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4.3 EXPOSIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.3.3 Gestão de Desastres: Socorro e Assistência Humanitária

Nas últimas décadas houve um incremento na frequência e na intensidade dos desastres naturais em todo o globo, com a ocorrência cada vez maior de vítimas. Conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), cerca de 2,6 bilhões de pessoas foram atingidas por catástrofes naturais nos últimos 10 anos, contra 1,6 bilhões na década precedente. Quanto aos custos dos danos e prejuízos causados por desastres naturais, são hoje 15 vezes maiores do que na década de 50 (THOMAS, 2015).

A expressão “gestão de desastres” é, por vezes, também denominada “gestão de emergências” ou “gestão de crise”. A gestão de desastres foi conceituada pela Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas (UNISDR) (2009, p.18), como: “A organização e a gestão dos recursos e responsabilidades para abordar todos os aspectos das emergências, especialmente a preparação, a resposta e os passos iniciais da reabilitação (reconstrução)”.

No Brasil, ao ser afetada a ordem social, devido a uma alteração da normalidade em decorrência de um desastre, dependendo da sua intensidade, dos danos e dos prejuízos causados, existem duas possibilidades de decretação por parte do Poder Público Municipal: a decretação de Situação de Emergência (SE) ou de Estado de Calamidade Pública (ECP). Para tanto, o município deve proceder ao registro oficial do evento adverso pela emissão do Formulário de Informações do Desastre (FIDE) e pela inserção dos dados no S2ID (Sistema Integrado de Informações sobre Desastres), os quais são submetidos à Secretaria Nacional de Defesa Civil para a homologação, ou não, da decretação de SE e/ou ECP (BRASIL/MIN, 2017).

O Estado de Santa Catarina, pela sua posição geográfica, é atingido por eventos naturais de origens diversas, com registros de danos relevantes relacionados ao excesso e falta de chuva, e também relacionados aos eventos de evolução súbita, como vendavais, granizo, tornados e, inclusive, o único furacão registrado na costa brasileira (SDC/SC, 2017).

Relatório recentemente elaborado em cooperação com o Governo de Santa Catarina, Banco Mundial e CEPED/UFSC aponta que, no período entre 1995 e 2014, os municípios catarinenses informaram um total de 17,6 bilhões de reais em

danos materiais e prejuízos econômicos relacionados à ocorrência de desastres naturais, com valores corrigidos para 2014, resultando em uma perda anual média de 881 milhões de reais, representando 0,4% do PIB do estado. Dados do S2ID, sistema de informações utilizado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, apontam que em Santa Catarina, somente entre os anos de 2013 e 2015, aproximadamente dois milhões de pessoas foram de alguma forma afetadas por desastres, sendo que, deste número, 240 mil foram desabrigadas ou desalojadas (UFSC/CEPED, 2016).

A prestação de serviços de emergência e de assistência pública, durante ou imediatamente após a ocorrência de um desastre, tem o propósito de salvar vidas, reduzir impactos sobre a saúde, garantir a segurança pública e satisfazer necessidades básicas de subsistência da população afetada, são ações de resposta.

As ações de resposta abrangem (SDC/SC, 2017):

Socorro: Compreende o imediato atendimento (emergencial) à população

afetada, contemplando atividades como busca e salvamento, primeiros socorros, atendimento pré-hospitalar e atendimento médico-cirúrgico emergencial.

Assistência: consiste no atendimento à população afetada pelo desastre,

mediante aporte de recursos materiais e/ou financeiros, destinados ao provimento básico de subsistência/sobrevivência, atividades logísticas, assistenciais e de promoção da saúde, até que se restabeleça a situação de normalidade.

Restabelecimento: contempla a execução de obras provisórias e urgentes,

voltadas ao restabelecimento dos serviços essenciais. Visa estabilizar, ainda que provisoriamente, a situação, para que se possa promover a reconstrução do cenário afetado pelo desastre. Visa restabelecer acessos alternativos de transporte e locomoção, fornecimento de água e energia, remoção de escombros, etc. Pelo caráter efêmero que possuem, são normalmente obras de baixo custo e classificadas como despesas de custeio.

Durante um conflito armado, e após certos desastres naturais, como grandes inundações, comunidades inteiras podem ver-se obrigadas a abandonar os seus lares e a sua zona de residência. Nessas situações, as pessoas deslocadas podem permanecer na comunidade anfitriã local, com outros parentes ou outras pessoas com quem partilham laços históricos, religiosos ou de outro tipo. A assistência, nestas situações, inclui ter em conta os direitos e as necessidades da

população afetada, bem como daqueles que sejam indiretamente afetados pela situação de desastre (MANUAL, 2011).

No que se refere ao Acolhimento aos Afetados, as normas mínimas em matéria de abrigo e planejamento dos locais de alojamento da população são uma expressão prática dos princípios e direitos enunciados na Carta Humanitária, inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Carta se concentra nos requisitos fundamentais para manter a vida e a dignidade das pessoas afetadas por catástrofes ou conflitos, segundo o consignado no conjunto do direito internacional relativo aos direitos humanos, no direito humanitário internacional e no direito relativo aos refugiados, conforme apontado no capítulo anterior deste estudo (MANUAL, 2011).

Atendendo ao conceito de Assistência humanitária, o ideal é fazer a gestão dos abrigos, seguindo os indicadores mínimos estabelecidos pelo Projeto Esfera (www.sphereproject.org), o qual estabelece um conjunto de princípios e normas comuns ou universais mínimas e aplicáveis a todos os setores básicos da resposta humanitária: água, abrigo, alimentação e saúde (MANUAL, 2011).

As ações de socorro e de assistência desenvolvidas pelo CENAD são de caráter complementar e de apoio às ações estaduais e municipais, e são realizadas em articulação com os demais centros e sistemas operacionais de monitoramento e assistência a desastres existentes no país, como: CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais/MCTI), SIPRON (Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro), P2R2 (Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida à Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos), PREVFOGO (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), entre outros (BRASIL/MIN, 2017).