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Capítulo I – Revisão da Literatura

4. Gestão Desportiva e Projetos Sociais

4.4. Gestão desportiva nos projetos sociais

“Na realidade, o acto de gerir no mundo do desporto tem vindo a multiplicar o número de diferentes oportunidades de intervenção em função da criatividade das pessoas, das organizações e até da própria causa social. Contudo, em muitas e demasiadas situações, essas oportunidades têm vindo a ser usurpadas por pilecas e “pangarés”, através de processos que vão desde o nepotismo ao tráfico de influências, bem como à perpetuação a ao açambarcamento de lugares, para além do sistemático afastamento das mulheres”. (Pires, 2007, p.148)

Tavares (2006) destaca que os projetos sociais cedem espaços para aqueles que, apesar das boas intenções, muitas das vezes, não atendem às exigências técnicas fundamentais para a obtenção de resultados positivos para a sociedade.

Ainda Tavares (2006) nos leva a perceber a despreocupação e despreparo de muitos políticos e gestores com os resultados de um projeto social. Por não serem tratados como negócio, seus gestores e idealizadores não contabilizam os prejuízos de uma má gestão. Evitar essas situações deve ser uma das preocupações dos profissionais que se dedicam à gestão dos projetos sociais.

Dessa forma, percebemos que independente qual for a sua área de atuação, os projetos sociais devem ter competência na sua organização e operacionalização para que sua concretização não seja comprometida.

Neste sentido, a organização lata de qualquer projeto social, para que o seu potencial de mediador social não seja desperdiçado, implica a operação de conceitos fundamentais para a sua idealização e efetivação.

Primeiramente para que não despedíssemos o potencial social desses projetos. Torna-se necessário, de acordo com a doutrina, diferenciar plano, programa e projeto.

O Plano “possui um caráter mais abrangente, pois expressa os delineamentos políticos e prioridades globais tais como prioridade para concessão e direcionamento de recursos, estabelecimento de metas e proposição de objetivos. Um plano abrange programas e projetos”. “Esse é o que deveria traçar as metas de desenvolvimento de uma administração nacional, estadual ou municipal para o setor social.” (Ander-Egg & Idáñez, 1997, p. 15).

Ainda de acordo com Ander-Egg e Idáñez (1997, p.15):

“Programa é um conjunto organizado, coerente e integrado de atividades, serviços ou processos expressados em um conjunto de projetos relacionados ou coordenados entre si que são de similar natureza”.

Enquanto que segundo Project Management Institute (2010, p.31) define projeto, como:

“Projeto é um empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema, esboço ou risco de obra a realizar. Porem, com o uso, o termo passou a englobar o conjunto de ações, atividades, recursos materiais e humanos e tudo o mais necessário para a execução daquilo que foi imaginado ou desejado”

De acordo com Ander-Egg & Idáñes (1997) vários projetos constituem um programa que, necessariamente, devem estar articulados entre si. É o exemplo paradigmático do que acontece em muitos casos com o desporto quando funciona como articulador e mediador entre governo, universidade (ou outra instituição) e comunidade.

“A sociedade tem se mobilizado para o desenvolvimento de ações voltadas para o enfrentamento da exclusão social e os aspectos a ela relacionados. Projetos sociais voltados para o desenvolvimento de atividades esportivas vêm sendo realizados,

muitas vezes, sustentados por pressuposições de que o esporte pode promover a inclusão social”. (Coalte, Alison & Taylor, 2000, p. 10)

O conceito de parceria é importante na efetivação de um projeto social, pois para ele aconteça é necessário um apoio substancial da comunidade, entretanto, precisa de recursos para que um orçamento muito reduzido não impeça ou limite algumas ações. Por isso, Soares, Monteiro & Monteiro (2006) entendem a mesma como uma rede de associações humanas que serão otimizadas à medida que se fortalecerem as relações entre os parceiros.

Em relação à gestão de projetos, Project Management Institute (2010, p. 31) define, como:

“a gestão de Projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas a atividades de projeto a fim de atender os requisitos.

Para mesma associação acima citada os projetos são agregados em cinco grupos, denominados grupos de processos e gerenciamento de projetos:

 Grupos de processos de iniciação;  Grupos de processos de Planejamento;  Grupos de processo de Execução;

 Grupos de processo de Monitoramento e controle;  Grupos de processo de Encerramento.

Project Management Institute (2010, p. 36) Um dos aspectos mais importantes no contexto da gestão de projetos são os resultados encontrados com a limitação dos recursos. É óbvio que todo projeto que acumula bons resultados são elevados pela sociedade a outro patamar de importância Chianca et al (2001, p. 15) colocam, neste sentido, que a escassez de recursos obriga os gestores de organizações da sociedade civil a ter de utilizar de maneira racionalizada cada centavo de que dispõem, o que os leva com freqüência a tomar decisões difíceis, como o cancelamento total ou a eliminação de partes ou componentes de programas.

Para conseguir utilizar os recursos da melhor maneira possível é essencial para as organizações contar com informações que as orientem em suas atividades. Analisando com cuidado os resultados obtidos com as atividades da organização será possível ao gestor implementar ações corretivas, ou mesmo mudar a estratégia da organização, com vistas a obter o resultado desejado.

A obtenção dessas informações não é tarefa trivial, no entanto, para isso é necessária a criação de indicadores, processos de medição do resultado que juntos constituem a prática da avaliação de projetos sociais

Chianca et al (2001, p.15) completam afirmando que essas informações incluem, entre outras coisas, respostas a questões como: Que programas estão funcionando bem e quais estão mal? Quais os custos e quais os benefícios que cada programa traz para o público que atende? Há partes do programa que contribuem mais do que as outras? Que adaptações precisam ser feitas para melhorar o programa? Buscar respostas adequadas e confiáveis para essas perguntas é a principal função da avaliação feita pela Gestão nos Projetos Sociais.

Com isso, podemos perceber que os projetos sociais não estão livres do planejamento exigido em outras áreas de atuação da Gestão Desportiva e sim devem ser realizados e avaliados com o mesmo rigor usado para avaliar a gestão do estado ou de empresas privadas.