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2 POLÍTICAS PÚBLICAS E DIMENSÃO ORGANIZACIONAL DO

2.2 Dimensão organizacional do turismo

2.2.2 Gestão regional integrada

A gestão e o planejamento são complementares, inter-relacionados e dependentes no sentido da eficácia de ambos. A gestão de cada processo de planejamento precisa ser eficiente o suficiente para perseguir os objetivos propostos, e intrinsecamente flexíveis para acompanhar as mudanças dos ambientes internos e externos. (ANJOS et al., 2013).

O planejamento pressupõe um aproveitamento mais produtivo dos recursos potenciais, evitando que a falta de um plano prévio conduza um aproveitamento deficiente das possibilidades das regiões vocacionadas para o processo de ocupação turística. (NASCIMENTO, 2012). Por mais que um município oferte excelentes atrativos, sozinho não conseguirá manter a atenção do turista por muito tempo, dependerá da região para fortalecer seu destino. Com isso, a regionalização poderá incrementar o poder de atração da região e concomitantemente todos ganharão.

Desta forma, a especificidade do processo produtivo da atividade turística, na qual a colaboração e as relações se convertem em um aspecto mais que fundamental, ter a capacidade de atender às reais relações colaborativas, produzidas entre os atores públicos e privados que operam no território, é o elemento chave para compreender o papel que a gestão ativa do turismo, tem em seu desenvolvimento e no território concreto em que se produz. (MERINERO-RODRÍGUEZ, 2011).

Boisier (1996) menciona duas sugestões de novas tarefas para qualquer governo regional. A primeira delas, de natureza eminentemente política, consiste na liderança regional; a segunda, mais sociológica, consiste na animação regional. E acrescenta:

A gestão regional se traduz em processos sistemáticos e permanentes de negociação para cima (principalmente com o governo nacional e secundariamente com os outros agentes externos), para os lados, ou seja, com

o conjunto de agentes e atores propriamente regionais, e para baixo, com os municípios e outros atores da base social. A animação regional se desdobra em duas funções igualmente sistemáticas e permanentes: uma função de agente catalisador, capaz de fazer surgir sinergia a partir do encontro permanente dos agentes individuais, e uma função informacional, capaz de coletar, processar e reestruturar o enorme fluxo de informação entrópica, que circula em torno dos agentes de desenvolvimento de uma região. Tais agentes, apenas com recursos próprios, dificilmente poderiam processar tais fluxos. (BOISIER, 1996, p.132).

A animação como função catalisadora do governo regional adquire mais importância à medida que é reconhecida a importância da sinergia como fundamento do desenvolvimento regional endógeno e, sobretudo, como base na capacidade local e regional de inovação: peça- chave do desenvolvimento contemporâneo. (BOISIER, 1996).

Van der Zee e Vanneste (2015) expõem uma questão importante da persistente lacuna entre vários stakeholder do turismo, a qual já era percebido nos meados dos anos 1970, quando Gunn (1977) relatou o aumentou da falta de consciência da colaboração público- privada no planejamento do turismo, o que considerava como um impedimento para o desenvolvimento do turismo sustentável. Neste contexto, o relacionamento e a colaboração entre os stakeholders, vêm-se tornando importantes para pesquisa de campo no turismo.

Segundo Mendonça (2012), individualmente, os agentes empreendem suas próprias iniciativas sem consultar, compartilhar ou até cooperar entre si. A real ausência de efetivas ligações intersetoriais, a qual resulta na falta de coesão interorganizacional e intraorganizacional, desequilibrando a integração entre os agentes. A gestão do turismo acontece em dois níveis: o privado, empresarial; e o institucional, que reúne as empresas, o governo e as entidades do terceiro setor. Assim, sendo o turismo uma atividade interdependente, a sua organização e promoção é altamente especializada, interdisciplinar e excessivamente onerosa para que os agentes alcancem êxitos de maneira isolada. (BARBOSA, 2012).

A dimensão social de uma política pública de turismo deve ter como eixo uma melhoria na qualidade do ambiente urbano, na qualidade de vida da comunidade envolvida, na ampliação da variedade de oportunidades culturais, que são condições indispensáveis para atrair e desenvolver novas oportunidades de geração de renda e trabalho. Assim, a tendência é de que as cidades e regiões se estruturem por meio de redes de solidariedade para negociar com as empresas internacionalizadas, buscando o bem-estar comum, com o qual se enfatiza a necessidade de estabelecer uma relação dinâmica entre o local e o global. (MOESCH, 2012 p.204).

É importante ressaltar que a participação, a integração e as parcerias são essenciais no processo de gestão. Desta forma, Barbosa (2012) expõe que, para o governo, a descentralização do processo decisório é uma questão básica para efetivação das políticas públicas e sociais, relacionadas às políticas de parcerias entre o Estado e a sociedade. Além

disso, está representada por ações de estímulo à ampliação das possibilidades de organização da sociedade, criação e fortalecimento de espaços de participação, desconcentração das responsabilidades, de conquista e exercício de autonomia, assim como de repartição do poder decisório entre as instâncias municipais, regionais, estaduais e nacionais.

A cooperação não é assimilada facilmente, normalmente decorre de um processo de crises. Para que se alcance a efetividade dos arranjos produtivos, é preciso fazer com que as entidades e as empresas superem as rivalidades entre si. Há situações que possibilitam a criação de estratégias de cooperação, como os projetos integrados de desenvolvimento do turismo regional. (TOMAZZONI, 2012).

Para Mendonça (2012) o entendimento limitado da estrutura organizacional do sistema turístico e dos seus impactos gerados enfraquece cada vez mais o quadro institucional brasileiro da atividade diante do mercado internacional. Nesse sentido, para gestão empreendedora do turismo regional, é fundamental que se definam estratégias e ações pontuais e prioritárias, que estimulem a união e a cooperação, com base em objetivos comuns. Com a integração não se pressupõem que as organizações locais e as administrações municipais renunciem a seus projetos e a suas ações individuais. (TOMAZZONI, 2012).

Conforme exposto, poder-se-ia dizer que as variáveis tais como: os ativos da organização, programa de marketing, qualidade da experiência do visitante, qualificação da mão-de-obra, investimento e financiamento, gestão dos visitantes, divisão dos recursos, gestão de crises, troca de informações, tecnologias da comunicação, pesquisa e monitoramento do destino, devem ser levadas em conta durante o processo de gestão do destino. (BRÁS et al, 2010).

O entendimento profundo do complexo processo de planejamento do turismo, os efeitos dos diferentes poderes e estruturas de interesse que operam ao longo do tempo e do espaço são críticos para o desenvolvimento do capital social e intelectual do destino. Neste contexto, há uma necessidade de desenvolver ferramentas e métodos que melhorem o entendimento da complexa relação governo-mercado e sociedade civil, a natureza política do planejamento e formulação de políticas e as desigualdades existentes dentro de tais práticas. O entendimento e a gestão destas dimensões podem empoderar os gestores de turismo como regentes ativos e empreendedores. (DREDGE, 2006 b).

Depreende-se, que o marco ideológico de referência para a gestão turística se expressa por meio de uma política para o desenvolvimento de um turismo harmônico, competitivo,

sustentado e sustentável, devendo ser produto de participação ativa da maioria dos atores envolvidos no cenário da localidade. (MOESCH, 2012).