evidências sobre o sistema de gestão da qualidade, verificando se este está sendo adequadamente utilizado.

Ao final dos três anos, a organização será submetida à auditoria de re-certificação. Vale destacar que, em qualquer uma das auditorias (certificação, manutenção, re-certificação), caso se verifique que a organização não manteve o controle sobre o sistema de gestão da qualidade, a empresa perderá sua certificação.

O desenvolvimento e implantação do sistema de gestão da qualidade e o respectivo processo de certificação ISO 9000 são ações distintas. Por isso, uma organização pode possuir um sistema de gestão da qualidade e não ter um certificado ISO 9000, por não haver necessidade de manter tal certificação junto ao organismo competente.

Talvez por esse motivo o processo de certificação ISO 9000 divida opiniões de empresários e técnicos do setor de qualidade. Para alguns, representa uma medida burocrática que limita a flexibilidade dos processos e diminui a lucratividade; para outros, favorece a gestão dos processos, fortalece as medidas de melhoria contínua, sendo a conquista do Certificado ISO um credenciamento de âmbito global, conforme alguns debates e textos promovidos em 1997 pelo Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENGEP)26.

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Anais do ENGEP-1997 – Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Texto de Flávio D’Ângelo & João Amato Neto – Motivações e contradições na implementação e certificação de um Sistema da Qualidade.