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1.3. Os Resíduos Sólidos Urbanos e a sua gestão

1.3.2. Gestão de Resíduos Sólidos

Com o rápido crescimento da população, tem havido um aumento significativo na formação de resíduos sólidos para a contaminação do ar, da terra e das águas. As actividades humanas geram cada vez mais resíduos e é precisamente a forma como esses resíduos são manuseados, guardados e eliminados que representam riscos para o ambiente assim como para a saúde pública.

Gestão de resíduos entende-se como a recolha, transporte, tratamento, reciclagem ou eliminação e acompanhamento dos materiais de desperdício (wikipédia).

A gestão de Resíduos adequada apresenta-se como a forma de garantir que não resultam problemas ambientais da produção de resíduos. As regras e princípios gerais a que deve obedecer esta gestão estão previstas na legislação nacional, através do Decreto-Lei nº 239/97 de 9 de Setembro. O mesmo articulado legal indica que a gestão de resíduos:

...visa preferencialmente, a prevenção ou redução da produção ou nocividade dos resíduos, nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos produtivos, por via da adopção de tecnologias mais limpas, bem como da sensibilização dos agentes económicos e dos consumidores. (Decreto- Lei nº 239/97 de 9 de Setembro).

1.3.2.1. Métodos de gestão de RSU

A eliminação dos resíduos no mundo torna-se um problema que cresce com o desenvolvimento dos países industrializados aliado ao crescimento da população. Desde sempre as pessoas sentem necessidade de se desfazer do seu lixo arranjando soluções.

Hoje existem vários métodos de gestão dos resíduos sólidos:

- Aterros Sanitários – são vistos como uma maneira prática e barata. É, então, a forma mais utilizada para tratamentos de resíduos. Utilizam grande área de terra, onde o lixo é depositado.

- Compostagem – é um tratamento aeróbico, através do qual a matéria orgânica se decompõe em adubo ou composto.

- Biogasificação – é um tratamento por decomposição anaeróbica que gera biogás.

- Reciclagem – a reciclagem é o processo de reaproveitamento de material orgânico e inorgânico do lixo. Em relação ao ambiente, é considerado o melhor método de tratamento de lixo, uma vez que reduz a quantidade de lixo enviado a aterros sanitários e a necessidade de extracção de mais matéria-prima directamente da natureza (http://sram.azores-gov.pt/pegra).

A quantidade de resíduos sólidos, a nível local, depende das características da população que o habita bem como das estratégias de gestão implementadas. Estes factores (produção e gestão) vão seguramente condicionar a população que, no futuro, vier a ocupar esse espaço. Assim, é desejável uma sensibilização crescente da população para a política dos 3Rs( reduzir o consumo, reutilizar os bens, reciclar o que não é possível reutilizar), nomeadamente para a separação dos resíduos domésticos, a implementação da recolha selectiva (porta-a-porta ou em ecopontos) ou a criação de aterros sanitários controlados, evitando de todo ou minimizando muito a libertação de entulhos e, consequentemente, melhorando a protecção de matas e ribeiras que, embora não sendo o melhor destino dos resíduos, continuam a ser utilizados para esses fins (Silva et al., 2007, p.153).

1.3.2.2. Exemplos dos Açores

A gestão de resíduos sólidos urbanos e a gestão de embalagens e resíduos de embalagens é hoje uma das grandes questões da política ambiental nas regiões ultraperiféricas (RUP) como por exemplo nos Açores, cujo estatuto de ultraperiferia está homologado no Artigo nº 299 do Tratado que institui a Comunidade Europeia, motivada pelas crescentes preocupações em proteger a qualidade do ambiente e em cumprir as directrizes da União Europeia. O Arquipélago dos Açores debate-se ainda com algumas necessidades básicas que têm condicionado os investimentos na gestão de resíduos a nível por exemplo das acessibilidades, de saneamento básico. Tudo isto está relacionado com a distância ao território continental, com as dificuldades em fixar recursos humanos especializados, com os sobrecustos de importação de tecnologias e equipamentos etc.

As dificuldades aumentam devido à insularidade e à necessidade de existirem soluções individuais para cada ilha (AREAM, 2001).

“As ilhas reúnem um conjunto de condições que as tornam ambientalmente frágeis. As Nações Unidas reconhecem-nas como sistemas a que se deve dedicar especial atenção, apontando a gestão dos resíduos sólidos como uma das áreas prioritárias de acção”.

Tal como já foi dito atrás, as ilhas dos Açores defrontam-se com alguns problemas tanto do ponto de vista económico como do ponto de vista ambiental.

A sua pequena dimensão, o limitado leque de recursos naturais, a sua posição geográfica (que faz com que os custos de transporte sejam elevados), são alguns desses problemas.

Perante os factos aparece um outro grande problema: como conduzir correctamente os resíduos produzidos? Resta uma solução: depositá-los em aterros ou então em lixeiras a céu aberto contaminando os terrenos e poluindo o ambiente. Não se desenvolveram ainda infra- estruturas para a gestão dos resíduos devido à pequena dimensão das ilhas. O transporte dos resíduos para o continente representa também um custo elevado.

Um método conhecido de gestão dos resíduos é a reciclagem. Nos Açores, e especialmente na ilha do Pico, é ainda pouco praticado pois implica despesa e, além disso, existe pouca quantidade de materiais recolhidos.

Uma das formas de ultrapassar este problema seria alargar as redes de recolha de materiais e implementar programas de educação dos consumidores no sentido de os sensibilizar. Se não cooperarem na separação dos resíduos os programas de reciclagem não serão economicamente praticáveis.

Devido às especificidades do tratamento de resíduos em ilhas, a Comissão Europeia publicou um código de práticas para a gestão dos resíduos sólidos (AREAM, 2001). Divulgou três estratégias possíveis para enfrentar os problemas causados pelo impacto dos resíduos em locais com área limitada:

1. Estratégia “sozinho” – Single strategy – para ilhas de grande dimensão ou ilhas isoladas e a grande distância do continente e de outras ilhas. A ilha procede à gestão de todos ou parte dos resíduos no seu território. Esta estratégia aplica-se a ilhas onde a quantidade de resíduos produzida é suficiente para tornar o tratamento economicamente viável.

2. Estratégia “em conjunto” – Tandem strategy – para ilhas pequenas situadas perto do continente. A ilha envia os resíduos para o continente.

3. Estratégia “em simultâneo” – Joint strategy – para arquipélagos. Neste caso, as

ambientalmente favorável, uma vez que separadamente tal poderia não ser viável.

Todas estas estratégias são válidas, e não é possível identificar a melhor estratégia para cada arquipélago, uma vez que as situações variam de ilha para ilha (AREAM, 2001). Os Açores utilizam uma estratégia mista, enviando parte dos materiais (recicláveis) para o continente para valorização e tratando o restante no seu território.

No âmbito do Plano Estratégico de Gestão de Resíduos dos Açores (PEGRA) entende- se que a gestão de resíduos deve consolidar o desenvolvimento de procedimentos e sistemas que, com elevado grau de eficiência e numa relação custo-benefício optimizada, cumpram a missão estratégica da política de resíduos (PEGRA, 2007).

Capítulo 2

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