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a) Discussão dos fundamentos da Gestão Social, seus elementos constitutivos , sua intrínseca relação com as políticas públicas no atendimento efetivo aos direitos sociais fundamentais através da prestação profissional dos serviços sociais,nos diversos e diferentes espaços sócio-ocupacionais - locus do trabalho do Assistente Social;

b) Fases e Etapas de elaboração de projetos sociais:

1) Justificativa - análise da situação (contexto), apresentação da proposta, identificação da organização de trabalho, missão e do público-alvo;

2) Delimitação dos Objetivos (geral e específicos), metas e prazos e dos princípios norteadores do trabalho; 3) Delimitação das estratégias, procedimentos e atividades de intervenção, distribuição de tarefas, formação da equipe responsável, elaboração do Cronograma;

4) O processo de formação de Parcerias, Lideranças do projeto, delimitação de funções, responsabilidades, competências incluindo a população envolvida e os parceiros institucionais;

5) O processo de Negociação do projeto –relações de poder existentes entre as fontes e tipos de conflitos (institucionais, organizacionais, políticos);

6) Sistemas de monitoramento, supervisão, controle e avaliação continuada buscando qualificar e quantificar os procedimentos realizados, como foram efetivados, como está ocorrendo a participação da população no projeto, quais os ajustes realizados para o alcance dos objetivos do projeto;

7) O processo de Captação de Recursos - fontes e formas de financiamento: apoio, patrocínio, parceria, convênio, subsídio, e outras modalidades de investimento;

8) A elaboração do plano de Comunicação e Marketing Social e Institucional do projeto;

9) O processo de Avaliação final como revisão dos resultados obtidos(resultados esperados e alcançados) buscando mensurar os impactos causados pelo projeto de acordo com as diretrizes estabelecidas nos objetivos.

Professoras e alunas que foram entrevistadas reconhecem a importância dessas disciplinas para a formação do Assistente Social, que estes tende a atuar como gestor, porém enfatizam algumas críticas:

A academia que forma Assistentes Sociais, as universidades que tem o curso de Serviço Social, ainda não assimilaram a importância do assistente social como gestor, a meu ver! Passa por uma questão de perspectiva política do curso e, portanto, é um modo de ver a profissão... mesmo aqui na PUC, tendo essa disciplina, os cursos incentivam muito mais a formação do assistente social como um agente transformador... tentam encaminhar em muitos momentos para uma militância política... na superação das desigualdades sociais, etc., enfim.. tudo isso que a gente conhece... O assistente social precisa saber onde ele está pisando, não é? (Entrevista P – grifos meus)

Eu acredito que [a disciplina] é muito relevante... porque a assistente social não tem só como principal campo de trabalho o CRAS e alguns lugares da esfera pública ou privada [...] Por ser aluna de Serviço Social, muitas pessoas, assim nessas questões da crítica ao capital, acabam por confundir um pouco[...][como se] você está um pouco a favor desse sistema. Mas, é independente do posto que você ocupa é importante que você tenha competência. É um movimento estrutural isso (Entrevista AG – grifos meus)

Se for para fazer uma reflexão do mercado de trabalho sobre o espaço a ser conquistado, eu acho que se for questionar o Serviço Social, que é uma profissão de intervenção, não ficar perto dessa realidade [da gestão] [...] ter a qualificação, se apropriar desses instrumentos [...] é dar murro na parede![...] falar de Gestão Social é falar do Estado, porque não existe política pública sem gestão! (Entrevista AG – grifos meus)

Na visão docente e discente, expressadas nas falas, a importância de disciplinas como essas reflete nas necessidades do próprio mercado de trabalho de um perfil diferenciado do Assistente Social, que, mesmo atuando no seu campo original do Estado e das políticas públicas, necessita de conhecimentos sobre gestão. Todas as entrevistadas reconhecem ainda que existem preconceitos a ser vencidos com relação ao tema e que isso dificulta os processos de formação. Indicam que adquirir competências gerenciais é um processo irreversível para o Assistente Social que deve cada vez mais atentar e aderir a essa realidade. Tendo em vista que esses são fatos realistas nos dois extremos que tocam – entre a necessidade da gestão e a gestão enquanto forma de manutenção do sistema capitalista –, acredita-se que os enfoques

dados nas disciplinas devam ser mais abrangentes para que não se corram riscos de reducionismos instrumentais ou de uma perspectiva “managerialista”, conforme apontadas por Gualejac (2007) e Tragtenberg (2005).

Tratando agora sobre alguns elementos da oferta formativa na pós-graduação (mestrado e doutorado), destaca-se que esse Programa é o único do país a ofertar regularmente disciplinas de Gestão Social, conforme pesquisa realizada pelos sites dos 27 (vinte sete) programas da grande área de Serviço Social, avaliados pela Capes (2011). Tal oferta é reconhecida como importante entre professora e alunas entrevistadas desse Programa, conforme sinalizado

Eu busquei a [disciplina] gestão social para entender essas ferramentas [...] entendendo a importância delas [...] eu acredito que seja um inovação sim, porque o Serviço Social, ele vem sendo fadado à execução. Não que executar não seja necessário. É necessário, mas também é importante que nós estejamos na gestão, de projetos, programas [...] Eu acho que outros profissionais também podem fazer gestão em projetos sociais, mas é um campo que a gente [Assistentes Sociais] também temos que ocupar (Entrevista APG – grifos meus).

Inicialmente, a oferta da disciplina foi estruturada no início da década de 1990, conforme contextualiza uma das professoras:

[...] a grande mentora dessa disciplina foi a professora Maria do Carmo Brant Carvalho, a Carminha. E também tem uma conexão com o IEE56, porque no final dos anos 90, fizemos uma

discussão aqui com outros professores de outros programas e de outras universidades também [...] em torno dessa questão de discutir o que era a gestão social, que é exatamente aquele livro57 que temos . Então, a gente veio um tempo discutindo a importância de como que estavam se processando as políticas públicas, basicamente, mas também no âmbito do terceiro setor. (Entrevista P)

Conforme relato, inicialmente era ofertada Gestão Social – fundamentos e

protagonistas, com o foco na discussão conceitual e no ciclo da gestão das políticas

públicas. Daí começou a surgir a demanda pela questão da avaliação, que gerou algumas atividades programadas. Aproximadamente, desde 2008, a oferta da disciplina ocorre com conteúdos alternados. Num semestre se oferta a disciplina citada e noutro,

Gestão Social: Avaliação e Indicadores de Políticas e Projetos Sociais. Compreende-se,

56 O IEE (Instituto de Estudos Especiais0 é a atual CEDEPE (Coordenadoria de Estudos e

Desenvolvimento de Projetos de Pesquisas e Projetos Especiais), da PUC-SP.

57 Referência ao livro Gestão Social: uma questão em debate, organizado em 1999 pelas professoras

portanto, que necessidade de instrumentalização também é matéria de interesse na pós-graduação, certamente, dentro de outros níveis de complexidade, conforme relata a docente:

É interessante que nós fizemos a avaliação do curso, que foi exatamente esse de Gestão Social II e os alunos pediram mais um desdobramento para a discussão de indicadores, uma coisa mais, talvez mais como oficinas para aprender mesmo a construir indicadores para os programas, o que é uma coisa bem difícil.(Entrevista P)

Ao observar a ementa da primeira proposta disciplinar, percebem-se enfoques peculiares e distintos sobre a gestão social “entendida como dimensão fundamental na operacionalização das políticas públicas, no controle social e na participação”, abordando as questões a partir de “eixos macrosociais e políticos, destacando modelos e dilemas da gestão social pública, contextualizando e problematizando os desenhos das políticas sociais nas óticas do direito, da equidade, da descentralização e da governabilidade social” (WANDERLEY, 2010, p.1). Trata-se de uma perspectiva voltada para a ampliação da esfera pública que prevalece também mesmo na segunda disciplina, de objetivo mais instrumental, na medida em que “propõe a discussão, conceitual e metodológica, do significado da avaliação e da adoção de indicadores sociais em políticas sociais e projetos sociais” (WANDERLEY, 2011, p. 1). Outro fator distintivo é relativo ao referencial bibliográfico utilizado, que parece ser muito próprio do campo das políticas públicas e do Serviço Social, diferenciando-se daqueles utilizados nas Escolas de Administração. P

Pelo Quadro 9, percebe-se que a primeira disciplina aborda aspectos mais teórico-conceituais da gestão social; e na segunda, trata-se especificamente de instrumentais específicos sobre avaliação, havendo uma profunda variação entre os dois cursos. Mesmo entendendo a legitimidade dos conteúdos de ambas, inclusive as demandas dos alunos no que se refere à segunda disciplina, deve-se atentar que não necessariamente o aluno que cursa esta, terá cursado a primeira. Isso implica numa visão apenas parcial da gestão social, direcionando para uma visão completamente instrumental. Na verdade, o conteúdo dessa segunda disciplina é de um curso de avaliação de projetos, programas e políticas sociais, que pode ser ministrado com outras rubricas além de gestão social. Destaca-se que existem inclusive cursos de pós-

graduação latu sensu que tratam apenas do tema da avaliação, por considerar esta uma das principais competências necessárias ao gestor social, mas não a única58.

Quadro 9 – Conteúdo programático das disciplinas de gestão social na Pós-graduação em Serviço Social (PUC-SP)

G es o S o ci al : F u n d am en to s e P ro ta g o n is ta

s MÓDULO 1. Estado, Sociedade Civil e espaços públicos: crise reforma do Estado e I-CONSTRUINDO O CENÁRIO PARA INTRODUÇÃO DA GESTÃO SOCIAL governabilidade

2. Sujeitos presentes na ação pública