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CAPÍTULO 3 QUALIDADE DO PROCESSO DE PROJETO DE ARQUITETURA DE

3.4 Gestão da Qualidade

O gerenciamento de projeto consiste na administração de todas as responsabilidades (prazos, objetivos estabelecidos) e requer planejamento, organização e controle mantidos ao longo do processo de projeto.

Exercer o gerenciamento não é sinônimo de coordenar; aquele possui caráter de planejamento e controle e está ligado aos aspectos da operação cotidiana para atingir os resultados com os quais a coordenação se ocupa. Exige a utilização de ferramentas, instrumentos como cronogramas, registro de decisões, convocações de reuniões (SILVA & SOUZA, 2003).

Para PMI (2004) gerenciamento de projetos é “[...] a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades do projeto a fim de atender os requisitos do projeto”.

Segundo a terminologia adotada pela NBR ISO 9000 (ABNT, 2008), a Gestão da Qualidade compreende “[...] as atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à qualidade”.

A gestão da qualidade do projeto deve ser direcionada tanto para os processos de gerenciamento do projeto quanto para o produto ou o serviço final (POUBEL, 2007). O projeto, dentro de uma abordagem da qualidade aplicada às empresas de Arquitetura, detém o potencial de estabelecer meios adequados para satisfazer às necessidades dos clientes internos e externos pela concepção de um produto que, por todas as suas características de projeto, possa ser julgado satisfatório pelo contratante e pelo usuário final.

Inclui todas as atividades da função gerencial que determinam a política da qualidade, os objetivos e as responsabilidades, e os implementa por meio do sistema da qualidade. Seu objetivo é melhorar os sistemas e os processos para alcançar melhoria contínua (NBR ISO 9000, 2008).

Franco (1996) esclarece que a gestão da qualidade, com a implantação de sistemas da qualidade, implica radical mudança na organização da empresa e leva ao aumento do nível organizacional, resultando na diminuição de esforços, desperdícios, retrabalhos e, conseqüentemente, de custos e prazos de execução. Tzortzopoulos (1999) conceitua o Sistemas de Gestão da Qualidade - SGQ do processo de projeto como “[...] o conjunto de ações gerenciais de características comuns que definem uma mesma estrutura para gerir o processo de projeto na empresa, necessárias e suficientes ao seu adequado desenvolvimento”.

Em geral, as maiores motivações para a implementação do SGQ se referem à melhoria na organização interna da empresa e ao aumento da eficiência produtiva, para acompanhar a tendência do mercado e obter a diferenciação devido à notoriedade advinda da certificação.

A formalização e a padronização dos procedimentos de execução, monitoração e avaliação dos métodos de gestão e de certificação da qualidade têm como “eixo” a padronização, o controle e a melhoria dos processos. As empresas buscam, com isso, ampliar o domínio técnico e a previsibilidade sobre os insumos utilizados e os processos de trabalho, objetivando aumentar o controle da qualidade de produtos e serviços gerados e facilitar a introdução consistente de novas técnicas e tecnologias de produção em direção à melhoria contínua (MELHADO, 2001).

Amorim (1997) considera que, devido à atual concorrência do mercado, a implementação de SGQ ocorre cada vez mais como alternativa concreta para "[...] atender a essa demanda por mais eficiência, satisfazendo as necessidades de projetos mais precisos e obras mais adequadas às condições dos clientes, com custo e prazos projetuais menores”.

Silva & Souza (2003) afirmam que o SGQ no projeto pressupõe as seguintes premissas básicas:

• atingir parâmetros, diretrizes e requisitos, todos os intervenientes, a partir das necessidades de clientes internos e externos;

• basear-se no fato de que os operadores do processo (projetistas, consultores e construtores) dominam o conhecimento técnico necessário para implantar os mecanismos de desenvolvimento do projeto que possibilitam atender aos requisitos dos clientes;

• formalizar procedimentos para assegurar que as responsabilidades pelo processo estejam perfeitamente definidas;

• garantir a qualidade de modo que cada agente interveniente, com base nos procedimentos estabelecidos, assegure a qualidade dos seus processos;

• aplicar mecanismos de controle da qualidade a aspectos gerais, eliminando a verificação detalhada dos produtos gerados por todo agente;

• identificar claramente as relações de interface entre os vários processos - a gestão dessas interfaces é parte integrante do sistema;

• gerir a comunicação entre os vários agentes;

Assim, a qualidade que o projeto determina é, antes de tudo, relacionada ao desempenho do produto perante as necessidades dos clientes que o utilizam e dos clientes internos do processo de desenvolvimento do produto.

Na Figura 6 observa-se o papel significativo do cliente e a obtenção de suas necessidades como entrada no sistema de qualificação baseado no processo. A monitoração da satisfação desse cliente requer a avaliação da satisfação de sua necessidade, ou seja, se a empresa de Arquitetura atingiu seus requisitos iniciais.

Figura 6 - Modelo de Sistema de Qualificação Baseado em Processos (SIQ, 2003)

Entre os oito princípios da gestão da qualidade consolidados em sua última fase de evolução, a chamada “qualidade total”, incorporados ao texto original da versão para

o ano 2000 da série ISO 90008, encontra-se a melhoria contínua, na qual, para empresas de projeto de Arquitetura, uma das ferramentas é a coleta de dados para a retroalimentação.

No Programa Setorial da Qualidade9- PSQ, “[...] as deficiências de gestão da qualidade nas empresas de projeto concentram-se na gestão dos recursos humanos, no tratamento das relações com o Contratante, na documentação em

geral e na comunicação interna e externa, dada a informalidade pela qual se processam”.

Este Estudo está concentrado na gestão da qualidade do processo de produção do projeto de Arquitetura, com recorte na melhoria contínua baseada na coleta de informações durante o empreendimento como um todo, da concepção à construção, tendo em vista a formação de um banco de dados da empresa de Arquitetura como forma de aprendizado com os próprios erros de projeto e de processo, para que não se repitam em futuros trabalhos.

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