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Resíduos de construção civil representam, nas cidades brasileiras, uma grande fração dos resíduos sólidos municipais, podendo representar problemas urbanos, pois são difíceis de serem reciclados, apresentam diversos tipos de contaminantes, e devido à grande heterogeneidade dos materiais, geram instabilidades geotécnicas nas áreas de descarte (BROOKS, ADAMS; DEMSETZ, 1994).

De acordo com NBR 15116 (ABNT, 2004c, p.2) são definidos como:

resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solo, rocha, madeira, forros,

28 argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

A Resolução CONAMA no 307 (BRASIL, 2002, p. 1) define aterro de resíduos

de construção civil como:

a área onde serão empregadas técnicas de destinação de resíduos da construção civil Classe “A” no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.

Essa mesma resolução classifica os resíduos de construção civil da seguinte forma, (BRASIL, 2002, p. 3):

I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos

(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fio e etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

A Lei 12.305 (BRASIL, 2010, p. 2) institui a política nacional de resíduos sólidos e define área contaminada como local onde há contaminação por disposição, regular ou irregular, de quaisquer substâncias ou resíduos. Essa lei define resíduo sólido como:

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como

29 gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Nessa lei, os resíduos sólidos são classificados da seguinte forma (BRASIL, 2010, p.16-17):

I - Quanto à origem:

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências urbanas;

b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;

d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;

f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;

g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira; k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

II - Quanto à periculosidade:

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;

30 Essa lei, também discorre sobre a forma de destinação ou disposição final desses resíduos, sendo proibido:

lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos; lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade; outras formas vedadas pelo poder público.

A NBR 10.004 da ABNT (2004b) classifica os resíduos em perigosos (classe I) e não perigosos (classe II). Os resíduos sólidos considerados perigosos, são aqueles que, devido às suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podem apresentar riscos à saúde pública, riscos ao meio ambiente (quando gerenciado de forma inadequada). Apresentam uma ou mais das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade. Os resíduos classe II – não perigosos, são subdividos em duas classes: resíduos classe II A – Não inertes, e resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe II A (não inertes) podem ter as seguintes propriedades: biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em águam e são definidos da seguinte forma (ABNT, 2004b, p.5):

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Observa-se que existe uma grande quantidade de materiais encontrados em aterros de resíduos de construção civil que não estão em conformidade com a legislação. De acordo com a Resolução CONAMA no 307 (BRASIL, 2002), são permitidos nesses aterros apenas resíduos classe A, de construção civil, não perigosos (classe I), e inertes. Mas na prática, grande parte desses depósitos se encontra de forma irregular perante a legislação, sendo depositados resíduos perigosos, resíduos sólidos não inertes, materiais orgânicos entre outros. Portanto, o potencial contaminante desses depósitos, é muitas vezes desconhecido.

Portanto, não deveria ocorrer a deposição de materiais como plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros (classe B); restos de gesso (classe C); ou mesmo resíduos perigosos, como restos de tintas e outros (classe D). Por isso, conclui-se

31 que uma grande quantidade de aterros de construção civil no Brasil, encontra-se irregular, no que diz respeito à composição dos materiais.

Para a implantação de aterros de resíduos de construção civil em uma área, a norma NBR 15113 (ABNT, 2004b) afirma que os seguintes parâmetros físicos devem ser observados: geologia e tipos de solos existentes; hidrologia; passivo ambiental; vegetação; vias de acesso; área e volume disponíveis e vida útil; distância de núcleos populacionais. Esta mesma norma, afirma também que os aterros devem possuir as seguintes infraestruturas: acessos internos e externos protegidos; cercamento no perímetro da área em operação, impedindo o acesso de pessoas não ligadas à operação e animais; portão na entrada, estabelecendo um controle de acesso ao local; sinalizações que indiquem o empreendimento; anteparo para a proteção dos aspectos relativos vizinhança; iluminação interna; e proteção das águas subterrâneas.

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