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No que concerne à gestão pública dos serviços de saneamento, existe uma responsabilidade hierárquica a ser seguida. Os recursos destinados aos serviços de saneamento são provenientes do Ministério das Cidades e mais especificamente da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). A missão do Ministério das Cidades é combater as desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e ao transporte.

Compete a esse Ministério a responsabilidade de tratar da política de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito. Através da Caixa Econômica Federal, operadora dos recursos, o Ministério trabalha de forma articulada e solidária com os estados e municípios, além dos movimentos sociais, organizações não governamentais, setores privados e demais segmentos da sociedade (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010a).

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental tem como missão assegurar à população os direitos fundamentais de acesso aos serviços de saneamento de forma a proporcionar um ambiente salubre. A sua meta é promover o avanço desses serviços de saneamento no menor prazo possível. Para tanto a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental adota dois eixos de atuação: planejamento e identificação de novas fontes de financiamento. No que tange à responsabilidade dos repasses de investimentos para os serviços de saneamento, fica sobe a responsabilidade do Ministério das Cidades os municípios com uma população superior a 50 mil habitantes. Os municípios de menor porte são atendidos pelo Ministério da Saúde por meio da FUNASA (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2010b).

Cabe ao governo estadual ou às companhias responsáveis pelos serviços de saneamento, o requerimento de recursos junto à União para aplicação nessa área. No caso de Natal, a companhia responsável é a CAERN. Portanto, os recursos para a realização de obras de esgotamento sanitário na cidade, podem ser solicitados pelo governo estadual ou diretamente pela CAERN.

O município de Natal atua nesses assuntos concernentes ao saneamento por meio da Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal (ARSBAN). Compete a este órgão a tarefa de regular as atividades de saneamento ambiental no município de Natal por meio de fiscalização, monitoramento e autuação. A ARSBAN atua também como uma espécie de ouvidoria, recebendo denúncias e reclamações por parte da população concernentes às atividades reguladas. Ainda no âmbito municipal existem o Conselho Municipal de Saneamento Básico (COMSAB), que participa ativamente da elaboração e execução da política municipal de saneamento e, as Associações dos Usuários dos Serviços de Saneamento Ambiental (ASSUSSAS), entidades não governamentais criadas a partir do interesse da população e apoiadas pela ARSBAN, as quais têm o intuito de buscar melhorias no saneamento e discutir melhorias na qualidade de vida das comunidades (ARSBAN, 2011).

A ARSBAN desenvolve, também, um Projeto de Educação Sanitária e Ambiental (PROGESA) nas escolas do município de Natal. Este projeto foi implantado em 2004 e visa desenvolver ações de formação de agentes multiplicadores em educação sanitária e ambiental, por meio da aprendizagem sobre o tema da gestão participativa da prestação de serviços de saneamento (ARSBAN, 2006).

O desenvolvimento de projetos, que visem esclarecer e educar a sociedade à cerca das questões sanitárias e ambientais, é muito importante para conservação ambiental e também para a melhoria da qualidade de vida.

Meio Ambiente é uma temática que tem despertado, nos últimos anos, muito interesse em diversos setores da sociedade, tais como: governos, empresas e sociedade civil. A questão é que esses interesses, em sua maioria, vêm acompanhados de segundas intenções, ou seja, a preocupação com o meio ambiente nada mais é do que a preocupação com os seus próprios interesses.

Os governos, na maioria das vezes, se não sempre, preocupam-se em cumprir metas pré-determinadas por organismos internacionais, para não perderem investimentos. As empresas, por sua vez, não agem de forma diferente, a preocupação é a mesma, cumprir metas de cunho ambiental para receberem incentivos fiscais dos governos. Falta à maior parte da sociedade civil uma consciência ambiental, e uma pequena parcela desta, que demonstra uma certa preocupação com o meio ambiente, normalmente o faz porque importa-se primeiro com sua qualidade de vida, que depende de um meio ambiente sadio.

Segundo Mendonça (2004) a importância que tem sido dada, atualmente, a temática do meio ambiente ocorre devido a inúmeros fatores, dentre os quais está o caos da qualidade de vida da população, ocasionado pela considerável degradação do meio ambiente, que compromete, por exemplo, a qualidade da água e do ar.

Certamente, o importante é que o meio seja bem cuidado, independente das questões que levam a sociedade a fazê-lo. Porém, é importante, também, que a sociedade como um todo, aprenda a cuidar do meio ambiente por respeito a sua essência.

A educação ambiental deve ser encarada também como um processo de educação política. Conforme Pelicioni (2004, p. 473):

a educação ambiental é fundamental na obtenção dos objetivos e metas estabelecidos para uma adequada gestão ambiental, em qualquer localidade. A eficiência da gestão de uma área urbana ou rural é determinada pelo grau de educação da população local.

É necessário que a sociedade tome consciência de que o êxito da gestão pública depende também da sua participação, pois a mesma é também um dos atores que determinam os usos do território. Como cita Rochefort (2008), quando o

habitante é esclarecido sobre os problemas que lhe atingem, ele pode tornar-se um grande aliado que ajudará a diminuir os custos, pois sua contribuição culminará em uma política melhor elaborada. Além disso, o ato de participar diretamente dessas questões da gestão pública, dá ao cidadão a impressão de estar integrado na sociedade.

Quando se trata de saneamento, por exemplo, é sabido que a população tem um grande desconhecimento do assunto. Entender qual a importância de serviços de infraestrutura, como o esgotamento sanitário, tema deste estudo, colabora também para o bom funcionamento do sistema.

O levantamento dos problemas de ordem sanitária ajuda no momento da elaboração de planos para solucioná-los. Os Planos Diretores das cidades, por exemplo, devem conter planos específicos para as áreas do saneamento, e para isso, é necessário que se elabore um levantamento das infraestruturas já existentes apresentando suas vulnerabilidades e as possíveis soluções para os problemas encontrados. Nesse momento pode ser configurado o planejamento participativo, onde a população é consultada e passa a influenciar na condução da gestão pública. É importante reiterar que os planejamentos por si só não resolverão as questões urbanas e ambientais se o espaço não for compreendido em sua totalidade. Conforme Almeida et al (1999):

O espaço físico é o reflexo não apenas dos processos naturais, como também das contradições da sociedade, na medida em que são os interesses sócio-econômicos os determinantes das formas de apropriação e exploração do espaço.

Os usos do território se manifestam exatamente por meio dessas diferentes formas de apropriação e exploração do mesmo. Esses usos são dimensionados, parcialmente, pela gestão do território. Atualmente, a gestão pública tem tomado o rumo da gestão participativa, onde a participação da sociedade possibilita uma interferência direta na gestão pública. Essa relação mais direta entre o Estado e a população resulta numa maior eficiência das ações governamentais. Para Rochefort (2008):

A administração dos negócios urbanos não repousa mais sobre uma simples aplicação de regras elaboradas no nível do poder central; não se

trata também de uma simples ‘direção de empresa’ efetuada por decisores independentes; trata-se de uma maneira original de gerenciar os recursos econômicos e sociais da cidade por um poder que não surgiu de uma simples estrutura autorizada, mas de uma relação social entre diversos grupos de atores públicos e privados. Ela é comumente designada pelo termo ‘governabilidade’.

A governabilidade se dá pela interação de diversos atores. A gestão pública do esgotamento sanitário, por exemplo, passa por questões de ordem política, onde devem ser respeitadas as hierarquias institucionais, como também por participação social, seja por meio de conselhos, associações ou de organizações não governamentais. No que concerne à gestão pública, principalmente de serviços de infraestruturas como o saneamento básico, a educação ambiental deve estar sempre presente.

3 NATAL E O SANITARISMO

Neste capítulo é feita uma breve apresentação do recorte espacial do trabalho, a cidade de Natal, expondo alguns dos seus aspectos sociais e naturais, pois é importante conhecer a história do recorte com o qual se está trabalhando. Por isso, nesta parte do trabalho, apresenta-se também um breve histórico de Natal, enfocando os seus primórdios.

Todo o capítulo 3 mostra a história de Natal no contexto sanitário, buscando como objetivo o resgate histórico do processo de povoamento e de crescimento urbano da cidade, fazendo um paralelo com as implementações das ações sanitárias nela ocorridas.

O período abordado estende-se da segunda metade do século XIX, quando surgem as primeiras leis de ordem higienista, até 1968, quando se dá o fim da atuação do Escritório Saturnino de Brito à frente dos serviços de saneamento de Natal e do Estado do Rio Grande do Norte.