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O desenvolvimento de um plano de gerenciamento integrado de RSU é fundamental para compreender a situação atual dos resíduos na cidade ou região estudada, levantar todas as necessidades, indicar as diretrizes e objetivos, estabelecer metas e prazos a serem alcançados e formular as estratégias que poderão ser implantadas de acordo com as necessidades de cada localidade (POLZER, 2017).

O gerenciamento precisa ser integrado, pois depende da interdependência entre todas as etapas, desde a coleta até o destino e em relação as demais políticas públicas. Além disso, a responsabilidade pela geração e destinação dos resíduos é compartilhada por todos os envolvidos: sociedade, governo e iniciativa privada.

O conceito de gestão integrada de resíduos sólidos está atrelado à tomada de decisões de caráter estratégico, abrangendo aspectos institucionais, administrativos, financeiros, ambientais, culturais, sociais e técnico-operacionais, com a consonância da natureza participativa e deliberativa de todos os agentes sociais envolvidos no ciclo de vida dos produtos. Logo, orientando por meio de dispositivos legais a implantação de um sistema de gerenciamento adequado (MESQUITA JÚNIOR, 2007).

Todavia, a definição de gerenciamento integrado dos resíduos sólidos se traduz em conjunto de ações normativas, ambientais, operacionais, administrativas, gerenciais e financeiras, que fazem referência à execução e ao controle das etapas de coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos (MASSUKADO, 2004). Lembrando que sempre se deve cumprir a ordem de prioridades da gestão e gerenciamento estabelecidos na Lei Nº 12.305/2010, e para isso a PNRS fomenta a construção de atividades de educação ambiental como ferramenta crucial na concepção de um modelo sustentável.

Para Andrade e Ferreira (2011), a globalização contribui para o agravo da situação dos resíduos como, o consumo exagerado e a desorganizada gestão desses resíduos, de modo que este processo está intimamente relacionado à gestão dos resíduos sólidos. Diversos problemas ambientais, como gases do efeito estufa, poluição atmosférica, poluição dos rios e mananciais, geração excessiva dos resíduos sólidos, dentre outros, tem contribuído para o agravamento da situação

A destinação inadequada dos resíduos sólidos orgânicos no meio ambiente pode trazer sérios danos à saúde pública e ao meio ambiente oriundos dos produtos resultantes da

decomposição biológica. Por isso necessitam de um tratamento adequando para evitar danos ao meio ambiente e a população (FELIZOLA; LEITE; PRASAD, 2006).

A PNRS determina que a responsabilidade na gestão dos resíduos é compartilhada, ou seja, todos os participantes na geração dos resíduos têm o seu papel definido ao longo do ciclo de vida do produto. Cada agente tem sua parcela de responsabilidade e tem a tarefa de evitar a produção de resíduos quando possível e destinar aqueles que foram gerados ao longo das fases do ciclo de vida de forma ambientalmente correta (POLZER, 2017).

O gerenciamento integrado de RSU tem como atribuição considerar as necessidades de cada localidade, verificando a tecnologia disponível para a realização da coleta, transporte, tratamento dos resíduos e destinação final. O modelo a ser desenvolvido irá considerar, dentre outros aspectos, a quantidade e o tipo de resíduo produzido, as características socioeconômicas e culturais, o grau de urbanização, os padrões de consumo e hábitos daquela população (WORLD BANK, 2012).

A geração de resíduos é proporcional ao aumento da população e desproporcional à disponibilidade de soluções para o gerenciamento dos detritos, resultando em uma série de problemas na prestação de serviços, como a diminuição gradativa da qualidade do atendimento de coleta dos resíduos, a redução do percentual da malha urbana atendida pelo serviço de coleta e o seu abandono em locais inadequados. Seria necessário equacionar o desequilíbrio entre o incremento de resíduos e as escassas possibilidades de dispô-lo corretamente, sem prejudicar a saúde humana e sem causar riscos ao meio ambiente (DIAS, 2000).

Um dos princípios básico da gestão integrada dos resíduos é a prevenção na geração e consequentemente sua redução na fonte. Após gerado, o resíduo poderá ser reutilizado, porem se não for possível a reutilização o seguinte passo seria a reciclagem ou outra forma de recuperação dos recursos, seguida da incineração com geração de energia e por fim, esgotadas todas as possibilidades, a disposição final em aterros sanitários.

A não geração permite a preservação dos recursos naturais e a economia em todo o sistema, como: a redução das coletas, o prolongamento da vida útil dos aterros sanitários e a redução dos impactos ambientais causados ao longo de todo o ciclo de vida de um produto, da obtenção da matéria prima até a sua disposição final. Portanto, a não geração é a meta principal de qualquer gestão de RSU, que necessitará buscar mecanismos que evitem a

produção de mais resíduos. A prevenção dos resíduos sólidos é o principal desafio enfrentado por todos os outros países ao redor do mundo (POLZER, 2017).

Baptista e Braga (2002) relataram que existe uma diferença fundamental entre os termos “Lixo” e “Resíduo Sólido”; enquanto o primeiro não possui qualquer tipo de valor, sendo necessário o seu descarte, o segundo pode possuir valor econômico agregado, havendo possibilidade de se estimular o seu aproveitamento dentro de um processo produtivo apropriado. Essa visão do autor traduz a necessidade de incentivar a questão do reaproveitamento e reciclagem dos resíduos que chegam aos aterros e lixões, como importante ferramenta para a gestão ambiental dos centros urbanos

No cenário europeu, a Suécia, junto com a Noruega, Dinamarca, Holanda, Áustria, Alemanha e Suíça, formam um grupo de países que destinam menos de 1% dos resíduos para os aterros sanitários. A Suécia apresenta taxas altas de reciclagem, compostagem, e recuperação energética. Além disso, o gerenciamento integrado de resíduos sólidos está inserido em um programa nacional de desenvolvimento sustentável na qual torna as cidades suecas exemplos de pesquisa com resultados próximos ao 100% na destinação adequada dos resíduos (POLZER, 2017).